pretendo escrever sobre este assunto pela última vez, não só porque não sou engajada e nem tenho tempo para bandeiras mas principalmente porque ser mãe é muito, muito mais que parir. é, eu sei que quando estamos grávidas do primeiro e único filho sentimos que aquilo é a coisa mais importante e intensa e uau! e etc. mas a verdade é que o restante, o que vem depois, é mais intenso, mais punk, mais incrível e (é óbvio, mas enfim…) mais importante.
já afirmei aqui inúmeras vezes que sou 100% a favor de parto natural. sem drogas, sem intervenção, completamente humanizado. e que acredito que quem faz o parto é, sim, a mãe. processo fisiológico, complexo, intenso e cheio de significado, e que deve sim ser conduzido pela grávida. médicos devem ser apoio, suporte, ajuda, e nada mais. a menos, é claro, que a gravidez ou o parto sejam caso médico, o que é realmente a minoria.
acho que os médicos são mal preparados para lidar com partos. tratam como procedimento médico, não sabem lidar com o imprevisto, são muito inseguros quanto ao processo fisiológico e se apegam em horas, dias, tamanho. muitas métricas para tentar controlar o que não é tão simples controlar (e por que afinal precisa ser controlado?). acho que os médicos têm muito a aprender com as parteiras, e as próprias parturientes. deviam aprender a acompanhar o processo, e se adaptar à realidade de cada ser humano que atendem, aprendendo a cada experiência, ao invés de repetir mecanicamente procedimentos. aliás, todos os médicos deviam ser assim, não? (mas essa discussão de perfil do médico é OUTRA, não cabe aqui)
dito isso, lembro que meu parto foi um pesadelo. a gravidez foi perfeita, eu sonhava (e me preparei) para um parto natural e humanizado, ainda que dentro de uma maternidade, que foi minha opção. na prática, fiz uma cesárea de emergência e meu filho quase morreu. além de ter passado por um risco IMENSO de ter sequelas. felizmente ele aparentemente não tem sequelas (nunca saberemos com 100% de certeza, na verdade), mas a experiência do parto emergencial e filho na UTI por 8 dias foi horrível, não desejo pra ninguém.
ordenhei desde o primeiro dia, quando o otto nasceu, e jogava o leite fora, pois ele não podia ainda se alimentar e não era possível congelar no hospital. essa rotina, além de fisicamente desgastante foi muito difícil, pois me lembrava a cada ordenha que ele devia estar ali, se alimentando, e estava numa estufa na UTI. fer e eu visitávamos o menino a cada 3h no mínimo, às vezes mais, e só saímos quando nos expulsavam, ou quando eu precisava descansar. passei por uma cirurgia muito pesada e estava ali, andando pra cima e pra baixo pra visitar meu filho, cantar pra ele, acariciar seu corpinho pela parede da estufa. e no quinto dia depois de nascido eu pude finalmente pegá-lo no colo e dar o peito, e ele mamou tranquilamente, sem dificuldade. e eu tinha tanto medo de perdê-lo, dele ter algum problema, que nem me deixei apaixonar nestes primeiros dias. vivi dias de sombra, anestesia emocional. foi só quando ele chegou em casa que me permiti sentir amor, emoção, apego, e tudo o mais que precisava sentir. adoeci enquanto ele estava na UTI, e era tudo emocional. stress, medo, tudo misturado.
meu plano de parto deu todo errado. mas eu continuava a mesma pessoa, procurando fazer o que achava melhor pra mim e pra ele, a partir dali, depois do trauma todo. e aqui é que começa o que eu realmente quero dizer pra vocês sobre os movimentos e grupos de parto humanizado e “maternagem” (vejam que é preciso inclusive inventar uma palavra nova para a atividade mais antiga desde que o primeiro animal apareceu nesta terra).
não existe apoio, conforto e nem empatia deste grupo seleto de mulheres que “buscam os melhor para si mesmas e para seus filhos” quando acontece de você parir seu filho via cesárea. a única explicação possível é que você foi ENGANADA (ou seja: é ignorante ou idiota). e que infelizmente seu parto não é um parto, é uma cirurgia. e que seu vínculo com seu filho jamais será igual ao que as mães-de-verdade têm, porque afinal o vínculo se estabelece no instante em que a criança nasce e é colocada no seu colo ou no seu peito.
