fabricando

amor de mãe

June 1, 2011 · 10 Comments

esse é um assunto que, já percebi, também é tabu. a quantidade de mulheres que vejo por aí falando de “amor incondicional” e coisas afins é impressionante. mesmo na minha família, que é bem realista quando se trata de maternidade (nada de frescura), tem uma ou outra que às vezes solta coisas como “você agora descobriu o que é amor, não é?”.

já comentei aqui que não vejo em mim mesma esse tal amor incondicional, não. percebi – e desde que o otto saiu da barriga, nunca antes! – que o que existe sim é um sentimento de cuidado a qualquer custo. é um sentimento muito forte, como uma chave que liga dentro da gente: preciso cuidar dessa criatura, ela precisa sobreviver.

comentaram ali no último post sobre eu estar ficando cada vez mais explícita nas minhas demonstrações de afeto no diário do otto. não é coincidência: o amor realmente vai aumentando conforme a gente convive com a criaturinha!

pode ser que pra outras mulheres seja diferente, mas pra mim foi assim: o bebê na barriga era só uma idéia, eu nem arrisco dizer que havia amor (não me lembro de sentir isso); o bebê recém-saído da barriga era um desconhecido que eu precisava cuidar e proteger a todo custo; o otto hoje é uma criaturinha que eu conheço e amo, cada dia mais. reconheço sua personalidade, suas expressões faciais, as coisas que ele trouxe consigo “de fábrica” e as coisas que aprendeu nestes 9 meses. o amor que tenho por ele é infinitamente maior hoje do que há 9 meses. e tenho certeza que daqui a 9 meses será ainda maior.

não posso garantir como será em 20 anos. realmente não acredito que amor de mãe é incondicional. digamos que ele seja uma má pessoa, por exemplo, não sei se o amarei da mesma forma. provavelmente o instinto de preservá-lo permaneça, mas o amor… não sei. conto em 20 anos, se for o caso 🙂

talvez a coisa mais incrível de ser pai/mãe seja esse amor que se constrói no dia a dia, aos poucos e que milagrosamente aumenta. é uma paixão que, por enquanto, não arrefece. mesmo com as dificuldades, o cansaço e o saco cheio (que são boa parte da jornada), o amor tá ali, firme e forte.

Categories: maternidade

10 responses so far ↓

  • fernanda borges // June 2, 2011 at 10:05 am |

    Até que enfim achei alguém que pensa como eu quanto à maternidade… meu bebe tem 4 meses e agora sim o amo… e o amor cresce a cada dia. eu sentia o mesmo que vc quando grávida, e as pessoas me perguntavam: “está feliz”? e meu marido me treinou a sorrir e dizer: “sim, estou”, quando na verdade achava um saco carregar aquila barriga e o “meu trolzinho” que estava ali dentro. alguns familiares e amigos próximos me achavam até cruel, e tinham certo receio de me deixar sozinha com o bebê… mas hoje veem que sou uma mãe muito amorosa e cuidadosa com meu bebê! afinal não tem como ser diferente. obrigada por compartilhar sua experiência tão sincera!

    • zel // June 2, 2011 at 11:51 am |

      fernanda, obrigada por contar a sua experiência, senão eu ia ficar aqui sozinha, a mãe-ogra! hahahahahaha 🙂

      as ogras também amam 😉

      beijos!

    • Célia // July 23, 2011 at 5:57 pm |

      Fernanda, faço das tuas palavras as minhas…estou amando esse blog, pois consigo identificar aqui muitas opiniões que também são as minhas e muitas vezes são criticadas por amigos e familiares.
      Quando meu filho nasceu, achei super estranho não ter aquele amor louco por ele, como muitas amigas-mães me diziam que seria, ás vezes me sentia culpa e uma péssima mãe; hoje meu amor por ele é muito maior e a paixão continua acessa.
      Bjinhos

  • Gislaine Rodrigues // June 3, 2011 at 3:18 am |

    Olá Zel!

