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uma história sobre ferrets

primeiro eu vou copiar e colar o que o fer escreveu pra rosa sobre o assunto, com alguns links bem úteis:

O melhor lugar para informações sobre ferrets é o www.ilovemyferret.com.br Se eu pudesse dar 3 conselhos antes de você comprar, os conselhos seriam:

1. Compre dois. Um só fica sozinho demais, eles têm um ritmo todo próprio que não podemos suprir;

2. Não os deixe em gaiola. Eles merecem pelo menos um cômodo só deles;

3. Leia isso e isso (Item “Quer adotar?”, no menu à esquerda)

Beijo e boa sorte!

**

agora vou complementar e aproveitar pra responder também à roberta sobre o assunto.

concordo com os conselhos e sites do fer, mas quero também dar um depoimento sobre o que é ter ferrets, pois é BEM diferente de ter cachorros (sempre tive, a vida toda, em casa) e imagino que seja bem diferente também de ter gatos (que nunca tive mas sempre convivi indiretamente com eles).

pra começar, ferrets são animais extremamente frágeis. eles têm metabolismo rápido e portanto adoecem (e se recuperam, pelo lado bom) num ritmo que a gente não acredita. um ferret que fica um dia sem comer ou beber água ou com diarréia forte pode morrer. é muito mais frágil que uma criança, mesmo um bebê muito pequeno, portanto você tem que se acostumar a prestar muita atenção a todos os sinais básicos do animal: comportamento, olhos, nariz, xixi e cocô, pelagem, apetite. qualquer mudança pode significar um problema (geralmente significa).

meu primeiro ferret foi o pixel, eu peguei ele bebezinho em maio de 2000, cabia na minha mão. o pixel foi a criatura que mais amei nessa vida, e mesmo depois dele ter ido embora, no primeiro dia da primavera do ano passado, eu sinto que sempre estará aqui comigo. ele me ensinou muita coisa sobre mim mesma, mas isso tudo eu já disse aqui. me ensinou muito também sobre o cuidado com ferrets e suas conseqüências: ele morreu de úlcera perfurada, sem a menor necessidade. nós o levamos ao veterinário por semanas, e ele não soube diagnosticar que o animal tinha gastrite, uma doença muito simples de curar. quando finalmente o levamos à única clínica veterinária de são paulo (talvez do brasil) que é especializada em ferrets, a pet place, ele chegou lá já sem esperança e só pudemos deixá-lo ir embora em paz.

o pastel chegou 2 meses depois do pixel, e já chegou com pneumonia, bebezinho. eu não tinha muita noção na época do quanto era preciso estar atenta a pequenos sinais, acho que podia ter feito mais por ele. o fato é que, a despeito de todo cuidado que eu tive (incluindo aí passar 4 noites em claro dando comida e água a cada 2 horas) ele morreu com um ano e meio e eu não sei direito até hoje do que foi. dizem que foi pneumonia mesmo, mas tenho minhas dúvidas hoje em dia: acho que ele tinha aquela doença de coração que dá em cachorros e que o tórax fica cheio de água.

quando o pastel morreu, decidi que não queria pegar nenhum ferret bebê, eu queria adotar algum animal já adulto que alguém não quisesse, algo como salvar o bichinho de uma vida sem amor. adotei a didi, que era ferret de estimação de um pet shop e só tinha vivido em gaiola por 1 ano e meio, no meio da loja. foi a melhor coisa que aconteceu na vida do pixel e na minha também. ela é incrivelmente inteligente e independente, está com quase 6 aninhos e muito bem. nunca tive trabalho com ela, parece de ferro!

casei com o fer em 2003, e ele se apaixonou pelos pequenos monstros. resolvemos adotar mais um e em 2004 adotamos o groo, nosso monstro criado com gatos (ele se comporta como um) cujo dono achava que ele era uma menina (é menino) e tinha 2 anos (tinha 4). ele tem mais de 6 anos atualmente e está uma baleia preguiçosa (como a dona). continua com um humor péssimo, ele meramente suporta nossa presença na casa.

a pretinha chegou logo depois e é o ferret mais perfeito que já vi. ela é linda, manhosa, charmosa, tem o pêlo mais maravilhoso que já vi na vida e ainda por cima tem aquela máscara nos olhinhos. ela parece irmã do pixel no temperamento e para nosso espanto, realmente ama humanos. o dono dela a vendeu porque queria comprar um DVD player. ela está com 3 aninhos.

