fabricando

Entries categorized as ‘alimentação’

harmonia

October 30, 2018 · Leave a Comment

Eu: “Otto, vamos comer uma frutinha? Acho que você anda comendo muito doce!”

 

O: “e o que tem de mais?”

 

Eu: “comer doce demais faz mal. Tudo que é demais faz mal!”

 

O: “inclusive fruta?”

 

(Fernando gargalha ao fundo)

 

Eu: 🙄 “inclusive fruta.”

 

O: “quero um pêssego.”

Categories: alimentação

olhos

April 17, 2018 · Leave a Comment

Otto leu um texto (na famigerada tarefa) que falava sobre uma criança indígena que ajudava o pai a pescar, e comia peixe.

O: “mas eu não como peixe!”

Eu: “lógico que come. Aqui no temaki, ó, isso é peixe. Salmão.”

O: “não é não. Peixe tem olho!”

Eu: “esse aí também tinha, junto da cabeça, que foi pra outro canto.”

O: …

 

Mais tarde, quando o Fer ofereceu temaki (que até ontem ele comia loucamente, assim como sushi e sashimi):

O: “eu quero, mas sem o peixe. Só a alga e o arroz.”

 

Danou-se.

Categories: alimentação

um príncipe na família ogra

March 7, 2018 · Leave a Comment

Pai e mãe #decesárea sentam na mesa, jantam, conversam, comem sobremesa e o pai subitamente percebe que a quiança…

 

não jantou.

 

😱

 

E #paisdecesárea comeram quase toda comida.

 

Mas sobrou, ufa, faz um ovo.

 

F: “Otto, a janta tá pronta, vem comer!”

 

(alguns minutos passam, escuto passos na escada)

 

O: “oi, desculpem a demora. Estava vendo desenho.”

 

Não sei como esse menino cresceu assim polido, sendo filho do Shrek e da Fiona.

 

😬

Categories: alimentação · variados

leite condensado

June 9, 2017 · Leave a Comment

[9-jun-2016]

Fui fazer a intervenção de leite condensado na canjica (melhorou uma barbaridade! :D) e sobrou uma colher de chá de leite condensado. Ofereci pro Otto (nunca comeu puro antes), ele ficou meio desconfiado mas decidiu: “vou tentar!”, tentou.

 

O, após colherada: “OPA!!!!!”

 

(1 minuto depois…)

 

O: “Ô mamãe, tem mais dessa coisa aí que eu não sei o nome?!”

 

Crack legal, meu filho, é crack legal.

Categories: alimentação

criando um gourmet

March 12, 2013 · 4 Comments

o título é uma piada, é claro, porque eu jamais faria esforço para criar um gourmet. não por nada, é que acho uma bobagem sem fim chamar culinária de arte. cozinhar é viver. e meu interesse principal é mostrar ao meu filho (e a quem me acompanha nessa vida, sempre que possível)  que comer é legal, divertido e gostoso (além de necessário). e que não é preciso tantos aditivos e subterfúgios pra realçar alimentos, eles são ótimos quando puros (crus ou não).

tenho escrito bastante sobre alimentação do otto desde que ele nasceu. no seu primeiro aniversário fiz questão de fazer um bolo bem lindo e diferente eu mesma (nada contra quem compra bolo do filho, ok? mas pra mim isso é importante, e faço questão de preparar eu mesma como parte do processo de comemoração). no aniversário de 2 anos, fiz questão de fazer todas as comidas servidas na festa em casa, com a ajuda das avós, amigos, tios e tias.

o processo de elaboração da comida (começando pela decisão do cardápio, passando pela preparação e arrumação na mesa) é uma das coisas mais deliciosas das comemorações. há uma quantidade enorme de amor nessa preparação, escolha de ingredientes, em todos os passos. não é só comida que se mastiga e engole, é a camaradagem na cozinha, as brincadeiras durante a preparação, a mesa sendo arrumada, o resultado final, a conversa sobre o resultado.

e assim também é no dia a dia — comer é socializar, interagir. dar de comer é cuidar, e amar. a comida do otto sempre foi feita com cuidado, técnica e amor, seja por mim ou pela babá dele, que tem com a comida a mesma relação que nós da casa. talvez por isso ela esteja trabalhando tão bem conosco há 5 anos, sempre tão bem alinhada com nossos valores. ela e eu começamos o processo de alimentação do otto juntas, e ela (com 2 filhos e 1 neta) me ensinou muito também. preparei no papel a lista de alimentos dele quando começamos o processo, experimentei tudo que ele comia, mudamos as combinações conforme a reação dele à comida, e dia a dia apresentamos a ele o maravilhoso mundo dos alimentos. e como resultado, o otto ama comer e experimentar coisas novas!

o otto nunca comeu papinhas industrializadas. comprei uma vez, para testar “na rua”,  como backup (caso ele recusasse a comida feita em casa), mas nunca foi necessário. a verdade é que ele só comeu papinha por 2 meses (até o final dos 7 meses), pois logo que se acostumou com a papinha começamos a dar pedaços de legumes, frutas e carnes (aos 9 meses). e logo que percebemos que ele mastigava, começamos a separar os alimentos bem claramente no prato, e começou a comer arroz, feijão amassado, e tudo o mais. com 12 meses ele comia salada, prato principal e fruta de sobremesa, como um adulto. sal e temperos mais fortes só colocamos a partir dos 2 anos (apesar de sempre ter comido tudo do jeito que era servido quando estávamos na rua). outra coisa que não incentivamos foi tomar suco de fruta, sempre preferimos dar a fruta diretamente (e ele gosta mais). o único suco que damos é de laranja, feito na hora, pela manhã, já que ele não toma leite.

antes de 12 meses, o que fazíamos era levar a comida dele em potinhos, pra onde íamos. e quando possível (faço isso até hoje, aliás), ele almoça antes de sairmos, especialmente quando não temos controle sobre o cardápio. há poucas coisas realmente proibidas na alimentação dele — (*) refrigerante e álcool 😀 — então comer fora não é problema. como em casa ele come de forma muito regular e correta (salada + prato principal + fruta), não nos importamos que ele coma coisas piores nos fins de semana. a verdade é que depois dos 12 primeiros meses de “doutrina” dos alimentos (sem sal, sem tempero, tudo colorido e separadinho no prato, muita variedade) ele não tem medo de experimentar nada, e quer provar de tudo. gosta de variedade, não dá muita bola pra doces (come, mas sem muita fissura) e não se acostumou a tomar líquidos junto das refeições. seguimos a recomendação do pediatra dele de preferir sempre comer a fruta ao invés de tomar suco, e ele acostumou.

hoje em dia ele almoça e toma o lanche da manhã na escola — menu ovo-lacto-vegetariano e orgânico, já falo sobre isso — e toma café, lanche da tarde e janta em casa. sempre comida preparada por algum de nós (pai, mãe ou babá) ou pela cantina da escola, preferencialmente alimentos orgânicos (ovos e frango sempre orgânicos). faço bolo 1 vez por semana, quando o pai toma sorvete ele toma também, quando a mãe quer pipoca ele come também 🙂 e nos fins de semana, comemos o que decidimos na hora.

um dos fatores de decisão sobre a escola que ele frequentaria foi o cardápio de almoço e lanche. nos incomodou demais a quantidade de alimentos que nos recusamos a consumir que são servidos nestas escolas, entre eles: pãozinho “sevenboys”, margarina (!), suco de caixinha, frango e ovos não orgânicos. nada de fruta ou castanhas de lanche, porque “as crianças não comem”.

somos absolutamente contra restrição de proteína animal para crianças. diferente do que muita gente afirma, em especial para crianças, é recomendada a suplementação em caso de dietas vegetarianas. não faz sentido algum pra mim optar por suplementar artificialmente com vitaminas que podem ser obtidas diretamente dos alimentos. entendo a opção de um adulto em ser vegetariano, é válido e legítimo, mas não acho correto impor a mesma decisão (que nem é decisão, afinal) a uma criança. mas vegetarianismo é como religião — não dá pra discutir, porque passa por crença e motivação moral e ética. então falo somente por mim: se meu filho decidir ser vegetariano (ou judeu, enfim), é opção dele, quando tiver discernimento para decidir. privá-lo de proteína animal em sua fase de crescimento por uma convicção, sem ter 100% de certeza das implicações no seu crescimento e desenvolvimento? não mesmo.

**

me motivei a escrever este post porque muitas pessoas me parabenizam pelo ótimo apetite e disposição pra comer do otto. e eu acho estranho, porque no fundo sempre acho que esse amor pela comida e pela experiência de comer é inato, é dele. mas pensando racionalmente (e lendo muito do que se escreve por aí sobre hábitos alimentares de crianças), acho que não é só isso mesmo. repensei algumas das nossas práticas alimentares da casa, e acho que têm sim impacto no comportamento dele. e resolvi compartilhar, apesar de não haver comprovação nenhuma e eu não poder garantir que vai funcionar com todas as crianças. mas quem sabe né? tentar não custa.

