me perguntaram sobre a vacina contra gripe para grávidas, e a recomendação do time da primaluz é que ela seja tomada.
tomei hoje, num dos postos de saúde aqui de vinhedo, e fiquei impressionada. o posto é novo, bonito, bem cuidado e as funcionárias são educadíssimas e simpáticas. me atenderam super-bem e rápido. o que me deixou besta é que não pedem nenhum tipo de documento! nada. se por um lado é legal não ter burocracia, por outro facilita horrores qualquer tipo de fraude, não? imaginei que teriam pelo menos um computador, e cadastrariam quem já tomou a vacina usando o RG ou algo assim.
nada. a moça anota seu nome num caderno, dá a vacina e pronto. incrível.
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eu tenho barriga! finalmente 😀 estava já chateada de não ter nada de barriga que pudesse ser reconhecida como gravidez. é verdade que só aparece com camisetas justas e se eu disser que é gravidez. mas pelo menos já me sinto fisicamente grávida.
até essa semana (a 19) eu não tinha sentido nada muito relacionado à gravidez, fora o enjôo chato dos 3 primeiros meses. essa semana parece que me deu um cansaço crônico, uma moleza que dificulta trabalhar o dia todo. quando chega umas 15h eu estou MORTA. bocejando, cansada, sem conseguir pensar muito, credo. tenho chegado em casa e dormido um pouco, antes até de jantar.
espero que melhore, porque se piorar vou ter dificuldades em trabalhar nos próximos meses…
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babás de uniforme branco que dormem em casa e acompanham mães no shopping e restaurante cuidando dos rebentos? SOU CONTRA. e sempre fui, independente de ter/querer ter filhos.
tenho 2 motivos pra ter ojeriza a este sistema de criação de filhos: o primeiro é a exploração das funcionárias. por mais que você pague pra criatura, ela só se sujeita a estar disponível pra você 24h/7d e procurando se disfarçar de parede porque não tem opção na vida. há mais dignidade em limpar banheiros como profissão do que ficar feito uma sombra branca garantindo que a criança não dá trabalho pra mãe. babás com hora marcada, para atividades específicas, eu entendo. babá que dorme em casa e cuida das crianças em restaurante enquanto os pais dormem/comem eu abomino. completamente brasil colônia, eca.
(vejam: não sou contrária a empregar pessoas para serviços domésticos, desde que haja contrato de trabalho com escopo e horários bem definidos, não mais de 8h por dia e tratamento profissional e digno. qualquer coisa que não seja isso é semi-escravidão)
o segundo motivo é: qual é o propósito de ter filhos se nos momentos em que você está livre pra conviver com eles e educá-los, quem o faz é outra pessoa? vejam que não estou falando de quem trabalha ou que tem um ou outro compromisso que impede de estar com o filho. não acho que pais devem ser escravos dos filhos e estar com eles 100% do tempo, mas peraí. tá cheio de nega que nem trabalha e pra onde vai leva a babá a tiracolo.
é verdade que todo mundo tem o direito de ter quantos serviçais puder pagar pra sua comodidade, mas eu acho humilhante pro funcionário e tem algo nessa atitude que me incomoda demais. pode ser preconceito da minha parte, admito, mas algo em mim fica indignado com pais que colocam filhos no mundo e não se envolvem nos seus cuidados, criação, educação. parece… errado.
está claro que minha indignação vem do fato de considerar a maternidade como uma escolha que envolve colocar no mundo alguém com potencial pra ser muito legal e muito feliz, e não simplesmente me tornar mãe. pode parecer a mesma coisa, mas não é. consigo ver pelo menos as seguintes motivações (pode haver outras):
– ser pai (ou mãe) é a demonstração da capacidade de procriar. há um orgulho meio animal no fato. é como uma comprovação para a sociedade e família de que se é saudável e bem-sucedido, sei lá.
– só existe núcleo familiar se houver filhos (como se um casal não fosse uma família. eu já ouvi isso: agora que vocês vão ter filhos, vão ser uma família. hein? a gente já era antes!). quantas mulheres engravidam pra segurar marido e namorado? ter filhos é a forma mais simples de criar vínculo pra sempre com alguém.