logo depois da morte do pixel a paula machado nos doou duas criaturas lindas: fênix (3 anos) e gollum (4 anos no fim do ano). esses dois sempre foram amados e são duas coisas fofas e pestes. o gollum, pouco tempo depois que chegou, desenvolveu uma doença chamada insulinoma, que é relativamente comum em ferrets (é uma disfunção pancreática que causa produção excessiva de insulina). ele foi operado em março, retirou boa parte do pâncreas e também uma adrenal (equivalente à nossa suprarenal). a adrenal estava OK, o pâncreas tinha um tumor maligno. ele desenvolveu diabetes na seqüência da cirurgia, ficou internado por 20 dias na clínica para adaptação da dose de insulina. ficamos tratando dele como diabético por quase 3 meses (aplicação subcutânea de insulina várias vezes ao dia) e na semana passada ele finalmente voltou ao normal: seu pâncreas voltou a funcionar normalmente, pra nossa felicidade. ele está muito bem, gordo e feliz e virou estudo de caso da clínica veterinária.

nossa experiência de adoção de ferrets com idades e sexos diferentes é ótima: nunca tivemos problemas quanto a isso, eles se deram todos muito bem em poucos dias. aliás, ficaram amigos de infância, essa é a verdade. ferrets gostam de viver em grupo, portanto é importante não deixá-los sozinhos, isso é um pecado. eles são mais felizes em grupo e você certamente será mais feliz se tiver pelo menos 2 deles pra ver brincando.

eu sempre falo da maravilha que é ter ferrets, mas quero deixar claro que algumas coisas são realmente difíceis e quem quer adotá-los precisa estar ciente de alguns fatos:

1) ferrets não são tão amorosos quanto cachorros e alguns gatos. eles têm muita personalidade e alguns inclusive detestam que a gente pegue, aperte, afofe. se você quer um ferret pensando que ele será como um cachorro que está sempre feliz pela sua simples existência, esqueça. eles têm uma vida bem independente da nossa e só consentem em dividir a casa com você porque você os alimenta

2) eles são teimosos. se ele cismar que alguma coisa é dele, vai insistir o resto da vida em pegá-la. eles sabem resolver problemas (é verdade, isso não é forma de dizer) e encontram os meios mais criativos de chegar onde querem, abrir portas, janelas, entrar nos lugares mais absurdos e aprontar coisas incríveis (nem sempre divertidas pra nós)

3) sua casa vai ter que mudar para ter um ferret. eles não saltam como os gatos, mas escalam praticamente qualquer coisa que se possa agarrar com as unhas (enormes), e como eu disse, eles são realmente inteligentes. cortinas na janela, que eles possam escalar? esqueça. móveis perto de janela escaláveis? esqueça. estantes fáceis de subir? eles vão subir e derrubar suas coisas, seus livros, seus bibelôs. eles derrubam coisas pelo prazer de vê-las cair. esqueça a graciosidade natural dos gatos: ferrets são destrambelhados e GOSTAM de fazer bagunça.

4) não é recomendável deixar ferrets perto de máquinas de lavar ou qualquer coisa com motor. eles se enfiam dentro dos motores e buracos pequenos simplesmente porque querem ver o que tem lá dentro e é instinto deles entrar em buracos. esse inconveniente pode ser tão simples quanto passar 1 hora tentando convencê-lo a sair do buraco ou tão trágico quanto ligar uma máquina de lavar e matar o bicho lá dentro

5) algumas pessoas reclamam que seus ferrets mordem fios. os nossos não mordem, nenhum deles, mas acho que é porque eles não vêem muita graça em fios, com tantas coisas divertidas pra morder por aqui. alguns ferrets mordem a gente, de verdade, porque é o jeito de brincar entre eles. a mordida deles não é de brincadeira, eles têm caninos enormes. o pastel mordia de tirar sangue e não adiantava brigar. os demais mordem de brincadeira, mas dói, então crianças pequenas e ferrets não combinam muito bem (é perigoso para ambos)

