fabricando

família e princípios — essas coisas de antigamente

December 10, 2012 · 4 Comments

hoje no facebook me deparei com 2 artigos que motivaram textos distintos, mas que resolvi juntar por aqui, porque os assuntos são afins: de um lado, mais um programa de TV promovendo o consumismo infantil, para além de quaisquer limites do aceitável; de outro lado um artigo asqueroso de um jornal paranaense afirmando que crianças adotadas por homossexuais não fazem parte de uma família. família = mulher, homem, crianças.

(o título do artigo: a PERVERSÃO da adoção)

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sempre achei criança e o universo infantil um tanto enfadonho, enquanto adulta-e-sem-filhos. via crianças mal educadas e sem noção, e torcia o nariz pra elas. “criança no geral é chato, né?”. depois de ter meu filho e começar a conviver com crianças mais intensamente (a minha e as dos outros) percebi que meu incômodo fora mal direcionado a vida toda. crianças são incríveis (porém MUITO cansativas, isso é real), o problema são SEMPRE os adultos que as cercam, em especial os pais. os adultos ao redor transformam promessas de seres humanos normais em criaturas sem-noção-e-sem-discernimento.

vejam o exemplo do programa de TV: qual adulto empenhado em educar seu filho e transformá-lo num cidadão do mundo atual (redução de consumo, respeito pela diversidade, etc.) entraria nessa onda de “festas milionárias”? aliás, pra quê festas de criança tão consumistas e fora da realidade de 99% do mundo? o que as crianças aprendem, em eventos como esses? e eu sei, esse é o exagero do exagero, mas pensem nas festas “comuns” em buffets, totalmente pasteurizadas, deixando presente no baú da porta. as crianças nem recebem mais os presentes (e os abraços) dos convidados. o afeto deixou de ser foco FAZ TEMPO, virou coleta de presentes, comilança de frituras e uma zona de crianças sem limite, cuidadas por monitores que são pagos pra não estrangular nossos filhos sem noção.

e mesmo com tantos exemplos de “famílias” fazendo besteira atrás de besteira na educação dos seus filhos, procriando feito coelhos e colocando milhares de pessoas no mundo sem a menor preocupação de torná-las serem humanos decentes, o asno do artigo sobre adoção ainda defende a estrutura “familiar tradicional”. sem nenhum medo de errar afirmo que pais adotivos homossexuais e as tais comunidades hippies (ahn?!) serão melhores pais para os seus filhos que estes imbecis das festas milionárias, ou os tantos imbecis que simplesmente colocam crianças no mundo sem nenhum empenho em educá-las.

para se constituir família não é preciso ter filhos, pra começar, meu senhor. há famílias SEM filhos também. não é preciso 1 homem + 1 mulher + crianças. este senhor vive na idade das trevas, assim como seu coração seco e duro, apoiado pelo seu pobre cérebro limitado.

precisamos dar às crianças afeto, tempo, dedicação. dinheiros, coisas, e “famílias margarina” são dispensáveis, secundários e, no limite, irrelevantes.

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tá difícil ser gente decente nesse mundo, é muito difícil criar filhos ensinando valores diferentes destes que aparecem cada dia mais por aí. muita força nessa subida, viu.

Categories: educação · maternidade
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4 responses so far ↓

  • Ligia // December 11, 2012 at 10:14 am |

    Zel, é bom também lembrar que esse mesmo raciocinio de o que é uma família foi também colocado no famoso artigo da Veja sobre homossexuais e cabras.

    Aqui em casa somos uma família de dois e não me sinto menos família por não ter filhos, assim como meus amigos homossexuais casados formam também famílias lindas (e disfuncionais também, como acontece com pessoas reais, independentemente do sexo.

    Olha só a pérola do sr. J. R. Guzzo:

    “Pessoas do mesmo sexo podem viver livremente como casais, pelo tempo e nas condições que quiserem. Podem apresentar-se na sociedade como casados, celebrar bodas em público e manter uma vida matrimonial. Mas a sua ligação não é um casamento – não gera filhos, nem uma família, nem laços de parentesco.”

  • Leticia de Souza // December 19, 2012 at 2:45 pm |

    Perfeita Zel.
    Até compartilhei teu post no face. Parabens!

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