Escolha

Teve uma época que eu devia dinheiros muitos. E sempre ganhei bem, pra minha idade (considerando que sou assalariada, né? Não dá pra se comparar com filho de pai rico), e acabei aprendendo na marra como não dever. Vou dar a dica aqui pra vocês, porque amo todo mundo:

1) Saiba onde vai seu dinheiro. Se você não anotar CADA CENTAVO por pelo menos 1 ano, eu garanto que você não sabe. “Ain eu sei sim!” — não, você não sabe. Você quer se convencer que sabe, pra poder dizer que o problema não é você gastar mais do que ganha, é outra coisa

2) A gente pode reclamar até pro Papa, mas de gastar mais do que ganha, a gente se fode. Então enquanto você pensa aí numa estratégia de ganhar mais dinheiro, se é isso que você quer e precisa, PARA DE GASTAR a menos que seja pra sobreviver. Não, ninguém precisa de sorvete nem mais uma blusinha pra viver

3) Sabendo o que gasta, faça escolhas. Não dá pra conseguir as coisas que a gente quer sem fazer escolhas. “Ah mas eu escolho torrar todo dinheiro em Cheetos”, beleza, desde que você tenha escolhido mesmo e saiba na hora que estiver gastando que é essa a escolha. Se você não sabe quando tem na sua conta e quais são seus gastos por vir, desculpa, Jon Snow, você não sabe nada

4) “Ain é chato controlar!” — chato mesmo é não ter dinheiro pra pagar o cartão de crédito e pagar 12% de juros. Chato é não ter grana pra almoçar. Controla.

5) Falei de escolher, né? Vou falar de novo. Algumas escolhas são foda e caras. Ter filhos; ter animais de estimação; ter carro; ter casa. Não é à toa que a galera dá a loka e vai morar na rua — é uma liberdade sem fim. E é um perrengue também né? Não sabe onde vai dormir, nem quando vai comer. Mas não precisa do dinheiro. Os bens que acumulamos e a vida que decidimos ter nos escravizam. Esse é o sumário da vida simples e minimalista, na real. Tenha menos coisas, consuma menos, precise de menos dinheiro.

6) “pô mas eu sou fudida, não tenho dinheiro pra melhorar minha vida! Não adianta economizar” – acredito em você e sei que é foda. Mas não controlar o pouco que você tem não ajuda em NADA. Então controla, porra.

7) Não compre coisas supérfluas a menos que você tenha dinheiro SOBRANDO. E com “sobrando” eu quero dizer: paguei contas todas, dívidas, sobrevivo mais um período e tenho uns reaus pra uma dor de barriga. Se você não tá com a vida ganha, gata, NÃO GASTA. Pensa o motivo do gasto. Que bem vai te fazer? “Ain, mas eu preciso muito desse sapato pra ir pra festa X” — gata, você precisa é ter dinheiro pra não depender de pai nem mãe nem boy nem girl. Você precisa poder se garantir. Contar com a ajuda alheia é legal, mas legal MESMO é você contar com você, viu?

8 ) Gastar com coisas que são gostosas, como comida especial, roupas, acessórios não é a mesma coisa que gastar com viagens, cultura, aprendizado. A comida, por melhor que seja, vira cocô, as roupas e coisas estragam. Cultura e aprendizado são seus pra sempre. Lembra disso. “Que investimento nunca vai me decepcionar?” — aquele que você faz em você mesma.

9) Tenha dinheiro guardado. Nem que seja guardar 10 reais por mês. Pense que é um dinheiro pra você mesma no futuro. “Ain, não tenho 1 reais pra guardar!” — depois que você fizer o controle no centavo e analisar cada moeda que gasta e TUDO que você gastou foi essencial, eu acredito. Continue assim, vai sobrar 10 reais alguma hora, te juro.

10) Já falei pra escolher? Falo de novo: escolha. Mas escolha com informação, não de orelhada.

Eu sei que é foda, não tou tentando minimizar seja quem ganha pouquíssimo ou quem tem dificuldade de controlar. Ou quem se vê numa situação de criar filhos / ajudar família que custa muito mais do que custaria ser sozinha. Por isso é tão importante falar disso cada vez mais cedo pros meninos e pras meninas (mais ainda pra elas): SAIBAM ESCOLHER.

Quando a gente não escolhe, a vida escolhe por nós, e aí segura esse rojão, que é puxado.

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