vocês leram tudo que escrevi ali em cima, sobre minhas crenças antes da maldição da cesárea se abater? ofereço mais informação: consumo alimentos orgânicos, sempre prefiro este tipo para o meu filho e para minha família. tudo feito em casa. sou contra deixar bebê chorando, sou a favor de amamentação em livre demanda (e assim fiz, até quando o otto quis e meu horário de trabalho permitiu), não tenho nada contra os pais dormirem junto com os bebês, e acho que lugar de bebê é no colo.
parece que sou parte da minoria, e que me daria muito bem nestas comunidades, certo? ERRADO.
procurei informação e apoio através da leitura de blogs e sites sobre parto, amamentação, maternidade em geral, e em todos que se preocupam com as coisas que eu me preocupo predominam as xiitas. ou você abraça completamente a “causa”, ou é mãe-de-cesárea. não há lugar, nestas comunidades, para mulheres que fazem opções diferentes das que elas propõem como perfeitas ou “naturais”. exemplifico: quando relatei meu caso, ouvi / li coisas como “ah, mas isso só aconteceu porque você foi para o hospital e aceitou a indução do parto. se tivesse ficado em casa, o menino poderia ter nascido sem complicações”. é, ele poderia ter morrido também, já que eu estava com 38 anos tendo meu primeiro filho e ele teve compressão de cordão. mas vamos convenientemente esquecer essa probabilidade.
também li que meu cansaço e saco cheio com o bebê pequeno, a rotina intensa de amamentação eram consequência do meu parto. cesárea = não tem vínculo = fico cansada e de saco cheio de cuidar de bebê o dia todo.
aí eu pergunto: por que mulheres que são minoria, e estão lutando pelo direito a parir e criar seus filhos de uma forma alternativa, anti-mainstream, são tão incapazes de sentir empatia por outras, como eu, que estão MUITO mais próximas delas do que das mães que marcam hora da cesárea logo depois da manicure e alimentam os filhos com danoninho?
eu respondo — porque elas deviam estar lutando pelo seu próprio direito de escolha, mas estão lutando na verdade contra as escolhas DOS OUTROS. é tudo ou nada: se você fez uma cesárea e não se arrepende e não tem ódio de médicos e do “sistema”, você é um DELES, e não merece simpatia alguma.
mas elas são minoria, então por que você se importa e reclama? porque a causa delas É A MINHA TAMBÉM, só que elas estão estragando tudo! e é minha causa parcialmente, claro, pois não concordo com o pacote todo. mas quando pessoas radicais e que, no fundo, só se importam com “a causa” predominam, a mensagem importante que está por trás disso tudo se enfraquece. eu mesma me sinto muito menos inclinada a defender essa bandeira, já que fui excluída da “patota” porque não guardo rancor contra minha médica e nem acho que cometi nenhum erro. foi como foi, e sigamos.
alguém cruel pode dizer que eu sou contra esses grupos porque fui excluída, que é puro rancor e despeito porque não “consegui” parir. já devem ter dito, aliás, se me lembro de alguns comentários aqui no blog. a verdade é bem mais simples e menos intrincada emocionalmente: eu sou pró escolha. em todas, absolutamente TODAS as instâncias da vida, desde a concepção de um filho até o dia da própria morte. e estas senhoras tão cheias de boas intenções, no frenesi do “empowerment”, esquecem que todas as escolhas são possíveis e ABSOLUTAMENTE TODAS devem ser respeitadas.
acho incrível alguém se permitir dizer a uma mãe que seu amor por seu filho é menor porque ele nasceu através de um corte na barriga e não através da vagina, ou porque mamou na mamadeira e não no peito. seja por ignorância ou por escolha, esse julgamento devia estar fora de questão. o empenho devia estar na informação, educação, apoio e não no julgamento! afinal, por ignorância ou simples opção, escolhas devem ser respeitadas.
no mais, vida longa a todos os blogs e sites com informação sobre parto natural, amamentação, contato prolongado com o bebê. a grande maioria das mulheres realmente precisa de mais informação para tomar decisões melhores e com mais confiança, sem precisar delegar a outros a decisão sobre seu corpo e sua vida.
update 1: excelente artigo sobre tolerância, completamente relacionado a esse assunto, dica da denize barros.
update 2: não mencionei isso no post, mas é tão importante que resolvi atualizar. tenho certeza que o parto/amamentação no peito/proximidade da mãe nos primeiros meses de vida faz MUITA diferença para o bebê. mas se fosse TÃO determinante, pobres dos seres humanos adotados, não? estariam condenados para o resto da vida! não duvido se encontrar por aí alguém dizendo que amor pelos filhos adotivos não é igual ao que temos pelos filhos biológicos.