1) seja a mudança que você quer ver no mundo. você, ou as pessoas que convivem com a criança, são chatos pra comer, não comem de tudo? esqueça. vocês são os exemplos, e não existe o “faça o que eu digo mas não faça o que eu faço”. a alimentação do outro é uma das coisas que é impossível controlar, mesmo quando o outro tem só 8 meses de idade.

2) ofereça o mesmo alimento repetidas vezes, em especial no começo do processo de alimentação. o pediatra do otto sugeriu que servíssemos a mesma fruta por 7 dias, mesmo que ele recusasse, e só então trocasse a fruta. pra que ele conhecesse a fruta, a cara, o cheiro, o gosto, a textura. as crianças recusam tudo que não for leite da mãe, no começo. resistir à mudança é parte da natureza humana, é preciso insistir para ensinar que coisas novas podem ser legais, depois que deixam de ser novas. aos poucos eles aprendem que coisas novas podem ser interessantes (mas continuam recusando no começo. continue oferecendo)

3) nunca insista à força. nunca. essa briga você vai perder. não é possível obrigar alguém a se alimentar de forma consistente. é preciso criar o interesse, e principalmente tornar a hora da refeição um momento agradável, feliz, gostoso. não quer comer? não coma. coma você, mostre prazer em comer. as crianças funcionam por imitação. aconteceu mil vezes do otto não querer alguma coisa, até outra pessoa experimentar — aí ele queria. e amava, e repetia.

4) sempre ofereça muita variedade. as crianças gostam de brincar com a comida, de se divertir enquanto comem. além disso, é importante ter a opção de recusar — se você colocar só 2 alimentos, e ela recusar 1 deles, sobrou só 1. se você oferecer 5 tipos de alimentos e ela recusar 2, ainda sobraram 3. é normal a criança se recusar a comer alguma coisa, faz parte inclusive do processo de auto-afirmação. deixe que a criança tenha a opção de escolher. faça porções pequenas, para não desperdiçar, e pronto (dependendo do caso eu guardo o que ele não quis, e sirvo de novo em outra refeição, e ele come!)

5) a propósito — acostume-se com o não. lide com o não de forma natural, como lida com o sim. a criança precisa sentir que o não/sim têm o mesmo peso, senão a recusa vira arma contra você!

6) não rotule o gosto da criança pela recusa. um “não” não significa que ela não gosta do alimento, mas que naquele momento ela não o quer. quando a gente rotula o gosto da criança rapidamente demais, as opções começam a ficar escassas, e pior, a criança não terá oportunidade de mudar de ideia, porque você não vai mais oferecer! ou pior: vai se convencer (por sua causa!) que ela realmente não gosta de X. policie-se, evite rotular, insista, tente de novo e surpreenda-se.

7) faça pratos bonitos. misture sabores e texturas. não cozinhe demais os legumes, assim que a criança começar a mastigar. mastigar é divertido, e faz parte do processo digestivo. não faça “melecas” misturadas e purês, separe os alimentos claramente no prato. ensine o nome dos alimentos, aproveite a refeição para ensinar sabores (azedo, amargo, doce, salgado, etc.), texturas, cores. não tenha medo de deixar a criança experimentar ardidos, azedos, amargos. elas podem gostar!

8) seu filho não é você. ele pode ter gostos diferentes dos seus, então não limite o gosto dele tomando como base o que você gosta/desgosta. não é porque você odeia melancia (meu caso) que não vai servir para a criança (otto ama). criança não gosta só de doce, não. não tenha medo de dar alimentos crus (sempre limpos e sob supervisão, claro), castanhas, coisas “duras”. ensine seu filho a comer essas coisas.

9) coma junto com seu filho. eles comem melhor quando a gente come, e se interessam pelo que nós colocamos no prato. o otto experimentou cebola crua porque viu no meu prato, quis, experimentou e amou. come todo dia, e muito, se deixar. não existem alimentos “de criança”, eles precisam experimentar de tudo.

10) ensine seu filho a reconhecer os alimentos “in natura”. mostre as frutas, legumes, verduras, temperos (se puder, no jardim ou na horta). mostre os bichos que ele come. mostre ovos, deixe ele quebrar ovos pra fazer bolo, colocar a mão na farinha, experimentar açúcar, sal, canela. comida não é um prato feito na mesa, é um processo. eles amam aprender sobre o processo, e ajudar na preparação. isso cria uma afinidade e interesse pela comida que não tem preço.

11) evite temperos em excesso nos alimentos (sal, alho, cebola, louro, enfim). temperos são coadjuvantes, somente. apreciar o sabor original dos alimentos é maravilhoso, e só é possível se você não mascarar com temperos. dê ao seu filho a chance de saber qual é o gosto do brócolis puro, sem sal nem azeite nem alho nem nada. quando puder mostrar a diferença entre cru e cozido, mostre. é um aprendizado delicioso (inclusive pra você! aproveite a oportunidade pra re-conhecer seu paladar :D)

(update em 25/março/2013)

12) desencane da sujeira. experimentar com as mãos, esfregar na mesa, no prato, no corpo inclusive, faz parte. comer é também um ato sensorial, que a gente afina com o tempo (curte a textura só na boca), mas pra eles é tudo novo. eles ainda não controlam totalmente o movimento fino, então deixe pegar com as mãos, explorar. dê comida num lugar que seja fácil de limpar, e simplesmente coloque as roupas (e o resto) pra lavar depois. mania de limpeza e organização não combinam com bebês 😉

13) não ache que a refeição vai acontecer em 15min. se estiver com horário pra terminar, comece MUITO antes. eles demoram muito mais tempo que a gente pra comer, normalmente, e isso independe da fome. a refeição não é tempo só de se alimentar, mas de explorar, aprender, conhecer, e se relacionar com quem está dando a refeição. se estiver dando muito trabalho ou estiver de saco cheio (enche o saco às vezes, tá?), peça pra outra pessoa ajudar, alternando com você. aliás…

14) mamãe, experimente deixar outras pessoas darem a comida, você pode ter uma surpresa. por conta da nossa ansiedade pra criança comer, ou pressa, ou asco da bagunça, a criança percebe que aquele momento ela está no controle, e usa-e-abusa. muitas das relações de cuidado são quedas de braço entre cuidador/criança, elas estão justamente na fase de aprender sobre controle nos relacionamentos. quebre o ciclo, mude a rotina, e observe como as coisas mudam.

eu teria muito mais pra escrever sobre isso, mas acho que tá bom pra agora. espero que seja útil pra alguém 🙂

**

(*) pensei melhor e a lista não é tão pequena. fazem parte dela: sucos adoçados, chocolate de forma geral (ele só come quando a gente come, e é raro), bolacha recheada (dependendo de nós é jamais, em casa não entra), doces “de criança” tipo pirulito, balas, chiclete, salgadinhos de saquinho (nunca são comprados por nós também) estão na lista de no-no. evitarei ativamente que ele coma enquanto for possível. atualmente ele nem sabe o que é bala, pirulito, por exemplo. bolacha ele come, se oferecer, porque de vez em quando compramos um cookies orgânicos, e ele sabe a “cara” do alimento. mas não gosta muito, pra ser sincera. já doritos ele amou (puxou à mãe).

Categories: alimentação · dicas · educação

quando queres o sim e o não, talvez

August 31, 2012 · 15 Comments

uma leitora generosa desse blog deixou um link nos comentários deste post sobre como conversar com crianças que fala sobre dizer não. acho que vale compartilhar um pouco da minha experiência, pois decidi conscientemente como lidar com a questão, e até o momento fui bem-sucedida.

não sou dessas mães que são contra dizer não para crianças. já vi mães que não falam a palavra não (sei lá porque… dá azar? traumatiza? :)), e acho bem estranho. poxa, receber nãos é parte da vida!

mas concordo com o seguinte: fica complicado (e chato) quando você fala não o tempo todo, pra tudo. quando a criança começa a se movimentar e explorar, se não houver um mínimo de liberdade no ambiente onde ela fica e TUDO é proibido, a vida vai ser uma sucessão de nãos, o que é muito frustrante. crianças precisam de ambientes que possam ser explorados, experimentados com o corpo todo (a boca inclusive). você não precisa deixar sua casa inteira disponível para a criança, mas alguma área disponível precisa existir, para que ela faça o que foi programada pra fazer nesta fase (sem obstáculos frequentes): explorar.

ou seja — a criança precisa ouvir sim também, combinado com os nãos. até pra perceber a diferença, e aprender como funciona quero/não quero, pode/não pode. li em algum lugar que é bom balancear esses sim/não, de forma que um não fique muito mais frequente que o outro. falar sim demais pode criar situações de perigo ou tornar seu filho uma daquelas crianças sem limite que todos detestam; falar não demais pode deixar a criança intimidada e contrariada, e os 2 comportamentos são muito difíceis de lidar.