6) ferrets gostam de liberdade, espaço, brinquedos, tocas, paninhos. eles precisam de diversão pra serem felizes, não basta comida, água e carinho. eles são como filhotes o resto da vida, eles PRECISAM de brincadeiras constantes. não adote um ferret se você não gosta de animais brincalhões e pentelhos, que mordem seu pé, roubam suas coisas e cavam os seus vasos. eles são assim e serão sempre assim até morrer

7) não mantenha um ferret trancado numa gaiola, isso é a pior coisa que eu posso pensar em fazer com um animal desses. eu sei que na loja eles ficam nas gaiolas bonitinhas com brinquedos, eu sei que tem gente que deixa preso e solta algumas vezes ao dia. acredite em mim: é uma judiação. só quem já viu os ferrets vivendo soltos pode entender como eles são plenamente felizes com liberdade e espaço

8) se você não tem dinheiro para comprar a ração especial para ferrets e levá-lo ao veterinário com certa freqüência, não adote um. eles são, como eu disse, frágeis e realmente dão trabalho quando estão doentes. houve épocas de ficarmos dando remédio de 6 em 6 horas (e NÃO dá pra deixar pra depois, eles morrem mesmo); estamos há 3 meses indo ao veterinário toda semana pra acompanhar a recuperação do gollum e há meses não viajamos porque não podemos deixá-los sozinhos. vou passar dados reais, do meu controle financeiro, pra dar uma idéia: no ano passado gastamos em média 314 reais por mês com os furões. este ano, por enquanto, já foram 540 reais por mês. é verdade que temos 5, mas uma cirurgia custa 1000 reais, a internação de 20 dias custou 1600 reais. não dá pra ignorar isso, certo?

9) ferrets têm cheiro de bicho selvagem, apesar das glândulas de cheiro serem retiradas (eles também são castrados ainda bebês, é exigência do IBAMA para entrarem no brasil), então tenha certeza que você não se importa com o cheiro deles, porque não adianta dar banho, é o cheiro deles!

10) eles fazem muito cocô e xixi, graças ao metabolismo rápido. é um tico de nada, mas tem cheiro, claro, e nem todos aprendem (ou querem) usar caixinhas de areia (como os gatos) ou jornais. nós temos todos os tipos de temperamento aqui em casa: o groo usa muito a caixinha (90% das vezes), senão usa o jornal. a didi, por outro lado, tem revolta contra portas fechadas e, havendo uma, ela nos faz a gentileza de fazer cocô/xixi na FRENTE da porta, como protesto. eu não me importo, limpo numa boa. eles não fazem sujeira em roupas, sofás ou coisas assim, são bem limpos e procuram cantinhos longe de onde dormem, sempre. ah, carpetes não são uma boa idéia com ferrets. nossa casa é toda de taco de madeira com uma camada de poliuretano pra evitar estragar a madeira por conta dos xixis ocasionais.

11) a expectativa de vida dos ferrets é curta. muitos não vivem mais que cinco anos, alguns chegam a 8 anos, ouvimos dizem que uma moça aqui em SP tem um de 12 anos. eles costumam morrer de acidente também, é bem freqüente, graças à sua natureza curiosa. eles se enfiam em roupas, dentro dos mecanismos de máquinas e sofás, entram em ralos e acabam morrendo porque a gente não prestou a devida atenção aos perigos.

a despeito de todas as complicações, eles são animais incríveis, que me fazem lembrar todo dia que a vida é um milagre, que a natureza é perfeita. jamais serei grata o suficiente por ter a oportunidade de conviver com essas criaturas malucas, criativas e divertidas. eles fazem minha vida mais feliz e me lembram a todo instante que a vida é breve e exatamente por isso precisa ser muito bem vivida.

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  1. Relato de alguém cuja amiga tem cinco ferrets.

    O cheiro deles me é um tanto incômodo, mas acho que é sensibilidade do meu nariz e falta de costume. Já vi gente reclamar de cheiro de gato, mas tive gatos (e cachorro) a vida inteira e nunca tomei conhecimento do fedor dos felinos; pra mim, não fedem. No caso dos ferrets, eu acho que o que “fede” mais é a ração deles — a que entra e a que sai. 🙂 Então, apesar deles terem, sim, um cheiro diferente e marcante, o problema é maior no cômodo deles e na falta de uma higiene constante. Tem que limpar as cacas todo dia, sim! Mas o cheiro DELES é o cheiro do bicho. Conheço muito cachorro que cheira a chulé.