30 responses so far ↓
Clarice // May 23, 2012 at 3:48 pm |
Eu sempre disse que acompanhar a gravidez da minha irmã de perto desmistificou muito a gravidez pra mim, mas acompanhar as tuas reflexões atiçaram as minhas reflexões. Além de ter encontrado em palavras muito do que eu sentia.
zel // May 23, 2012 at 4:00 pm |
curioso você falar sobre “desmistificar”, porque esse é outro ponto que me incomoda muito nas “ondas naturebas” de gravidez e maternidade — toda uma mística em torno de um assunto que devia ser simples, natural. parece que como contraposição à gravidez, parto e maternidade “mecanizadas” iniciada no meio do século passado estamos indo para o extremo oposto. extremos são sempre ruins, simplesmente porque são irreais. beijos!
Edson (Gan) // May 23, 2012 at 4:26 pm |
Ual, muito bem mandado! Parabéns pelo post e pelo desabafo!
zel // May 23, 2012 at 4:51 pm |
obrigada, querido. acho que é isso, mesmo, um desabafo. porque realmente me entristece não poder dialogar. afinal, quem quer se aproximar ou conversar com quem não te respeita, né? uma pena. um beijo!
Paty // May 23, 2012 at 10:03 pm |
Zel, este seu depoimento me transportou de volta ao dia 22/02/2002…tinha as mesmas expectativas de parto que vc, mas na hora H não rolou, pouca dilatação, a Laura não estava totalmente encaixada, etc. comecei a chorar e minhas mãos suavam frio, – E agora o que vai ser? Cesárea não!! ecoava em meus ouvidos.
Foi o que restou, uma cesárea. O que importa é que minha filha nasceu e vive até hoje muito bem. O que aprendi naquele momento foi que nem tudo podemos controlar e tenho certeza que todo o preparo para o parto normal me trouxe muito mais consciência e conexão com minha filha. Amo MUITOOOOOO minha Laurinha! bjo da tia Patzi!
zel // May 24, 2012 at 9:49 am |
Patzi (hahahhaha), você é um exemplo ainda melhor que eu! Afinal, você usa homeopatia e todas essas coisas que as xiitas aprovam. E você é uma SUPER MÃE, apesar de nos últimos anos ter trabalhado loucamente, apesar da cesárea 😀 Dentro do espectro de mães-fantasma e mãe-odara, você tá MUITO próxima das mães odaras. E você tem toda razão: a preparação e o desejo por passar pelo processo do parto normal já mudam a gente. O processo deixa a gente mais consciente e no controle da situação (mesmo que na hora H você acabe se submetendo a algo que não queria, pelo motivo que seja). Admiro muito você, viu? Beijo.
Renata // May 24, 2012 at 1:55 am |
Zel, gostei muito do seu post.
Porque percebo o mesmo que você, mas não apenas nessa questão de parto e maternidade, mas em várias outras. Acompanho alguns blogs tidos como libertários e feministas e com relativa frequência me espanto por observar com como eles, no fundo, são (muito) autoritários. É como se sua liberdade só devesse existir se você for agir de acordo com a agenda do movimento, o que a mim grita como uma grande e absurda contradição. É como você disse: se vamos ser pró escolha, que sejamos em todas as questões e não julguemos ninguém por suas escolhas.
Recebi algumas pedras dessas tidas feministas libertárias quando contei que, ao casar, decidi pegar o nome do meu marido. E o ponto é: independente do que se pense dessa questão em particular (pegar ou não o nome), não devíamos todos buscar um ambiente em que as pessoas possam tomar as decisões que quiserem, sem sofrer pressões de nenhum tipo?
Acho que ainda precisamos, todos, evoluir muito a nossa concepção de liberdade.
zel // May 24, 2012 at 9:55 am |
renata, exato. sei exatamente como você se sente, e sinto o mesmo. eu SOU feminista. não de carteirinha, não xiita, mas VIVO isso, sem necessidade de me engajar. e ajudo minhas amigas mulheres a serem, do seu jeito, um pouco feministas também. e acho que faço mais do que muitas dessas radicais que acabam afastando as mulheres que desejam ser mais livres mas não concordam com o sistema de regras que elas inventaram.
eu não uso (e nunca usaria) o nome do meu marido, e não por uma questão feminista mas porque simplesmente não me sentiria eu 🙂 mas isso é uma questão tão pessoal que acho incrível as pessoas se meterem, darem palpite.