como equilibrar?

o ambiente

em casa, adaptamos algumas coisas principalmente para evitar perigos graves (cantos de vidro, tomadas, objetos pesados que poderiam cair em cima do bebê, etc.) e para evitar quebrar coisas que não podem ser repostas ou são caras demais (enfeites, eletrônicos mais delicados).

a casa ficou quase a mesma, mas não dá pra disfarçar que uma criança mora lá (nossa morada não é mais capa da casa claudia… :D), sempre tem um brinquedo, coisas espalhadas e alguns protetores de canto de mesa. ou seja — na medida do possível pra nós, cedemos para poder falar mais sim que não.

mas lembre que falar o sim é importante: observe a criança explorar e incentive a exploração de coisas que podem ser exploradas. dessa forma, quando você precisar dizer não, pode sempre contrapor ao sim. por exemplo: “o dvd player não pode pegar, otto, por que você não brinca com as caixas de dvd, que estão aqui?”

nós acabamos cedendo com algumas coisas que talvez não devêssemos, porque achamos graça e depois ficou muito difícil de mudar. o otto não engatinhava, ele “minhocava”. temos torres de cds na sala, e não tiramos. ele aprendeu a tirar os cds de dentro, e espalhar no chão. achamos super bonitinho ele tirando os cds com os dedinhos, e deixamos. só que ele cresceu, e começou a tirar mais e mais cds, espalhar no chão, abrir, destruir as caixas, e por aí vai. aí, aquilo que antes era permitido virou proibido, e foi muito chato ensinar pra ele a não estragar, na brincadeira. cds foram perdidos no processo, nos estressamos, ele chorou. penso que teria sido melhor já evitar a brincadeira no início, mesmo que inofensiva, pensando no futuro. mas pais de primeira viagem são assim mesmo 🙂

entenda como a criança funciona

a maior parte dos conflitos com crianças nesta idade (1 a 4 anos) é relacionada à necessidade de afirmar-se como um individuozinho independente 🙂 segundo o que tenho lido sobre desenvolvimento de crianças, isso é parte do crescimento e desenvolvimento cerebral — é sinal que a criança está se desenvolvendo como devia. está aprendendo a ser um ser separado, independente, e precisa se afirmar nesta condição.

quando os pais ou cuidadores não dão algum espaço para que a criança ocupe, a convivência pode ser muito desgastante. pense que a criança é completamente sujeita às regras e ideias de uma família que já existia, de adultos que já têm feito as coisas “do seu jeito” por muitos anos, e esperam que a criança simplesmente se adeque. só que ela vem programada para confrontar, testar e “ser ela mesma” (de preferência ao contrário do que é proposto :)).

o que fazer? criar aberturas para que a criança possa fazer as coisas do jeito dela de vez em quando. obviamente isso demanda um pouco de neurônios da sua parte — como dar à criança opções sem transformar sua vida num inferno ou criar um monstro? o que eu fiz foi dar opções em situações simples, tais como oferecer opções de roupa/sapato (viáveis, pra não me infernizar. não ofereça a fantasia de batman se não é uma possibilidade), oferecer sempre várias opções de comida na refeição (se tiver vários vegetais diferentes como opção, se a criança não quiser 1 ou 2 deles, tá tudo OK. e tem que variar sempre, pra não “viciar” a escolha).

outra coisa útil é oferecer opções no caso do não. o otto por exemplo não pode ficar de pé na banheira, durante o banho (escorrega). todo dia (sem exceção) ele tenta ficar de pé, ou fica de fato. ele sabe que não pode, porque já expliquei que ficar de pé é perigoso, e escorrega (ele já escorregou, quase caiu, ficou com medo e continua instindo, porque faz parte da idade, oras). fiz 2 coisas — avisei que se ele insistir em ficar de pé o banho acaba (e cumpro a promessa, já tirei do banho várias vezes depois de ter acabado de entrar) e disse que ele pode ficar sentado (o “normal”, que a gente espera) ou pode ficar de joelhos. ficar de joelhos é uma concessão, um compromisso entre o que eu quero (sentado) e o que ele quer (de pé). dou a ele as opções, e ele normalmente prefere (adivinhem?) “de joelhinho”. ele fica de pé, eu já aviso “otto, como é o combinado? aqui no banho, só sentado ou de joelhos. senão, acaba o banho. quer sair do banho?”. depois dessa conversa o mais normal é ele sentar ou ajoelhar, e afirmar a escolha — ele fala “sentado” ou “joelhinho”, olhando pra mim com aquele tom de que ELE optou. e quando preciso tirar ele do banho, ele já não chora, só fala “mamãe avisou!”. ou seja, ele sabe as regras, testou e entendeu as consequências.

procuro pensar em opções sempre, em todas as situações, pra evitar obrigá-lo a alguma coisa. na hora de comer eu acho o mais complicado, porque não é possível realmente obrigar ninguém a comer. isso não é problema aqui em casa e acho que temos a sorte dele ter ótimo apetite e gostar de comer, mas também acho que darmos várias opções e respeitar quando ele não quer faz diferença. ele avisa quando não quer (não insistimos) e paramos quando ele diz que está satisfeito (“feito!”, indicando com a mão que acabou). quando ele não falava, simplesmente respeitávamos quando ele cuspia. e percebi que às vezes deixava de lado as coisas que ele não queria comer, e quando eu menos esperava ele mesmo pegava com as mãos e comia, sem ninguém dar. ou seja — quando ele teve espaço pra escolher e comer sozinho, ele comeu.

também destaco algumas ocasiões que ele simplesmente se recusava a comer (entre 1 ano e 1 ano e meio), e eu tive uma intuição de que ele queria comer sozinho, deixei. funcionou muito bem — deixá-lo tentar (com as mãos e com talheres) foi a solução. várias vezes ele só comeu depois que deixamos que ele fizesse tudo sozinho. depois misturamos, deixamos uma parte do prato pra ele comer, e outra a gente vai oferecendo. essa é a melhor combinação, porque conseguimos controlar mais ou menos o que e quanto come, mas ao mesmo tempo ele se sente no controle da situação.

suponho que com roupas seja mais ou menos igual. acostumamos a escolher tudo, e sempre pensei que a criança só escolhe roupas e sapatos bem maior. a verdade é que com menos de 2 anos a criança já quer fazer suas escolhas, colocar roupas e sapatos sozinhos, e quanto mais pudermos deixar escolher, melhor. sempre orientando e ensinando, mas deixando que eles sejam independentes. o otto gosta de colocar as crocs dele sozinho. ao invés de insistir em colocar eu mesma (que é muito mais rápido e prático), deixo ele tentar, mostro como é o jeito certo e observo, corrijo. aquela tarefa que você faz em 3 segundos, ele demora 3 minutos. é chato esperar, e às vezes estamos com pressa (é a hora de não dar opção, claro), mas sempre que possível, deixe. lembre que colocar sapatos nos pés certos, sozinho, é um grande empreendimento pra um bebê, é um aprendizado que ele vai levar pra vida depois, sem nem saber.

e é disso que trata criar crianças — ensinar tudo o que no futuro nem sabemos como aprendemos. um dos grandes aprendizados (e fonte de grande fascínio) de tornar-se pai e mãe é descobrir o quanto é complexo aprender todas as coisas simples e inconscientes que fazemos quando adultos.

ensinando o não de verdade: eles também devem poder usar!

não acho que crianças devam ser tratadas como adultos, pois afinal não têm o mesmo repertório e nem entendem todas as regras de convívio. mas também acho que precisamos aproveitar toda oportunidade para ensiná-las como funciona o mundo “dos adultos”, e aprender sobre “não” é um ótimo exemplo.

para que a criança entenda de verdade como funciona o sim/não, é essencial que ela também possa exercitar e praticar. ou seja — é preciso dar espaço para que ela diga SIM e NÃO. quando começar a fase de você ter que dizer não para a criança, ensine que isso é uma “ferramenta” que ela também pode usar. por incrível que pareça, isso ajuda muito no processo como um todo e também vai ajudar você a entender o que seu filho gosta e não gosta. isso funciona também porque dá à criança a sensação boa de ter algum controle sobre si mesma, que é exatamente o que ela vai querer a partir de 1 ano mais ou menos.

falei um pouco sobre isso no bloco anterior, mas aqui quero contar sobre uma prática que com o otto funcionou bem demais: ensiná-los a expressar frustração e dizer “não” (mesmo sem falar!)

percebi quando o otto estava com menos de 1 ano (10, 11 meses) que ele dava chilique quando contrariado. foi inclusive o motivo de ter começado a ler o livro sobre essa idade, porque se tem coisa que sempre detestei é criança que dá escândalo. e o otto dava — nem andava ainda e já se jogava, gritava, uma coisa histérica.

