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encerramento de um blog

e esta é a primeira vez, em 11 anos escrevendo em blogs, que oficialmente encerro um deles, sem previsão de volta.

ferrets são animais incríveis. tenho um amor e admiração enorme por eles, e sinto muito por não tê-los mais na minha vida. e apesar de toda o amor e admiração, creio fortemente que não devíamos importá-los. digo mais: as pessoas deviam parar de comprar animais em lojas. há muitos animais da nossa fauna que podem ser adotados, então por que importar, por que comprar?

esse é assunto longo, e que não quero desfiar aqui, no último post deste blog. mas se alguém chegar aqui procurando informação sobre ferrets, recomendo este post, e recomendo a melhor veterinária que tive o prazer de conhecer, thais thomaz. o carinho e dedicação dela com os animais é tocante.

já tínhamos decidido não comprar mais ferrets em lojas desde 2003, desde então só adotamos animais que outras pessoas não queriam (e às vezes pagamos por isso, as pessoas não querem mais o bicho mas não querem dar…). mas então por que decidimos a partir de agora nem adotar mais? porque agora temos um bebê, atualmente com 1 ano e 2 meses, e bebês são incompatíveis com ferrets.

ferrets não devem ser criados presos em espaços pequenos, eles precisam no mínimo de um cômodo pra si, com brinquedos e estímulo, pois são muito ativos. porém são extremamente frágeis e nem sempre são sociáveis. não é incomum que sejam agressivos, mordam e não gostem de ser manipulados. e, muito importante, não são quase nunca “simpáticos” como os cachorros, que adoram atenção e gente junto deles. neste aspecto, se parecem com os gatos mais ariscos. como misturar um animal frágil e frequentemente arisco com um bebê, que não tem noção da força e quer brincar com tudo que vê? seria uma vida de separação, que só traria problemas pra nós.

ficamos então com a pretinha até o fim da sua vida, cuidando dela e protegendo, mas ela ficou restrita ao seu quartinho, pois não dá pra prender um bebê engatinhando. era preocupação demais deixar os 2 soltos, optamos por deixá-la no seu quartinho, pois já estava velhinha e sem paciência.

espero que este blog possa ser útil para quem precisa entender mais sobre ferrets, e que sirva pra que alguém DESISTA de comprar um. para o bem deles. quem sabe um dia as pessoas param de comprá-los, e param finalmente de trazê-los de avião pra cá, depois de exaustivas horas de viagem num compartimento enquanto eles ainda são bebês.

pense nisso antes de comprar um ferret, ou qualquer outro animal: por que você quer um animal de estimação? se a resposta for qualquer coisa que não o simples desejo de compartilhar a felicidade de viver junto com outra criatura, não o faça. ter animais por status é muito pouco, é vazio. eles merecem mais que isso, e você também.

beijo e amor pra vocês todos, meus 8 ferrets queridos! vocês sempre viverão na minha memória e nas lindas fotos que me fazem morrer de saudade e amor.

preta, * 23/jul/2003 + 01/out/2011

Big sister Pretinha & Otto

querida pretinha,

se eu de verdade acreditasse num céu ou paraíso de animais (ou qualquer tipo de paraíso, diga-se) você estaria nele, com certeza. nunca houve um ferret tão doce, macio, suave e querido quanto você. sua doçura era sua marca registrada, seu maior charme e o que sentiremos mais falta.

mas nem por isso você tinha menos personalidade, que fique claro. como todos os ferrets, você era obstinada, curiosa e muito brincalhona. uma capetinha! enquanto seus irmãos estiveram conosco, você fez questão de infernizar bastante a vida deles, com convém a todo furão que se preze.

adotar você foi a melhor coisa que fizemos, seu pai sempre dizia. lembro com perfeição do dia em que conhecemos você, e levamos pra casa. era um apartamento na av jabaquara, e você morava numa gaiola, na área de serviço. uma senhora bem velhinha cuidava de você, e pegava você no colo pra fazer carinho 1 vez por dia. (talvez venha daí sua doçura, sua carência eterna por afeição e afofos?)

você sempre foi linda, nos apaixonamos quando vimos e pegamos. nunca tínhamos visto uma pelagem de ferret tão linda quanto a sua, parecia um casaco de pele bem macio e comprido, lindo demais. e achávamos que você seria essa lady educada e doce sempre… mas bastou chegar em casa e soltarmos você, e o espírito do ferret se libertou 🙂 lembramos (e rimos muito) sempre do seu primeiro encontro com seus irmãos, no caso, com a didi.