MINHA opinião é que feminista que julga a escolha consciente de outras mulheres NÃO É FEMINISTA. feminista de verdade apoia as escolhas de outras mulheres mesmo que não concorde com elas. porque é disso que se trata: ter poder, conhecimento, autoconfiança e liberdade de escolher.
beijo!
Fer Balestra // May 24, 2012 at 1:27 pm |
É verdade, Zel, nem lembrava mais. Naquela certidão bonitinha que eu mandei fazer para você o seu nome ainda é o de solteira mesmo…
Coisinha linda! 🙂
zel // May 24, 2012 at 1:46 pm |
😀
Anna // May 24, 2012 at 9:40 am |
Não leio mais blogs maternos pelo mesmo motivo que parei de ler revista de moda. Cansei de me sentir inadequada porque (insira aí o motivo da vez). E cansei de proselitismo. Eu sou a mãe que eu consigo ser – com cicatriz de cesárea ou não. (tenho vontade de dizer sempre, “p****, eu sei que eu sofri uma cirurgia! Obrigada por me informar/me lembrar que eu tive prolapso de cordão no meio do parto normal!”)
zel // May 24, 2012 at 10:00 am |
hahahahhaha anna! boa comparação. e o que mais me incomoda é que na minha humilde opinião, blogs e sites de maternidade deviam ser de APOIO. sei lá, pode ser romantismo da minha parte, mas a empatia e cuidado com o próximo são das coisas que eu mais admiro em ser mulher/mãe. acho que seria perfeitamente possível educar e informar sendo mais “mãe” com mulheres que procuram estes grupos, sem julgar. mas enfim… beijo!
Anna // May 24, 2012 at 11:31 am |
É justamente esse o nó górdio, como diriam os antigos. Ao invés de apoio, a gente tem uma competição: sou mais mãe que você porque eu tive um parto humanizado/amamentei até os X anos/faço cama compartilhada. É que nem conversa de parquinho, só que piorada.
E a discussão no sentido macro acaba se perdendo – ao invés da gente ir lá pra briga por condições melhores de pré-natal e parto para todas ou por espaço decente pra amamentar/ordenhar no trabalho, fica-se perdendo energia pra falar em mística materna e maternagem (odeio o termo, aliás). Foco não faz mal, né? Beijos!
zel // May 24, 2012 at 11:38 am |
EXATAMENTE, anna. acho muito mais útil brigarmos por ter local adequado de ordenha no trabalho, ou creche interna, do que dizer que é MELHOR ficar com o bebê em casa até os X anos, ou coisa assim. pegou certinho no ponto 🙂
Cleunice Rocha // May 24, 2012 at 6:55 pm |
Olá Zel,
Estou com 59 anos, minha filha com 28 e ela nasceu de parto de cócoras, com a Dra. Maria Celia Del Valle. Médica que defende justamente a escolha da posição e etc. Tive bastante sorte (já escrevi sobre, aqui) e também não era mais uma mocinha, o que me ajudou muito.
Foi tudo muito bom, tudo muito bem, mas como você disse: é um momento. Que pode ser bom, que pode ser mais ou menos difícil, mais ou menos fácil. Um momento, só.
O que conta mesmo, mesmo, é tudo o que vem depois, sem desmerecer a delicadeza e a importância do momento já citado.
Agora, dizer que só é “mãe” ( e bota aspas nisso, ê palavrinha perigosa ) quem teve parto desse ou de outro modo?? Santíssima ignorância. O que dizer, então, de adoção?
Deuses, é “mãe”, “pai”, educador, criador, quem cuida, quem convive, quem ajuda, quem está ali. E chega de transformar o parto em carro alegórico, caramba!
Beijos a vocês três.
P.S.: Acompanho sempre as fotos do Otto e o que mais me chama a atenção é que ele me parece uma criança muito feliz, satisfeita da vida. Parabéns.