o que melhor funcionou pra ele (entre outras coisas combinadas) foi ensinar a se comunicar de outra forma que não o chilique. pense no seguinte — o chilique funciona! comunica perfeitamente bem que ele está contrariado, e aciona todos os adultos ao redor a fazer o que ele quer (a gente acaba fazendo qualquer coisa pra aplacar chilique, principalmente em público). ou seja: corrija os chiliques em casa, mude o modus operandi, porque na rua são muito difíceis de corrigir. uma vez corrigido o problema em casa, provavelmente não vai acontecer na rua.

então, a primeira coisa que ensinamos foi como se comportar quando estiver contrariado. ensinamos 2 coisas: a dizer não com o dedinho (ele não falava nada) e a “dar bronca” quando estivesse bravo — ele aprendeu a apontar o dedinho em riste pra gente, balançando, e grunhindo, com cara de bravo 🙂

pode parecer bobo (e é super engraçado, mas não pode rir, tá?), mas funciona se você reagir da forma correta a cada estímulo. o que “combinamos” com ele depois de ensinar o não/bravo: os chiliques não vão funcionar. a gente só vai responder ao dedinho/bravo. chiliques vão ser ignorados. e assim fizemos — ensinamos, ele aprendeu e repetiu. cada vez que ele começava com chilique, a gente falava “enquanto você não parar de gritar e espernear, não vamos fazer nada”. tem que ter paciência, pois nas 1as vezes ele demorava a perceber que não ia funcionar, e depois de um tempão “testava” a outra forma de comunicação. quando ele tentava, a gente respondia imediatamente e incentivava, elogiava. em pouquíssimo tempo ele entendeu e mudou o jeito de se manifestar. crianças são extremamente perceptivas, espertas e adaptáveis. elas vêm preparadas para aprender e se adaptar ao que funciona. se o chilique funcionar, amigos, ferrou.

uma das coisas mais importantes deste processo é que a criança, além de aprender como se comunicar de forma eficiente, tem a sensação de ser compreendida. sentir-se entendido nesta fase de comunicação precária (até que eles dominem o verbo) é um calmante natural. parece mágica — basta que a criança perceba que entendemos o que ela precisa e se acalma. quando ela consegue também “ganhar” um combate (fazendo o que “quer”), tanto melhor.

o desafio é ensinar isso tudo a uma criança tão pequena, dar alguma liberdade (para criar um ser humano confiante e que toma decisões!) e ao mesmo tempo incentivar comportamentos que sejam socialmente aceitos. não é fácil, mas tenho achado muito estimulante. além de me fazer pensar sobre mim mesma (*).

**

(*) este é assunto pra outro post longo, mas dou uma palhinha: preste atenção ao quanto da sua frustração e dificuldade em lidar com a criança tem a ver com problemas SEUS (perfeccionismo, ideias “fixas” sobre o que é certo e errado, réplica inconsciente da educação que você mesmo recebeu na infância). ser pai/mãe é ter que se confrontar com todos os seus fantasmas, acredite.

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diário do otto: 1 ano e 10 meses

July 4, 2012 · Leave a Comment

otto,

esse mês foi, de longe, o mais interessante e legal desde a sua chegada. você começou a falar há apenas 6 semanas, e é simplesmente inacreditável o que aconteceu entre a primeira palavrinha (“pé”) e a situação atual. já não é mais possível contar quantas palavras você fala, seja por repetição (o que é engraçadíssimo, você ouve uma palavra nova e repete-repete-repete) ou por elaboração da sua cabecinha mesmo.

é curioso como você ainda não fala frases completas, só combinações de 2 ou no máximo 3 palavras, mas consegue flexionar verbos da forma correta (apaga; apagou; apaguei; fugi, fugiu, fugindo!) e aprendeu a contar (2 e 3 coisas) sem que a gente percebesse desde o mês passado. você sabe repetir os números até 15, na ordem certinha e pronúncia super fofa, mas é só uma lista de números relacionados a quantidades; a contagem de 1, 2 e 3 você já SABE o que significa. é verdade que aqui em casa gostamos de números, e de contar, e talvez sem perceber tenhamos ensinado você, mas juro que não foi proposital. depois dessa 1a vez da “contagem”, achamos tão fofo que começamos a brincar de contar até 10, até 15 e você se diverte bastante, então vamos continuar 🙂

você também gosta de a-e-i-o-u (adora repetir em voz alta, e vira e mexe anda pela casa repetindo), e tem se divertido especialmente desenhando no papel ou na lousa/adesivo que colocamos no seu quarto. você reconhece o “desenho” do seu nome e pede pra gente desenhar O-T-T-O. o mais bonitinho é que você gosta da bolinha, e fica tentando desenhar bolas imitando os Os! desenhar é uma das coisas que você mais gosta de fazer, além de ler livrinhos, bagunçar as coisas jogando tudo pelo chão (“baguncha!”, você mostra com as mãos abertas, num tom indignado. imitando QUEM, eu pergunto?), varrer a casa com a “ashôra”, limpar com “apá”, regar as plantas (“plantiiiiinha”), e a maior alegria de todas, que é “pasheá! úa! paquinho!”. a coitada da sua babá passa boa parte do dia com você no mato, na areia e fazendo bagunça pelos parquinhos do condomínio. e nos fins de semana, o papai leva você passear de bicicleta, e você também adora.

esse mês foi muito difícil, pois você passou 2 semanas dormindo MUITO mal. foi quase tão difícil quanto o comecinho da sua vida, quando passávamos a noite em claro. você acordou várias vezes nestes dias chorando e chamando “mamãeeeeee” e a gente simplesmente não consegue deixar você chorando. levamos você pra nossa cama, e fico lá juntinho até você dormir de novo. só que nestes dias, cada vez que você acordava, chorava e não sossegava enquanto eu não pegava você. na cama, estava muito difícil também: você chutava, rolava, reclamava, a mamãe estava querendo ligar pro disque-saruê de novo 🙂 mas finalmente melhorou, há 2 dias, e espero que estabilize por um tempo. durante o dia você agora só dorme depois do almoço, cerca de 1h e meia.

você teve um pouquinho de febre alguns dias, e a pediatra que examinou você disse que seu ouvido estava um pouco infeccionado. esperamos passar, e pelo jeito passou e melhorou sozinho. ufa! fora isso, tudo nota 10 com sua saúde.

a alimentação continua ótima, ainda não encontramos nada que você se recuse a comer. esse mês você esteve especialmente apaixonado por vagem (tipo salada), e comeu loucamente. além dos amados “piábo” e “bocóli”, que você continua comendo muito. sempre que está em casa, damos sua comida separada (é a mesma que a nossa, só que sem sal), mas quando estamos na rua ou não temos sua comida pronta, você come a nossa comida normalmente, não recusa nada nem dá trabalho. você ainda não come doces, bolachas, sobremesa e nem nada industrializado de forma geral. mas quando a gente come algo desse tipo que não seja muito trash, damos pra você experimentar (chocolate, bolacha, salsicha, por exemplo). refrigerante e bolachas recheadas nós nunca demos e nem daremos, porque achamos que é trash demais. aliás, você não liga pra suco (só toma água) e realmente não se interessa por doces em geral (só bolo-de-bolo, daqueles caseiros, que você adora. cobertura e recheio você normalmente não gosta). o leite você toma 3x por dia (quando acorda, à tarde e a mamadeira do meio da noite ainda permanece).

falando em doces e comidas, você escova os dentinhos 2x por dia, uma graça! aliás, desde que nasceram seus primeiros 2 dentinhos a gente escova seus dentes, e você se diverte bastante. escovamos sempre depois do almoço e antes de dormir. adaptamos a musiquinha do “lava, lava, lava / uma orelha outra orelha” do palavra cantada pros dentinhos: “escova, escova, escova / um dente outro dente” e você AMA. aliás, você pega a escova e já começa a cantar (e agora a dançar também :D), pedindo pro papai cantar E dançar DE PÉ (sentado não serve). coisa mais fofa!

neste mês que passou visitamos o rio de janeiro com você pela primeira vez, e foi bem legal. você conheceu os melhores amigos da mamãe e do papai por lá, a claudia letti + família e dani/felipe e meninas (além da verônica, amiga da mamãe de longa data). você gostou de todo mundo e foi um príncipe, mas sua paixão foi a marina. até hoje você fala da “mariiiina”, e lembra da “claudjia” e do “obérto”. passeamos, comemos fora, visitamos pessoas, tudo muito tranquilo apesar de cansativo, claro.

você tem agora interagido muito com todos ao redor, reconhece todo mundo da família e os amigos mais próximos (vê as fotos e fala os nomes, muito fofo) e está mais sociável que nunca. temos muito orgulho de você, meu menino, especialmente porque você tem se mostrado cada dia mais esperto, sem-vergonha e muito muito feliz. a mamãe e o papai apertam MUITO você o tempo todo, e ficar com você tem sido uma delícia.

um beijo cheio de amor da MAMI.