    Cheguei aqui através da Reina Denize, que sempre nos dá notícias de você e o pequeno Otto (uma fofura, por sinal!).
    Não sou mãe e sempre mantive distância dessa idéia… a não ser nas vezes em que me apaixonei bestamente por algum cara, e por isso já me peguei confabulando como seria um filho, o nome, etc… Na realidade nunca tive um relacionamento tão duradouro que me colocasse mais próxima dessa possibilidade, apesar de que até num “acidente” de primeira mão, tudo pode acontecer! rs…
    Mas sempre tive também um certo “ginge” dessa incondicionalidade materna. Algumas amigas mães alardeiam esse discurso, mas que não condizem com as caras que eu as vejo fazer no dia-a-dia da função… só que tem existe implícita uma regra moral, uma conduta, uma ética religiosa ou coisa parecida que condena automaticamente aquela que ousar pensar ou ser capaz de sentir algo diferente de tanto amor! Vão arder no mármore do inferno!
    Basta expor um tiquinho da gastura, que vira uma polêmica absurda, quase digna de linchamento e pichação no muro de casa! srsrs
    Adorei a forma clara e delicada que você escreve suas sensações e experiências! Vou vir sempre aqui acompanhar!

    Beijos em você e no fofo do Otto!! 🙂
    Gislaine

    • zel // June 3, 2011 at 10:56 am |

      Obrigada, Gislaine 🙂 Seja bem-vinda! E é verdade: diga que está de saco cheio do filho, pra ver as harpias de plantão prontas pra arrancar seus olhos! Hahahahaha! Porque bonito mesmo é FICAR de saco cheio mas aguentar estóicamente, porque ser mãe “é padecer no paraíso”. Se catar, viu 😀

  • Kátia // June 3, 2011 at 9:42 am |

    momentos antes do Antonio nascer me deu uma sensação estranha de “meu deus, é uma pessoa dentro de mim mesmo? Com cara, corpinho, etc?”. Mas nossa apresentação só se deu realmente quando ele nasceu, quando voltou pro quarto e eu pensei “não eram gases mesmo…”. O amor pra mim também só nasceu e se desenvolveu depois de nascido, principalmente agora que estou curtindo a delícia e a beleza que é, aos quase 4 meses, ver ele se desenvolver e interagir. Comigo também é muito grande essa sensação de que ele depende de mim e do meu marido para viver, mas não sei se ocorreu contigo também: comecei a temer pelo bem estar e segurança do meu marido. Acho que é porque na minha cabeça agora nós formamos uma família e somos responsáveis por criar um ser humano com noção de respeito e consequência, vai saber. Talvez seja só o meu lado primitivo de preservação da espécie atuando. 🙂 beijoca

    • zel // June 3, 2011 at 10:59 am |

      Kátia, interessante você pensar nisso. Depois que o Otto nasceu, além de me preocupar HORRORES por ele (o medo que dá do bebê morrer, adoecer, ai deus me livre), comecei a me preocupar por mim e pelo Fer, sim.

      Acho que foi mais intenso nos 2 primeiros meses, depois acho que acostumei. Tento não pensar muito nisso, porque é muito foda. Eu disse pro Fer quando o Otto nasceu: ser mãe é sentir pavor constante. Ainda bem que melhora.

      • Mariangela // June 4, 2011 at 3:45 pm |

        Zel,acho que melhora em termos.Minha mãe sempre diz que só começou a respirar aliviada depois de todos os filhos formados e independentes,principalmente.Dá um medo danado de morrer,de adoecer(por esta eu já passei,meu marido adoeceu gravemente mas se curou,e foi um horror,e a filha tinha 4 anos,a sensação de horror é indescritível).Mas a gente administra estes sentimentos também, eles fazem parte do instinto de cuidar das crias,acredito eu.Beijo!!

      • Célia // July 23, 2011 at 6:03 pm |

        Concordo!!!Não sei até quando, mas acho que o “parvor” com o tempo melhora, não deixamos de ficar preocupadas, mas a paranóia diminui!!!!!Falo por mim, quando o meu filho era ainda bebê acho que fiz a vida do meu marido negra, controlava tudo e ai dele se passasse 1 minuto da hora das refeições. Até que percebi que tinha que melhorar, pois além de ficar doida, ficaria sem marido também LOL!!!

        bjinhos

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