– há a necessidade de assumir um papel essencial na vida de alguém, ter alguém que depende de você e o ama incondicionalmente pra sempre. este pra mim é o caso mais triste, porque no fundo há uma carência afetiva enorme por parte dos pais
– tentativa de realização indireta através do filho. “meu filho vai ser/ter tudo o que eu não tive”. é como uma segunda chance para os pais, uma forma de tentar corrigir tudo que deu errado nas suas próprias vidas. muito triste também.
bom, e há os que simplesmente procriam, sem pensar em nada disso. deve ser a maioria, aliás.
quando considerei ser mãe, me fiz essas perguntas todas. o que me move? por que quero ser mãe? a resposta sempre foi muito clara: porque me agrada a idéia de contribuir com mais uma pessoa decente para este mundo, em meio a tanta gente sem noção. e pra que essa meta se concretize, é essencial que eu e fer sejamos os principais personagens na história da formação dessa criança. se eu terceirizo excessivamente o cuidado e a educação do meu filho, como vou transmitir pra ele os meus valores e princípios?
eu sei que não seremos só nós que influenciaremos essa criança, e é até bom que assim seja. mas quero que ele receba de mim e do fer a maior parte da atenção, que nós possamos ensiná-lo a andar, falar, comer, interagir com outras pessoas. não quero uma babá ensinando a maior parte das canções de ninar ou palavras pra ele, não senhores. quero poder responder suas primeiras perguntas e tirar suas dúvidas. eu quero que nós sejamos suas principais influências no início da vida, sim.
e não quero que meu filho cresça achando normal ter serviçais fazendo tudo por ele e nem por nós. da minha parte, ele vai aprender a cuidar de si mesmo por conta própria e cuidar do espaço em que vive. afinal, só em países pobres (ou pra pessoas muito ricas) existe esse abuso da terceirização de atividades básicas da vida de qualquer ser humano (limpar, cozinhar, cuidar da casa e das suas coisas).
espero que quando meu filho for adulto a situação tenha mudado pra melhor e ninguém mais precise se sujeitar a ver os patrões comerem enquanto mantém suas crianças ocupadas por um salário mínimo.
14 responses so far ↓
Luciana // March 24, 2010 at 1:47 pm |
Oi Zel …
Putz .. falou e disse. Tive primos criados por babás e desde muito cedo eu ficava indignada com a situação. Era horroroso e triste chegar na casa deles e ver que eles tinham mais amor e carinho pela babá do que pela mãe/pai. Felizmente não tenho mais contato com eles pq .. honestamente não fazem a mínima falta e todo o estrago que eles poderiam fazer na minha vida já fizeram, então eu quero mesmo é distância.
Tb tenho uma empregada, que gosto de chamá-la de “colaboradora” e ela é uma mão na roda pra mim e atende a todas as minhas maluquisses (calma, é em relação aos produtos de limpeza natural que eu uso !!! hehe) mas eu sempre paguei tudo dentro da lei, nunca atraso o pagamento do salário ou do INSS e sempre compro lembrancinhas para os filhos dela que são pequenos no natal e aniverários, mais como uma forma de agradecimento pelo trabalho.
Só uso alimentos orgânicos em casa e nunca fiz distinção do que ela pode comer ou não, acho mt filha-da-putisse (como dizia aminha avó) fazer isso.
Eu sempre procuro lembrar que eu meio que dependo dela e ter uma pessoa agradável e eficiente, bem treinada e de confiaça é dificil de se achar, então eu faço o que posso para mantê-la feliz no emprego … e tento lembrar de como eu gostaria de ser tratada se eu estivesse no lugar dela. Pouquíssimas vezes ela teve que comer arroz com ovo pq eu esqueci de fazer compras … hehe
Bjs
Sandra BSB // March 24, 2010 at 2:32 pm |
Oi Zel!
Eu não sou casada, não tenho filho, não sei se terei um dia.
Não tenho empregada, só uma faxineira que vai uma vez na semana e faz o que quer e como achar melhor.
Logo que ela chega eu dou um jeito de sair porque me sinto atrapalhando. E não sei mandar a moça fazer as coisas, então ela faz o que acha que deve.
Escrevo apenas para dizer que estou acompanhando seu blog, porque me identifico com as coisas que vc diz, concordo demais!
Vc escreve de forma muito feliz e eu espero poder passar esse tipo de valores para um provável filho que eu venha a ter um dia.
Parabéns pelo novo membro da família!
Ashen Lady // March 24, 2010 at 3:04 pm |
Vou me congelar e só acordar quando o mundo for povoado por filhos da Zel e Fer.