PS: veja aqui as fotos de você com 1 ano e 10 meses.

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diário do otto: 1 ano e 9 meses

May 28, 2012 · 2 Comments

otto,

você completou 21 meses no meio da sua primeira mudança de casa. e tratando-se dos pais que você tem, prepare-se para muitas mudanças ainda na vida 🙂 desde que o papai e a mamãe foram morar juntos (há 9 anos) já trocamos de casa 3 vezes (sem contar nossa 1a casa), ou seja, estamos na 4a casa.

essa casa nova é bem mais legal do a outra, apesar de não ter um jardim. teremos que improvisar com as plantinhas da mamãe e algumas árvores que encomendei pra você. teremos jabuticaba, pitanga, amora e cereja, espero que algumas delas produzindo ainda este ano. mas em frente à nossa casa tem uma enorme área verde com lago, patinhos e árvores de monte pra você brincar.

este mês você continuou ensaiando palavras novas o tempo todo, parece um papagaio! já arrisca os nomes dos bichinhos que você adora no livro de histórias: coruja e caramujo ainda são UUÚ; gá-tô; au-au; am-bá (saruê); o morcego é IR, graças ao seu morcego moacir de pelúcia; rato-pato (que é um personagem da história) é ATO-PÁ; pa-tô; co-có; ovelhinha é BÉ-É-É; e o único animal que você fala PERFEITO é a águia. não temos a menor idéia de porque você gosta de falar e repetir águia, mas todos os dias quando pegamos o livro você começa a repetir “águia, águia” até que a gente achar, e mostrar.

e, não tem como esquecer, você FINALMENTE começou a falar mamãe, mãe e MAMI (o mais fofo) <3

os nomes das pessoas agora começaram a aparecer também (além de aía, que é a maria, sua babá e pau que é a tia paula) — artá (marta, que ajuda com a limpeza da casa), vovó véa, vovó lu, tia, pé-go (prego, o jardineiro que você ama) e kito (seu tio). os verbos aparecem aqui e ali, mas sempre e principalmente qué (quer), ábi (abre), papá (comer ou comida), naná (dormir), mamá (mamar). e tem chulé, janjão (o camaleão de brincar no banho), ága (água), aqui (sempre apontando, pra dizer exatamente ONDE), úa (rua) e uá (lua), EU (que muitas vezes significa outra pessoa :D), ábo (rabo, seja de bicho seja de cabelo).

você começou também a chamar a si mesmo de otto, apontando pra barriguinha, é a coisa mais linda! “quem tá fazendo bagunça?” “OTTO!”, você aponta.

mas o mais impressionante destes dias foi você aprendendo a contar e falar os números. você gosta de mostrar os dedinhos quando conta (uuum — 1 dedinho; dôsh — 2 dedinhos com o maior esforço). o tês e cáto você só fala, não faz dedinhos. mas conta “uuum, dôsh IIIII XÁ!” (1, 2 e já) e morre de rir. só que no meio das brincadeiras, esses dias, você viu 2 gatinhos no livro e disse: “ga-tô. uuum, dôsh!” e mostrou 2 dedinhos! e logo depois mostrou a mãozinha (“uuum”), a outra mão (“ooô” — outra) e mostrou 2 dedinhos (“dôsh!”). juro que não estamos tentando ensinar você a contar assim tão cedo, mas aparentemente você já entendeu como funciona e achou legal 🙂

sua rotina de dormir está a mesma, e ÓTIMA. sempre tem um dia ou outro que você chora à noite, acorda porque tem picada de mosquito ou nariz um pouco entupido (maldição dos seus pais com nariz estragado), mas no geral tá muito bem. tenho feito você dormir na minha cama à noite e só depois coloco você no berço, pois você demora um pouco para pegar no sono e estava muito cansativo ficar sentada do lado do berço, toda esticada. você gosta de dormir abraçado no nosso braço, e não queria privar você desse aconchego, especialmente porque passo o dia todo fora, né? a mamãe tem gostado bastante de ficar abraçadinha com você até que você durma!

bem, você continua comendo de tudo e cada vez mais independente, querendo fazer tudo sozinho. a novidade atual é que você não quer mais cottage, prefere os queijos amarelos e está apaixonado por castanhas! (noz, amêndoa, castanha do pará, de caju e macadâmia) aliás, qualquer castanha você come direitinho e adora. descobrimos seu gosto por elas porque mantemos um pote de castanhas no armário e você para na frente dele, pedindo e apontando, e enfim, adora.

na casa nova tem um espaço na sala só pra você, que ficou lindo e cheio de brinquedos e suas tranqueiras. você amou a casa nova, ainda não sei se é por ter mais espaço, espaço só pra você ou porque também gosta de mudanças, como seus pais.

você continua lindo (e cabeludo, já que não conseguimos ainda cortar seu cabelo), brincalhão, geralmente muito feliz e bem humorado e cheio de personalidade, o que nos dá um trabalho e canseira enormes 😀 mas não reclamamos. a convivência com você melhora a cada dia, e a diversão também. temos muito orgulho do menino bonito e feliz que você é e amamos você mais que tudo no mundo.

um beijo carinhoso da sua MAMI 🙂

PS1: esqueci, tem mais um bicho — você também reconhece o dodô no seu macacão, aponta e fala DODÔ 🙂

PS2: muitas fotos deste mês 🙂

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conhecendo a escandinávia… com um bebê!

May 4, 2012 · 10 Comments

para saber detalhes do roteiro, leia este post. por aqui vou complementar com informações sobre a viagem com o bebê, as dificuldades e dicas.

vou separar esse post por assunto, já que o roteiro está coberto no outro post.

a bagagem

sou bastante econômica com bagagem, minhas malas são sempre pequenas, mas não é tão simples fazer malas pequenas para um bebê de 1 ano e 7 meses. sempre há o risco de necessidade de troca de roupa mais de 1 vez por dia graças a fralda que vaza, comida que derrama na roupa ou acidentes na hora de trocar (aconteceu na viagem na chegada em frankfurt, e eu não estava preparada, não tinha todas as peças para repor!).

se a viagem for para algum lugar frio, como no nosso caso, complica mais. eu levei bodys de manga longa (6), camisetas de manga longa (4), moletons com capuz (2), casacos de frio (3), calças de malha fina (4), moletons (2) e jeans (2), meias (4), gorros (2), par de luvas (1), 1 tênis e 1 bota. levei peças suficientes para 10 dias no máximo (caso sujasse 1 “kit” por dia), então planejamos lavar roupas no meio da viagem. fizemos o mesmo com as nossas roupas, e conseguimos lavar o que estava sujo no meio da viagem. não faltou nada, e as camisetas de manga comprida do otto sobraram todas. na verdade, faltou sim: tive de comprar camisetas de manga curta pra ele, que é muito calorento e passou calor em alguns lugares fechados.

comprei também pro otto algumas coisas que não precisava mas foram úteis e queria levar de volta: 1 macacão impermeável (muito útil para os dias de chuva e neve), 1 casaco impermeável mais pesado (o que eu levei era mais leve, e não usei), 1 touca e algumas blusas/macacões.

é muito importante levar sacos plásticos para guardar roupas sujas, especialmente do bebê, pois pode acontecer de vazar fralda, e aí fica impossível guardar a roupa suja até a próxima possibilidade de lavar sem sujar o restante. sugiro levar pelo menos 3 sacolinhas plásticas, pra mim foi suficiente. não levei toalhas, usamos as do hotel mesmo. mas levei 2 babadores (e comprei mais 2 na viagem, mais porque achei bonitos do que por necessidade :))

na necessária dele levei shampoo, sabonete, bepantol, creme hidratante, cotonetes, tylenol baby (febre/dor), hixizine (antialérgico) e soro fisiológico de spray (pro nariz).

além disso, levei 2 fraldas de pano (foram úteis) e 1 saquinho com fraldas (10) / lencinhos / bepantol. compramos fraldas descartáveis no decorrer da viagem.

viajamos assim: 1 mochila grande (60L) com o fer, 1 mochila média comigo (40L), 1 mochila pequena (tipo notebook) com o fer e 1 mochila pequenina comigo. voltamos com essas malas + 1 carrinho dobrável + 1 mala média de rodinha que compramos para acomodar as coisas adicionais que compramos na viagem.

o vôo

começo dizendo que viajar de classe executiva foi a melhor decisão que tomamos. eu sei que nem todo mundo tem possibilidade de pagar por esse luxo, mas faz MUITA diferença.

até os 2 anos a criança não paga, então o custo fica um pouco menor. para vôos longos, há a opção de usar o berço que se acopla à parede do avião, na frente do assento dos pais. o problema é que o berço é para bebês até 2 anos, mas o otto simplesmente não coube (nem de longe) no berço, os 2 pés ficaram pra fora, ele parecia que estava numa caixa de sapatos.