Cleunice Rocha // May 24, 2012 at 7:23 pm |
E mais uma coisa: parto normal, amamentação, absolutamente nada disso transforma nem a mulher nem o filho em pessoas especiais. Tudo o que vem depois, durante uns 20 anos é que define pessoas ao menos decentes e responsáveis ou não.
zel // May 24, 2012 at 10:50 pm |
cleo, estava aqui pensando com meus botões que devia ter citado adoção. obrigada por lembrar, e por dar relatos tão bons e bonitos.
mães adotivas então jamais têm vínculos com seus filhos, suponho? pobres delas que jamais poderão parir nem amamentar, e cujos relacionamentos com seus filhos serão piores por isso.
juro, não sei como alguém pode SUGERIR coisas desse tipo. é só olhar o mundo ao redor pra ter certeza que isso é absolutamente mentira. mas enfim.
beijo!
Natalia // May 26, 2012 at 4:16 am |
Sem paciência para as ‘mães-namastê’. A única pessoa no mundo que tem o direito e propriedade de me avaliar se sou ou não menos ou mais ‘mãe’ que elas é o meu filho. Zel, adoro seus textos. bj
zel // May 28, 2012 at 10:17 am |
concordo, natália. só que além da questão de não julgar tem também o ponto da pri (que é o meu também) sobre elas acabarem atrapalhando o engajamento de outras mulheres que procuram outras alternativas. a menos que você seja tão radical quanto elas, acaba pegando ojeriza. o que é péssimo, já que a falta de informação e apoio pra quem quer fazer as coisas de um jeito diferente é uma realidade. beijo!
Pri // May 27, 2012 at 9:17 pm |
Zel, assino embaixo do seu texto, mais uma vez excelente. Ainda não sou mãe, mas já leio e pesquiso bastante sobre as opções possíveis. O que me incomoda um pouco nessa questão é que esse fanatismo todo faz o tiro sair pela culatra: com tamanha intolerância e críticas às escolhas diferentes, as futuras mães se assustam e acabam seguindo a corrente dos médicos pró-cesárea e conveniência. Se os grupos que apoiam o parto humanizado também apoiassem e respeitassem o direito de escolha, acho que haveria mais mulheres interessadas, trocando informações, fortalecendo a ideia…
Beijo!
zel // May 28, 2012 at 10:01 am |
pri, EXATAMENTE isso. é uma minoria que vai continuar sendo minoria pra sempre, porque elas não querem expandir a panelinha. se preocupam só com quem está certo/errado e não com informação para decisão consciente. acho triste, e fico chateada porque gostaria que mais mulheres simpatizassem com os princípios da “causa”.
Bruna // May 28, 2012 at 8:55 am |
Eu tenho MEDO desses blogs e grupos. Nem acompanho porque acredito que 99% do que realmente é difícil e decisivo na criação de uma criança acontece fora da maternidade/casa de parto/banheira, o que quer que seja. Eu acho que essa patrulha toda significa muito tempo livre, só pode. Imagina uma pessoas dessas entrevistando alguém para um emprego? “Escuta, você nasceu de parto humanizado ou de cesárea?”. Céus! Beijos, Zel.
zel // May 28, 2012 at 9:59 am |
hahahhahahhahahaha!!!! é, acho que excesso de tempo livre pode explicar 🙂
Danielle // May 29, 2012 at 2:27 pm |
Zel, assino embaixo de tudo. Sou completamente simpatica à causa, que infelizmente é desmerecida pela abordagem egocêntrica, infantil, mística, etc. Que parece ter o objetivo-mor de autoidolatria, e não o de acolhimento; que só apoia o direito de escolha se for pra escolher as mesmas coisas que elas escolheram; só considera verdadeiramente mãe quem pare e cria suas “crias” tipo bicho… Todo o resto é “menor”, é “ignorância”, é “desamor”… Pelo amor de seus filhos, cresçam, caiam na real, enxerguem além de seus próprios umbigos.
Bjs!
Fabricia Valeck // June 1, 2012 at 11:17 pm |
Zel,
Sempre te leio, mas hoje com este post veio também a vontade de comentar pela primeira vez. Por você ter colocado em palavras tudo o que eu sinto.
Também concordo que o parto normal é a melhor escolha e até o fim da minha gestação gemelar era esta a minha opção – mas a bolsa estourou e tive sangramento, fiz uma cesárea a toque de caixa e assim os gêmeos nasceram, fofos e saudáveis. Também apoio e defendo o aleitamento materno exclusivo e, apesar de amamentar os gêmeos simultaneamente, tive que complementar a alimentação deles com fórmula e aos 3 meses e meio vi meu leite ir acabando, apesar de todas as tentativas, litros de água tomados, simpatias, receitas da vovó e até medicamento. Ou seja, não consegui por em prática nem uma coisa, nem outra.