Glau // March 24, 2010 at 4:25 pm |
Ai, Zel, amei!
eu aqui no Velho Mundo, com casa, 2 filhas lindas, marido participativo em todos os sentidos, trabalho, sem empregada, babá ou faxineira acho cada vez mais complicado achar normal esses lances de serviço terciarizado no Brasil. Mais fora de órbita ainda é ver que muita gente não entende os meus pontos de indignação. Mas não tem problema não, para o próximo que achar que eu estou falando grego, mando seu post tudo com certeza se esclarecerá! :O)) clap, clap, clap!!
beijos,
glau
Cristiane Yumi // March 24, 2010 at 4:38 pm |
Zel, eu também não sou casada nem tenho filhos, mas participo intensamente da educação da Sophia (a sobrinha que estava no evento da Dê), fora que trabalhei muito tempo com educação no terceiro setor, e só tenho aplausos para vc. e seu post.
Moro quase do lado do shoppng Higienópolis e vira e mexe vejo essas cenas de babá. Confesso que me incomoda horrores, principalmente qdo. percebo que mandam a babá para o Mc Donald’s com a criança enquanto os pais comem em outro lugar. Oras, é bem o que vc. disse, se não quer paricipar desse momento, para que teve o filho? Nem as refeições mais são compartilhadas, é filho só no papel!
Beijinhos, Cris Yumi
zel // March 24, 2010 at 8:28 pm |
meninas, os comentário de vocês são os melhores. o que eu acho legal é que vocês pegam a questão central, mesmo que não concordem com os detalhes.
obrigada por participarem e dizerem o que pensam! é bom saber que há mais gente que se importa.
Bia // March 24, 2010 at 9:02 pm |
Obrigaaaaada mundo por alguém que entende o que eu sempre quis dizer.
Pois é, Zel, pra mim babás e faxineiras são prestadoras de serviço, um serviço que eu mesma não sei fazer bem, e por isso contrato. Se eu contrato uma babá para cuidar dos meus filhos, é porque não sei cuidar direito de criança. Fiz filho por quê? Essa é a minha base de raciocínio. Tanto que só pretendo botar meus rebentos no mundo quando estiver numa situação que me permita participar.
Minha família é cheia de babás residentes, que tomam xingo a torto e a direito, além do tratamento cinco estrelas dado pelas próprias crianças. Desde sempre vi isso como errado, e hoje só confirmo quando vejo meus parentes falando mal das funcionárias NO STATUS DO FACEBOOK. sim, de lascar.
Mas é isso, tenho certeza que o Bernardarthur vai ser uma criança maravilhosa, tendo todo amor, carinho e cuidado vindo daqueles que aguardam por ele ansiosamente.
Beijos!
Suellen // March 25, 2010 at 10:46 am |
Zel, sou casada há dois anos e não pretendo ter filhos. Eu e meu marido sofremos enorme cobrança de todos por isso, afinal de contas, parece que a fórmula mágica da felicidade hoje em dia é casamento + casa própria + filhos. A opção por não ter filhos é exatamente a falta de intenção de terceirizar a maternidade: queremos realizar muitas coisas, e pra nós filhos exigem cuidado e atenção que não podemos nem queremos dar no momento. Alguns nos taxam de egoístas, mas na minha opinião é muito mais egoísmo ter um filho e deixá-lo com a babá todo o tempo. Poxa, você colocou uma pessoas no mundo! O mínimo é que queira ficar com ela o máximo possível, não é?
Ano passado fomos no aniversário de um aninho do filho de um casal de amigos e saímos de lá enojados! Era um sábado à tarde e havia um batalhão de babás! As mães sentadinhas, maquiadas, num canto, os homens em pé conversando e bebendo cerveja, e as crianças com as babás! Um horror!
Fico muito feliz ao ler seus textos e ver que ainda tem gente razoável neste mundo.
Um beijo!
Fernanda. // March 25, 2010 at 4:44 pm |
Zel, eu sou uma mistura do comentário de todas, rs. Esse lance de babá-fantasma me incomoda. Se for funcionária e tudo certinho, é justo. Só tenho diarista e ela faz o que bem entende na minha casa. Eu a trato bem, porque sou eu quem preciso dela. Tá bom, é o trabalho dela, mas eu a trato como eu gostaria que meu chefe me tratasse (é por isso que nesse recado nem vou deixar meu nome completo e meu site, só o e-mail, tá? pra desabafar). No fim de ano dei presentinho como sempre, agradeci tudo e ela chorou porque disse que nós (eu e meu marido) éramos muito bons com ela, que não havia outra família igual. Aí eu chorei e disse que ela é que era boa comigo, oras, porque minha vida não seria tão boa sem ela. Que faz suas coisas erradas, mas faz coisas muito mais certas, me mima, faz comidinha, sabe que trabalhamos o dia todo fora e deixa a casa para sermos mais felizes com tudo arrumado, lavado e passado. E eu pago corretamente, mais do que os outros. Eu trato os outros como quero que me tratem, só isso. É tão difícil as pessoas entenderem? E só agora eu entendo por que minha mãe tratava a diarista dela assim. Só agora. Mas enfim, nem sei por que entrei nesse assunto, rs. Que mais? Adoro sua visão de educação, adoro ler seus posts, adoro mesmo. Às vezes penso “que bom que mais alguém pensa assim” sobre determinado assunto, porque imaginava que eu e marido éramos os únicos da Terra. Ainda bem que não. E mesmo discordando de algumas coisas no maior respeito (porque eu, por exemplo, tenho muita fé e acredito em Deus, e tive experiências, e enfim não conseguiria criar um filho sem passar essa fé adiante – fé e não religião, ele que escolha a que quiser), no geral compartilhamos das mesmas opiniões. Obrigada pelos posts, Zel! Beijos.