dou aqui a dica que a companhia aérea me deu (e pra nós funcionou muito bem): reserve 2 lugares na fileira de 3 cadeiras, um em cada ponta (meio livre), e peça na reserva para marcar que o casal está com um bebê. o bebê não tem assento marcado (se o vôo estiver lotado, ele vai no colo o tempo todo), mas caso o vôo não esteja cheio, a chance de alguém querer sentar no meio de 2 pessoas com um bebê é mínima 🙂 sendo assim, o assento do meio fica livre e o bebê pode ir no meio.

no caso da executiva, fica perfeito porque o banco reclina completamente. quando o bebê dorme, basta colocá-lo no assento do meio dormindo e pronto. além, é claro, do espaço enorme para levantar e até sentar no chão com o bebê (como eu fiz, para desgosto dos comissários alemães :D). o otto dormiu a viagem toda de ida e de volta, depois do jantar quando apagam as luzes. na ida ele acordou assustado 2x, chorou 3 segundos e depois dormiu de novo. nós conseguimos dormir também, pelo menos parte da viagem. dormimos o suficiente pra acordar com ele chorando NO CHÃO 🙂 (não sabemos se ele desceu sozinho ou se escorregou. pelo chorinho reclamão sem grande drama, suponho que tenha descido sozinho).

a comida no vôo foi ótima, e o otto comeu junto com a gente, de tudo um pouco. levei lanchinhos também, mas o que serviram nas refeições foi suficiente pra nós 3. só na volta precisei pedir mais uma porção de sobremesa porque o otto adorou as frutas e quis mais (morango, uva, kiwi).

levei livros pra ele, brinquedos e o iPad, mas de verdade não foi necessário. as novidades dentro do próprio avião e as pessoas ao redor foram distração suficiente 🙂

uma coisa que sempre fiz por ouvir recomendações a respeito é dar a chupeta pra ele no pouso e decolagem. ele já viajou de avião algumas vezes e nunca reclamou de dor de ouvido, então suponho que funciona mesmo! pra quem não usa chupeta, imagino que dar o peito ou a mamadeira faz o mesmo efeito (só que esse período de pressão no ouvido dura um pouco, precisa segurar no peito/mamadeira por um tempinho…)

o que levar na mochila de mão

levamos no decorrer da viagem (pra ele, além das nossas coisinhas) o iPad, 2 livros, 1 brinquedo, biscoito, uvas, queijo (aquele da vaquinha. ele não comeu nenhum :D), água, mamadeira, chupeta (2), 2 mudas de roupa (inclusive luvas/touca), 1 fralda de pano, 1 kit de talheres de plástico, 1 babador, o saquinho de troca de fralda.

eu e fer dividimos as coisas dele e as nossas em 2 mochilas: uma grande ele e 1 pequena minha.

não senti falta de nada na rua, o que levamos foi mais que suficiente. o chato era carregar o casaco impermeável que tira/põe quando entra e sai dos lugares. nos dias de chuva/frio levamos também o macacão impermeável dele (e usamos).

além das mochilas de mão, compramos por lá um carrinho (dobrável, super leve) porque não conseguimos alugar (muita encheção de saco, reserva, recomendações…). no carrinho deixávamos os casacos e uma mantinha que compramos por lá para cobrir o otto quando ele dormia no carrinho.

no hotel

eu e o fer usamos shampoo e sabonete do hotel, então nem levamos na necessária. todos nós usamos somente toalhas dos hotéis, então economizamos espaço na mala com isso também.

eu dei banho nele no chuveiro ou banheira, quando tinha. ele tomou banho junto comigo todos os dias. eu sentava no chão, com o chuveirinho, e ficava brincando com ele e dando banho, ele adorou! algumas noites ele me puxava pela mão pra dar banho nele <3 foi muito gostosa essa parte, que normalmente é diferente em casa (ele toma banho antes de dormir sempre, mas na banheira dele). a gente tomava banho, o fer pegava ele, trocava, colocava pijama e fazíamos a rotina de dormir.

em todos os hotéis que ficamos (com exceção de 1 pousada, cujo berço era muito pequeno para o otto) pudemos contar com berços portáteis. ele dormiu muito bem nos berços todas as noites — eu contava história, fazia dormir no colo ou na nossa cama e depois colocava no berço. ele dormiu bem quase todas as noites, até porque dormia muito mais tarde do que o normal (entre 21h e 22h, quando o normal dele é 19:30h). só deu trabalho realmente nas noites com nariz entupido, pois gripou no meio da viagem.

o problema de dormir em hotel com bebê é que a noite acaba na hora em que ele dorme. mas, honestamente, estávamos tão cansados no final do dia que às 22h já queríamos os 2 dormir também, ficamos no máximo mais 1h acordados depois dele…

jantamos algumas noites no hotel, pra não precisar sair pra jantar. pedimos comida (no hotel ou delivery) e algumas vezes compramos lanches. o otto comeu muito bem alguns dias (pizza e macarrão eram sempre bem-vindos. na viagem ele comeu pizza pela primeira vez e AMOU) e muito mal em outros. procuramos pedir pratos que ele talvez gostasse, mas só o macarrão é certeza absoluta, o restante depende do dia. alguns dias ele comeu pepino em conserva e recusou purê de batata; em outros, comeu carneiro e recusou legumes. aliás, a maior dificuldade pra nós foi conseguir legumes e frutas pra ele, já que são as comidas preferidas. ele via brócoli e só faltava IMPLORAR. até pimentão e cenoura crua o menino comeu, na falta do restante.

café da manhã no hotel foi sempre ótimo, mas tivemos que estabelecer uma rotina de dar a mamadeira para o otto ANTES de ir para o restaurante, pois quando ele via a comida não queria mais mamar (ogro). então dávamos o leite dele ainda no quarto e depois íamos comer. ele comeu muito mal a viagem quase toda, e ficamos preocupados. felizmente ele come muito bem normalmente, acabamos deixando ele comer o que queria (pouco), já que sabíamos que ele ia recuperar o tempo e peso perdido na volta. mas olha — que chato quando a criança não come! tive uma amostra do quanto é estressante estar com um bebê que não quer comer nada. não invejo mães que têm filhos que não comem bastante.

comendo fora o tempo todo

essa é uma questão que depende muito da criança, obviamente. o otto é uma criança que come muito e de tudo. ele não está habituado com sanduíches, lanches e snacks (bolacha, etc.), o que é um problema em viagens desse tipo. ele come normalmente arroz, feijão, carne, legumes e verdura, sopa ou macarrão. e muitas frutas, todos os dias. por mais que essa alimentação seja ótima e saudável, não é muito simples servir esse tipo de comida todos os dias em todas as refeições durante uma viagem.

os restaurantes que ele comeu melhor foram chineses e japoneses (arroz, carne, legumes — check!) e italianos (macarrão e carne — check!). comidas que associam com crianças, tipo almôndegas e purê de batata, por exemplo, ele não gosta. para nossa sorte, ele AMA batata frita, que se acha em todo lugar. na emergência, apelamos para batata frita. até NUGGET tentamos dar pra ele no mcdonald’s, vejam bem… ele recusou os nuggets, mas comeu a batata e a cenoura CRUA.

para completar a mudança total de alimentação (rotina e oferta) ele ainda ficou gripado, e o apetite desapareceu, ele não queria comer NADA. ah, sim, e como cereja em cima do bolo, o pouco que comia ele só aceitava comer sozinho. ele está na fase de querer fazer tudo sozinho, e eu acho super legal e incentivo, mas convenhamos que no meio de uma viagem, com roupas limitadas, frio, e querendo passear, gastar 2h para almoçar e sujar a roupa toda não era exatamente uma boa opção. tentei balancear, deixei ele comer sozinho enquanto não estava muito demorado e nem muito bagunçado.

as frutas foram um problema à parte — ele come uma variedade muito grande todos os dias, mas na viagem não é simples dar todo tipo de fruta. procurei as mais fáceis, e fiquei com elas: banana, uva e blueberries. ele comeu relativamente bem todas essas, que são fáceis de comprar e levar. pelo menos isso!

ele começou a comer com frequência algumas coisas que não comia normalmente, foi interessante: pepino, tomate e ovo cozido/quente. todos no café da manhã, como um legítimo viking!

e o comportamento em lugares públicos? brigamos muito em vários restaurantes e locais fechados, pois ele estava nos enfrentando bastante. batia os talheres, chutava a mesa, jogava a comida no chão, recusava a comida e fazia manha (nhééééé…), dava gritinhos re protesto, etc. suponho que o comportamento diferente do normal (ele não é tão chato normalmente) seja uma mistura de saco cheio, mudança de rotina, gripe, e a idade (terrible twos approaching fast…). não foi fácil pra nós, pois DETESTAMOS criança fazendo manha e tendo chilique em locais públicos. demos bronca, como sempre fazemos, e tentamos aproveitar a oportunidade para educá-lo, mas várias vezes também acabamos cedendo para evitar constrangimento maior. esse balanceamento é difícil, e nos causou bastante stress.

