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Seje ômi, menino!

January 22, 2022 · Leave a Comment

(Escrito em Janeiro de 2016)

Sempre odiei essa coisa de #mãedemenino (ou o contrário). Por mais que eu entenda (e aceite também, afinal fatos são fatos) as inclinações de gênero facilmente observáveis, reforçar estereótipos não beneficia nem o indivíduo nem a sociedade.

Não acreditamos nesta família em coisas, cores, brinquedos de menino ou menina.

Era irritante passear com meu menino vestido de laranja ou roxo ou rosa e pessoas comentarem “coitado do menino! Vocês vestem ele de rosa?!” ou sequer olharem a carinha ÓBVIA que ele sempre teve de menino e chamá-lo de “ela” porque ele vestia laranja ou cores vivas.

É desanimador quando alguém pergunta pra ele se “tem namorada”. É escroto dizer que ele é lindo e “vai pegar todas”.

Me dói (e dá trabalho pra desfazer o estrago) ouvir ele falar coisas que ouviu na escola / desenho como: meninas têm que ter cabelo comprido; meninos vestem azul. Felizmente temos uma família que ajuda a desmontar esses estereótipos retrógrados. Ele tem uma avó de cabelo curto é um avô de cabelo comprido. Uma mãe que não usa vestido. Um pai que trabalha em casa.

Mas vai piorar, e isso me dói por antecipação: meu filho é introvertido, sensível, com desenvolvimento físico / motor “atrasado” para a idade.

Ele não grita, não é agressivo, não joga bola. Ele desenha, brinca de bonecos, gosta de sereias e das estrelas. Ele odeia aula de educação física e os meninos que “fazem bagunça”. Ele gosta de ajudar nas tarefas domésticas, de preparar comida.

Quando vai começar o julgamento por ele não ser “MACHO” suficiente? Quando vão dizer que ele é “mulherzinha” ou mandar ele “ser homem”? Quando começarão a fazer comentários sexualizados, incentivando-o a ser escroto com as meninas?

Ser #mãedemenino é todo dia, toda hora, DESFAZER o estrago que os desenhos, as histórias e as pessoas continuam fazendo, pra não criar mais uma criatura sexista e horrível nesse mundo.

E você, #mãedemenino que não está fazendo isso ativamente, está ajudando a perpetuar uma sociedade desigual. Se ligue, e mude.

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