    Quanto a roubar coisas, lembrei do Pixel roubando meu celular por causa da capinha de couro. Ele SABIA sempre em qual bolso (era sempre o mesmo) o celular ficava. 🙂

  2. Poxa, estou super emocionada.obrigada, obrigada.

    com todas estas considerações eu ainda estou querendo me atirar no mundo dos ferrets. well.

    Agora eu sei que devo esperar voltar pro Brasil primeiro, e adorei a ideia do cômodo só pra eles.

    Mas percebi que devo conversar muito com o Meu Amor antes.

    Todas as dicas muito boas (especialmente a de adotar dois juntos), eu estou coletando informações mis e agora só falta visitar uma casa com ferret, aqui em Los Angeles é comum eles serem abandonados em pet shops, as pessoas não imaginam como é e depois de um tempo querem se livrar, mas é também comum de ver o bichinho andando na rua de coleira, que nem um cachorrinho. Comum mesmo. Ontem passei o dia na rua vi três em lugares diferentes da cidade.

    Mas quando eu voltar pro Brasil e convencer Meu Amor da importância de ter dois furõezinhos em nossas vidas, posso colocar neles os nomes de Zel e Fer? ;D

    Vocês são com certeza os padroeiros dos furões…

  3. rosa, acho que seria uma honra muito grande ter um furão com meu nome 😀 até porque eu me SINTO um furão *hehehhehehehe*

    se você quiser adotar e estiver tranquila depois de tudo o que leu aqui e nos sites, eu dou a maior força. esses animais são o máximo… eu mesma comprei depois de ver um deles em NY, no central park, de coleirinha! achei a coisa mais fofa e acabei me embrenhando num mundo novo 🙂

  4. Zel, que post esclarecedor, realista e lindo =) Eu ja li e reli o ilovemyferret.com.br mil vezes mas algumas duvidas que eu tinha, só teu post me tirou.

    Na verdade, eu me apaixonei por ferrets tb nos EUA, meu ex namorado tinha um e foi amor à primeira vista. Como o falecido passava o dia inteiro na rua, o Jack era um ferret tristonho e enjaulado. Como passei 3 meses morando na casa do moço, a vida do Jack mudou. A sala da casa, virou a casa do Jack. Adaptei tudo, mudei moveis de lugar e me divertia horrores com ele, passava horas na internet tentando descobrir mais sobre aquele bichinho que de tao esquisitinho era lindo. Quando voltei ao Brasil, quis trazer o Jack, mas o moço acabou preferindo que ele ficasse, com medo que ele sofresse no avião. O namoro acabou e poucos meses depois ele acabou doando o Jack. E qdo eu soube quase morri aqui. E desde entao tenho pensado muito em ter um ferret comigo. O que preocupa é justamente: precisar de um apartamento que tenha um comodo pra ele (ou eles) e nao saber se Recife tem alguem com experiencia em cuidar de ferrets. E até ter certeza dessas duas variaveis, terei que esperar =)

    Brigada³³³³

    Beijo,

    Roberta

  5. filhos, depois dos ferrets, são mamão com açúcar então? ;D

    se bem que filhos duram mais.. heheh e gritam. 😛

    bem, depois desse post tou pensando em dar uma olhada se aqui em floripa tem como adotar/comprar um. vc sabe se eles preferem calor ou frio?

    Bjos, Zel!!

  6. juliana, a dani (www.kaleidoscopio.blogger.com.br) sempre nos diz que vendo a gente cuidar dos furões, acha que é mais fácil ter filhos 😀 mas é verdade: filhos duram mais! mas falam, depois de um tempo, o que ajuda bastante a cuidar deles!

    furões gostam mais de frio que de calor. no calor eles ficam acabados, dormindo que nem tapete o dia todo… no frio (e à noite) eles são mais animados 🙂

  7. eu gostaria de saber se vc nao conhece alguem q esta doando um ferret???

    eu gostaria muito de adotar um ou qm sabe dois

    se vc conhecer alguem q esteja adotando um ferret, peça pr essa pessoa entrar em contado comigo o mais rapido possivel pois estou muito anciosa…obrigada

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