se fôssemos o tipo de pais que não se importa de incomodar os outros ou que não se importa em não educar na hora que é necessário, provavelmente não nos incomodaríamos. mas pra nós essas 2 questões são muito importantes, e não é fácil ceder para evitar uma crise no meio da viagem.

de certa forma, a viagem foi educativa também pra nós, como pais. entendemos que por mais que queiramos controlar tudo e fazer tudo “certo”, às vezes é preciso aceitar situações não ideais, e recomeçar numa próxima oportunidade.

trocando as fraldas

é um incômodo, já vou avisando. pelo menos pra nós, porque o otto não para quieto pra trocar, protesta sempre. as fraldas de xixi dá pra segurar bastante a troca, mas de cocô a gente trocava imediatamente (não dá pra ficar PERTO do menino nesse estado, hahahhahaa). pela escandinávia toda tem “baby rooms” (unissex, não é dentro do banheiro feminino como por aqui) para trocar fraldas, tudo muito espaçoso e boa infra.

no entanto, o bebê pode fazer cocô nas horas mais inconvenientes, como dentro do avião (trocar bebê no avião, do tamanho do otto e sob protestos… not funny) ou 3 minutos antes de entrar no passeio de ferry, como aconteceu conosco. o ferry não tinha baby room, somente banheiros minúsculos que mal cabiam 1 pessoa. eu e fer tivemos que trocar a fralda do menino em pé num banheiro minúsculo… e ninguém mais pode entrar no banheiro, graças à fralda atômica 😀

aliás, recomendo fortemente levar saquinhos de guardar fraldas sujas de forma que seja possível fechar completamente o saco, caso precise levar as fraldas consigo. as fraldas de cocô do otto são PODEROSAS, não dá pra viver com elas no mesmo ambiente sem isolar, hahahahaha!

as sonecas

o otto ainda dorme de dia, normalmente 1 vez, às vezes 2 (manhã e tarde). a rotina dele é de dormir no quarto, com musiquinha e tals. imaginem esse menino cansado, na rua, sem rotina, sem quarto, sem nada que ele está acostumado.

o que aconteceu é que ficamos atentos ao comportamento dele (cansaço, sinais de sono, etc.) e tentamos promover um ambiente melhor pra ele dormir. andar no carrinho, bem agasalhado, sem muitas intervenções, ajudou. ele dormiu algumas vezes no carrinho, sem problema (e aí descemos o carrinho e ele ficou por lá por até 2h). outras vezes pegamos no colo para dormir (avião, ônibus, trem, barco, etc.), e ficamos lá de castigo com ele no colo.

no geral as sonecas não deram trabalho, bastou prestar atenção ao cansaço dele e dar um jeito de deixá-lo confortável para dormir seu soninho do dia.

os passeios

primeiro: o carrinho é uma necessidade. ponto. se soubéssemos que não ia ser possível alugar, teríamos levado. faz muita diferença, principalmente nessa idade em que ainda é possível usar carrinhos e eles estão pesados pra gente carregar, seja para passeios ou para dormir. na escandinávia toda é fácil andar de carrinho em todos os lugares (ônibus, trem, rua, museus, etc.), dá pra usar sem problema nenhum.

passear pela rua e parques, pelo menos com o otto, é ótimo. ele gosta de ver gente e paisagens, seja no carrinho ou andando. é importante arranjar uma forma de poder “soltar” a criança de vez em quando, deixar andar e explorar. não dá pra manter no colo ou no carrinho por muito tempo, eles ficam entediados (e é chato mesmo né?). procuramos encontrar oportunidades de deixá-lo andar, explorar e brincar solto. ele adorava cada oportunidade de correr e explorar, ver pessoas e interagir. fez muitos “amigos” pela viagem, uma graça. fazia charme pra todo mundo, e as pessoas em geral foram muito simpáticas com ele e conosco carregando um bebê. aliás, viajar com bebê tem isso de diferente: as pessoas sorriem o tempo todo, perguntam e fazem graça (o que é incomum na europa, sem bebê :D).

o mais chato de fazer com bebê é comprar. entrar em lojas e supermercados é uma tortura, ele quer andar e fazer bagunça nas lojas e, óbvio, não dá. então temos que ficar lidando com a criança surtada querendo explorar corredores estreitos, com monte de gente e produtos que ele não pode pegar. MUITO CHATO. ou seja: com bebês que não ficam quietinhos no carrinho, melhor evitar compras.

museus, parques, rua, trem, barco funcionaram muito bem com ele. ele se distrai com paisagens e bichos, quadros, pessoas, é bem fácil de lidar. nos acompanhou muito bem! só não pode ficar parado muito tempo, que ele reclama. keep moving.

ah, e o abençoado iPad: nos passeios de barco/trem/ônibus ele salvou nossas vidas. entre galinha pintadinha, toca boca e joguinhos de memória ele se divertiu e distraiu em situações que seriam difíceis sem o brinquedo. obrigada, apple!

a maldita mamadeira

o otto mama só na mamadeira desde os 9 meses, quando recusou o peito em definitivo. por um lado é uma libertação pra mim (a teta), por outro é um incômodo, pois a mamadeira precisa ser preparada (diferente do peito, que está sempre ali). precisa comprar o leite e esquentar, 3 vezes por dia, uma delas no meio da noite.

comprar o leite é OK (mas é um desperdício, pois de cada 1L conseguimos aproveitar no máximo 500ml a cada dia já que ele mama 250ml por vez, o resto temos que deixar no hotel), mas esquentar não foi tão OK. ele não toma leite em pó nem a pau (parou faz uns 3 meses, não aceita de jeito nenhum) e só toma leite quente/morno. descobrimos que diferente do brasil, os hotéis não têm microondas nas cozinhas. quando era possível esquentar, tinha que ser no fogão. imagine que a cada dia ele mama 3 vezes: 1 vez de manhã (ainda no hotel), 1 vez à tarde (na rua!) e 1 vez à por volta de meia-noite (no hotel). por incrível que pareça, na rua era mais fácil dar mamadeira do que no hotel (comprávamos o leite já quente em cafés, normalmente era simples, mas nem todos os dias conseguimos).

se seu bebê mama no peito ou aceita leite em pó é moleza. água quente tem em todo canto, e amamentar é tranquilo em todo lugar. comprar leite e esquentar, por outro lado… foi um saco. alguns dias simplesmente desistimos de dar a mamadeira do meio do dia, para evitar a peregrinação do leite.

ou seja — nesta viagem a rotina de alimentação dele ficou toda estragada, e ele comeu MUITO menos do que o normal. tenho certeza que perdeu peso, mas como ele normalmente come super bem, já está recuperando as calorias perdidas 🙂

ah, a lavagem da mamadeira: nós não esterilizamos nada desde que ele fez 3 meses. e quando uso água quente nem detergente eu uso. pra nós foi tranquilo lavar a mamadeira nos hotéis, pois sempre tem água quentíssima na torneira. água quente + sabão resolveram muito bem, sem stress.

vestindo o bebê

para a temperatura de 0-12C que pegamos (com eventual chuva, neve e sempre muito vento), vestia ele com 1 body de manga comprida + moleton de capuz + casaco impermeável (em locais fechados, deixava só o body) e dependendo da temperatura 1 ou 2 calças + meia + bota. quase não usei o tênis que levei pra ele.

o mais chato foi tirar/colocar roupa a cada vez que entra/sai dos lugares. a diferença da temperatura do lado de dentro e de fora é MUITO grande, e vestir/tirar casaco de um bebê pequeno com frequência é MUITO chato. pra não falar de colocar luvas… mas depois de 2 ou 3 dias já tinha acostumado, e ele também (até ajudava a colocar e tirar as roupas :))

os vírus estrangeiros

eu nunca fico doente. aliás, não me lembro a última vez que fiquei gripada, faz muitos anos. o otto resfriou 2x, mas bem de leve, nunca teve uma gripe de verdade. pois que no 4o dia de viagem ele resfriou. e o resfriado evoluiu para uma gripe daquelas poderosas, com tosse, febre e tudo o mais. e eu, 2 dias depois dele, adoeci também.

e foi daquelas gripes do mal mesmo, de vírus que a gente não conhecia, sabe? dor no corpo, febre, tosse, catarro, espirro, falta de apetite. além então de toda a mudança de rotina e dos empecilhos de viajar com o bebê, ele ficou doente e eu também.

fiquei mal a ponto de marcar uma consulta no meio da viagem, para olhar nossa garganta e ouvidos, que a coisa tava feia. fizemos até exame de sangue (tudo muito profissional e eficiente — e pago!), conclusão: infecção viral em ambos, eu estava pior que o otto, mas pelo menos podia tomar xarope (e tomei, ufa), mas ele não. com ele, somente paciência e um abençoado remédio de nariz especial para bebês que salvou nossas noites.