Muitas vezes me senti culpada, achando que eu não havia me esforçado o suficiente, que não tinha feito a minha parte. Mas a maternidade me trouxe uma força que eu desconhecia e com a experiencia maluca de ter que cuidar de duas criaturinhas recém chegadas ao mundo, tive que ir reorganizando meus pensamentos e colocando minha cabeça no lugar.
Sou mãe e sim, às vezes me canso, me estresso, fico de saco cheio, me sinto entediada, as vezes choro a noite me achando “embarangada” depois de cuidar de dois bebês, 24 horas por dia. Duvido que alguma mãe no mundo não tenha sentido algo parecido em algum momento…
Mas hoje tenho a certeza de que sou a melhor mãe que posso ser para eles e isso é libertador. E ao ler seu post e os comentários senti o apoio que você citou, dificilmente encontrado em outros blogs “maternos”.
Por último: adoro seus textos, pela coerência da defesa de suas ideias (nao concordamos em tudo, mas admiro a forma como você coloca seus argumentos).
Desculpe o tamanho do comentário-desabafo.
Abs
Fabricia
Gio // June 30, 2012 at 7:20 pm |
Conte pra uma dessas mães que vc não quer ser mãe. E queime no fogo no mármore do inferno.
é mais ou menos como me sinto quando digo que, apesar de achar a maternidade uma das coisas mais incríveis do mundo, não é pra mim. Viro uma não-mulher.
Tânia C. // September 18, 2012 at 7:39 am |
Zel,
Como precisávamos de um texto desses! Obrigada e sinta-se compreendida. Concordo também com o comentário da Gio: “Conte pra uma dessas mães que vc não quer ser mãe. E queime no fogo no mármore do inferno.”
E a resistência que o povo tem à adoção? é outra coisa que me entristece muito. as mesmas mães alternativas, carismáticas, anti-sistema, naturebas e o caralho são incapazes de adotar e/ou apoiar a adoção. que humanistas são essas? humanismo reaça existe?
um beijo
zel // September 18, 2012 at 9:21 am |
Tânia, nem me fale. É um humanismo de butique, e na minha opinião mais uma das inúmeras formas de provar algo pra si mesmo ou para os outros. Da mesma forma que tem gente que compra carro do ano pra demonstrar status ou poder, algumas mulheres fazem o mesmo com a maternidade (usam como “badge” pra mostrarem que são melhores, mais informadas, mais poderosas, etc.). Há tantas formas de se auto-afirmar, formas positivas e construtivas. Não entendo essa necessidade de julgar as outras mulheres com tanto rigor. Mas enfim, pior pra elas. Beijos!
Priscilla Bezerra // November 26, 2012 at 1:51 pm |
Poxa, dá para perceber que os contatos que vc teve com indivíduos pró parto natural foram complicados, realmente com pessoas bem radicais!!! Sou a favor de td que vc cita acima, mas acredito no poder e na benção que uma cesária necessária pode ter e ser. Ás vezes penso que o que há é na realidade falha na comunicação entre as tais ativistas e as demais mulheres, pois já vi o quanto é comum que se confundam os conceitos de “Parto Humanizado” e “Parto Domiciliar”, assim como os de “desnecesárias = Cesária eletiva” e “Cesária de emergência”. Sou contra cesárias por conveniências médicas ou da mulher sim, mas, JAMAIS, contra uma cesária necessária para salvar a vida da criança, da mãe ou de ambos. Por que escrevo estas coisas? Porque me considero uma ativista, mas não radical, pois com radicalismo não há argumentação e sem esta, as chances de adesão às minhas ideologias são muito menores se não nulas. Quando enxergo radicalismos, seja lá sobre o que for, não me desgasto, simplesmente ignoro, não vale vc se estressar. Entendi este post mais como uma necessidade de desabafo e isso sempre é bom, sempre faz bem.
Grande abraço a todos.
zel // November 26, 2012 at 2:00 pm |
priscilla, obrigada pelo comment. pois é isso: radicalismo não beneficia ninguém. acolher as mulheres e suas escolhas (ou a ausência delas, quando há ignorância) faz parte, a coisa mais importante (eu acho, né) é que cada mulher seja 100% consciente do seu processo, que tenha a oportunidade de escolher, de encontrar caminhos não “certos” ou “errados”, mas adequados à sua necessidade e limitações. beijos.
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