Elaine // March 26, 2010 at 9:06 am |
Bom dia Zel!
Todos estão indicando a vacina e eu vou tomar também, mesmo com medinho, mas vou esperar completar os 3 meses de gestação.
Muita saúde!!
Clotilde tavares // March 27, 2010 at 12:39 pm |
Oi Zel, sobre essa coisa das babás, e outros temas correlatos há um livro de José Martins Filho chamado “Crianças terceirizadas”, que saiu pela Papirus Editora. Eu não conheço o livro; mas conheço Zé Martins, que já foi inclusive reitor da Unicamp. Conheço-o há tempos e ele tem uma visão muito boa desses problemas. Eu não conhecia esse seu espaço “fabricando” e cheguei aqui só hoje vindo direto do Blog da Rainha. Um beijo grande, e leio sempre o outro blog. E fabrique, criatura!
Luanna // March 29, 2010 at 7:20 am |
Oi Zel,
Adorei o post, eu viajo muito e tenho uma empregada/babá.
Ela tem 2 grau completo, ganha R$1.000,00 mais todos os benefícios, não lava roupa íntima, nem faz supermercado ne horti-fruti.
Ela faz 09 horas por dia para compensar os sabados, pois na minha casa só se trabalha de segunda a sexta, pago cursos, agora mesmo ela está fazendo o básico de informática.
Considero ela uma ótima profissional e acredito que ela também me considere uma ótima patroa, não somos amigas, mais nós damos super bem,minha filha a ADORA e sempre que estou em casa conversámos e trocamos histórias.
Eu não seria a profissional que sou sem ela, e ela não teria o padrão de vida que tem sem mim.
Mais o que nos liga e o espeito e carinho que temos uma com outra.
Mais tomei alguns cuidados na contratação, como me certificar dos antecedentes criminais, de uma avaliação psicologica, e principalemente de muito papo para saber se questões de morais e hábitos era parecdidos com os meus.
Tenho horror de babá de branco em shopping ou dormindo em casa, assim como tenho horror de empregadas com dentes e unhas em péssimo estado, ou que falam errado e o pior babás passam para criança ideias de certo e errado que não condizem comigo.
Exemplo: ensinar uma criança a mijar em poste,ou cuspir ou destruir flores…
Mais sou excessão, tenho amigas conhecidos com 03 babás,na qual a mãe tem nojo de cocô e nunca trocou uma fralda.
Mais fici feliz em ver tanta gente mudando isso no Brasil
Cam Seslaf // April 9, 2010 at 1:26 pm |
Meu sentimento dominante com essas cenas de babá é tristeza. Pelas crianças. Antes de a Cat nascer, eu via na academia, nas aulas de natação, as mães só segurarem as crianças dentro d’água. Antes, depois, o banho, tudo era as babás que faziam.
Nunca tivemos folguista, babá de fim de semana, essas coisas. Não tive a minha filha para não meter a mão na massa. Mesmo hoje, que ela está maior (= mais móvel = mais incontrolável rs), nós nunca saímos com a babá junto (o arranjo aqui com a Nana é babá/arrumadeira, porque metade do dia ela está na escola).
Tenho quilos de amigas cujos filhos têm verdadeiras mães substitutas. Tipo que NUNCA botam o filho para dormir, por exemplo. De domingo a domingo, 365 dias do ano.
É totalmente Casa Grande e Senzala, mas eu sinto, acima de tudo, é mesmo tristeza.
Cam Seslaf // April 9, 2010 at 1:28 pm |
E essa frase “e não quero que meu filho cresça achando normal ter serviçais fazendo tudo por ele e nem por nós. da minha parte, ele vai aprender a cuidar de si mesmo por conta própria e cuidar do espaço em que vive.”?
Um dos meus 10 mandamentos maternos, escritos em pedra. :-*
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