usei o tylenol bebê 1 noite, que ele estava com bastante febre, o soro de nariz com frequência, e o meu xarope amigo comprado lá. e fomos melhorando, aos poucos, e aproveitando a viagem como deu nestes dias piores.

conclusão

é difícil viajar com bebês, mas é possível; e não vou enganar ninguém: é mais divertido viajar SEM bebês, é claro. mas como pra nós deixá-lo em casa e viajar sozinhos não é uma possibilidade (nada contra quem faz isso, é que NÓS não queremos), procuramos tirar o máximo do que é possível numa viagem com o bebê. suponho que viajar junto com ele vá se tornando mais legal conforme ele cresça e se torne de fato companheiro de viagem. nessa idade ele é um viajante involuntário, às vezes protestando contra o fato inclusive 🙂

e acho que forçamos a barra com ele várias vezes, que ele passou por situações que não são ideais (atraso de refeição, atraso de hora de dormir, desconforto pra tirar sonecas, etc.). mas ao mesmo tempo também acho que sair da zona de conforto é importante, mesmo para bebês. quero poder expor o otto a situações diferentes (e às vezes desconfortáveis, faz parte) para que ele aprenda também a se adaptar.

para minha surpresa, ele se adaptou muito bem a situações que eu achava que seriam muito difíceis. o fuso, por exemplo, de 5h+ ele tirou de letra, nem sentiu. dormiu muito melhor na rua do que eu imaginava. a alimentação, por outro lado, que não me preocupava, foi terrível. ele dormiu bem nos hotéis, adorou tomar banho comigo, e se divertiu na rua e conhecendo pessoas novas.

foi uma viagem completamente diferente do que costumávamos fazer, e nos sentimos frustrados e cansados em vários momentos. mas ao mesmo tempo é incrível poder viajar (com todas as restrições, foi uma experiência maravilhosa e única), tirar fotos e criar histórias e memórias que fazem parte da nossa vida e da vida dele. vou fazer um álbum (impresso) pra ele, com a história da viagem, com fotos dele para contar como foi. como ele não vai lembrar, vou criar um diário para que de alguma forma ele reviva a experiência. comprei também lembranças no decorrer da viagem, para que daqui a 10 anos ele possa olhar e saber que ele esteve lá, na terra dos vikings. e quem sabe decida ir por conta própria no futuro revisitar os lugares que conheceu e só lembra pelos meus olhos.

e, mais importante que tudo isso, é SABER que é possível viajar com ele. que nossa vida de viajantes, que prezamos tanto, não acabou. que tudo é questão de se adaptar e aceitar que às vezes as coisas dão errado — o bebê faz cocô no barco, um vírus nos ataca, não tem melancia pra vender no mercado.

já não tenho mais medo de nada, de nenhuma viagem, depois dessa experiência. mentira — eu continuo não querendo ir pra índia nem pra china nem de 1a classe 😉

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a fisiologia do gosto (*)

January 4, 2012 · 2 Comments

(*) roubei o título do ótimo livro de brillat-savarin, pois o assunto do post é não só alimentação do bebê mas principalmente o desenvolvimento do paladar.

não sou especialista no assunto (aliás, não sou especialista em NENHUM assunto :D), mas tenho cá minhas convicções a respeito de comida, culinária e alimentação de forma geral. sempre acreditei na importância do que chamarei de educação alimentar ou gastronômica, não só no sentido da experiência sensorial mas também o processo de escolha e preparação dos alimentos.

quando chegar a hora, pretendo ensinar o otto a cozinhar, pois acredito que isso é conhecimento básico e fundamental para todo ser humano. saber escolher e preparar seu próprio alimento (além de poder alimentar outros) é não só importante mas um grande diferencial. além de ser muito prazeroso 🙂

mas hoje não quero falar da preparação, mas da educação do paladar. percebi que o paladar pode ser educado com 16 anos, quando decidi parar de consumir açúcar em todas as minhas bebidas. nem lembro mais o motivo, mas com essa decisão um mundo se abriu pra mim: pra começar, percebi o quanto as pessoas ao meu redor eram viciadas em açúcar, e consumiam em excesso. foi difícil convencer minha mãe a parar de adoçar tudo, e deixar que cada um se servisse à sua maneira (o que por si só é interessante — que tal respeitar que cada pessoa tem um gosto DIFERENTE do outro, e dar a oportunidade de escolha?). quando eliminei o açúcar das bebidas, descobri um mundo de sabores que estavam mascarados pelo doce-melado, o sabor dos alimentos puros!

daí pra adiante, fui experimentando reduzir sal, cebola, alho, azeite, pimenta e tudo o que modifica o sabor dos alimentos. fiz uma regressão alimentar 🙂 e comecei a retomar os temperos e alteradores de sabor lentamente, e com muito mais cuidado e precisão. pois aprendi a apreciar o sabor do alimento e não do sal e outros temperos. a docura do tomate, da cenoura, o amargor da escarola, a acidez da berinjela, o sal natural das carnes, o amanteigado dos peixes.

pois quando começamos a introduzir o otto ao mundo dos alimentos além da teta, havia uma preocupação em fazer do processo de se alimentar um prazer e também aprendizado sobre sabores e texturas. fomos orientados pelo pediatra a iniciar com sucos coados de fruta (laranja, mamão) primeiro, depois frutas peneiradas (uma de cada vez, por 1 semana), depois legumes peneirados, e por último as carnes.

pois assim fizemos, seguindo uma dica que acho importante: nas primeiras 4 semanas, insistimos com a mesma fruta por 1 semana cada, observando se a consistência estava OK para o bebê deglutir. cada bebê é diferente, e uns têm mais facilidade que outros para engolir, é preciso respeitar os limites naturais de cada um e adaptar. e insistir em 1 só fruta ajuda a desenvolver o paladar, acostumar-se ao novo e apreciar as características de cada fruta.

algumas frutas o otto gostou mais, outras menos, mas provou muitas delas. e não recusou nada pelo gosto, mas pela textura (banana amassada, por exemplo, ele não gosta de forma alguma, embora coma a banana hoje mordendo direto da fruta).

expor a criança aos cheiros, texturas, sabores e cores dos alimentos puros ajuda a desenvolver a percepção sensorial de forma mais ampla, a criar memória gustativa / olfativa / tátil. deixar a criança PEGAR os alimentos, sentir a textura, morder, lamber e cuspir, cheirar, interagir e descobrir por si própria o que prefere.

logo que o otto aprendeu a ensaiar uma mastigação mesmo sem muitos dentes (entre 7 e 8 meses), começamos a dar alimentos em pedaços maiores (sempre cozidos, sempre com supervisão) para que ele pudesse triturar, morder, e ver os pedaços maiores de alimento, com suas cores e texturas. ele gostou muito mais de comer depois de começar a ver pedaços. a partir dos 8 meses começamos a preparar o prato com os alimentos dispostos em separado (nada de “sopão”!), pra que ele também pudesse apreciar o visual dos alimentos.

ah, e tudo desde o início sem sal, açúcar, cebola, alho ou qualquer outro “alterador” (mas sempre usamos um pouco de azeite, como parte da dieta). por volta de 1 ano comecei a temperar a comida dele com ervas e um pouco de cebola, mas sempre pouco. e o sal foi fortemente NÃO recomendado pelo pediatra na alimentação diária.

não tenho evidências científicas de que a prática de alimentar a criança com alimentos “puros” ajuda a educar o paladar, mas me parece tão óbvio… o otto aprendeu a comer os alimentos como eles são, com seus sabores e texturas originais, e qualquer adição a eles é um elemento a mais na harmonia dos sabores, digamos. o sal, a pimenta, o azeite, adicionam complexidade ao básico, e como conhece os sabores básicos, vai conseguir apreciar melhor os outros componentes!

tanto é verdade que ele come (e ama) brócoli cozido (só na água) todos os dias, e quando damos brócoli com sal, pimenta, azeite e alho em restaurantes ele também come, com o mesmo prazer. e volta depois a comer seu brócoli simples do dia a dia sem problema nenhum.

preparar alimentos básicos e simples para crianças não dá trabalho. é cozinhar no vapor ou na água, assar, coisas simples. não é preciso se preocupar se está com muito/pouco tempero, ou se está “bom”: basta confiar no sabor do próprio alimento, e tudo dá certo.

o que dá trabalho é convencer o mundo ao redor que não, a criança não vai sentir falta de açúcar, sal, cebola, alho ou pimenta. e que comida sem tempero não é RUIM!

o que passa, obviamente, por convencer as pessoas que elas precisam parar de pautar o comportamento e gosto do restante do mundo por elas mesmas. mas isso é assunto pra outro post 🙂

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