enquanto andava, serelepe pela casa, não se deu conta que havia a DONA da casa, ali do lado. de repente você se virou, viu a minúscula e deu um salto, imenso, assustado, como se fosse desenho animado! rimos tanto de você (e da cara de “nem te ligo” da didi) neste dia. e rimos, amamos e nos divertimos todos os dias da sua vida.

sempre te amei, pequena. mas quem te amou MESMO, tanto quanto é possível alguém amar um ferret, foi seu pai. você sempre foi a preferida dele, e claramente era ele que você sempre amou mais. você dormia no colo dele, ou simplesmente ficava ao lado dele enquanto ele trabalhava. a sombrinha dele, dia e noite. e mesmo no fim, quando você estava fraquinha e já indo embora, era com ele que você se sentia mais feliz.

ele cuidou de você como se cuida de um bebê (verdade seja dita, cuidou de TODOS vocês), especialmente neste último ano em que eu estive tão ausente, tentando cuidar de mim mesma e do seu irmão humano. sinto culpa por não ter estado mais próxima, cuidando de você e dando tudo o que você sempre mereceu. mas a vida é assim, pequena, e felizmente seu pai foi mais de um por você.

depois de 8 anos muito felizes de vida, seu coraçãozinho desistiu de bater, cansou de pular e manter você saltitante por aqui. e decidimos, ao invés de observar você apagando como uma vela, dizer adeus e deixar você descansar. você foi embora numa madrugada de outubro, mas nunca vamos esquecer você, querida.

você vai viver na nossa memória e nas muitas fotos que mostraremos para seu irmão humano nos próximos anos. guardaremos você bem guardadinha nos nossos corações, e o amor, dessa forma, é mesmo eterno.

descanse, princesinha.

porque o céu é azul

(publicado originalmente em 6/out/2007)

ah, because the world is round

it turns me on

because the world is round

ah, because the wind is high

it blows my mind

because the wind is high

ah, love is old, love is new

love is all, love is you

because the sky is blue

it makes me cry

because the sky is blue

**

meu pequeno se foi essa madrugada, dormindo, depois de ficar um tempão no meu colo enquanto eu, sem saber, dizia adeus.

agradeço a são francisco por ter cuidado dele da melhor forma: ele não sofreu e se foi tranquilo. mas não vou negar: meu coração está em mil pedaços.

**

nem tão eterno assim

nosso pequeno bob – que apelidamos de mumm-rá, tamanha sua resistência – se foi essa manhã. ele tinha 6 anos e 7 meses, mas parecia ter uns 1000 anos, pobrezinho, de tão judiado. inclusive nem temos fotos dele, eu acho, porque dava aflição de olhar o bichinho…

adotamos o bob em dezembro de 2007, já quase sem pêlos e com 2 cirurgias no currículo: câncer de adrenal e de pâncreas. ele era magrelo, esquisito, andava todo tortinho. achamos que ele não viveria nem um mês, mas ele ainda ficou conosco 1 ano e 5 meses e aprendemos a amá-lo como se tivesse sido sempre nosso.

nos últimos meses ele desenvolveu um tumor muito agressivo e foi operado novamente em fevereiro. a veterinária até agora não sabe como ele sobreviveu à cirurgia (mumm-rá!). cuidamos dele com papinha a cada três horas e remédios a cada 12 há alguns meses, mas mesmo assim ele não se recuperou direito, perdeu peso gradativamente e estava cada vez mais magro e quietinho. parece que o câncer, uma vez que se instala, consome tudo e muito rápido.

ontem quando cheguei em casa, vi que ele não estava nada bem e depois de falar com a veterinária no telefone, fui com ele pro hospital. disse meu adeus, porque sabia que seriam poucas as chances dele voltar pra casa. hoje cedo ele morreu tranquilo, dormindo, e nós agradecemos a são francisco por essa pequena bênção.

o bob era uma peste de furão: briguento e territorialista, ele mordia todos os outros pra dormir onde queria. mas ele era também carinhoso, pedia colo e comida, nos seguia pela casa. vamos sentir sua falta.

**

e agora, temos uma ferret que é filha única, a preta. como se não bastasse ela ser a criatura mais dengosa do planeta, agora é só ela. e não quero nem pensar no dia em que ela se for.

fênix, 17/6/2003-20/01/2009

internamos a fênix na sexta-feira, ainda pela manhã, depois de perceber que ela estava com dificuldade de andar. tudo de uma hora pra outra, sem nenhum sinal anterior.

na sexta ela já não andava mais e parecia ter bastante dor. no sábado passamos 2 horas com ela, acompanhando a sessão de acupuntura e fazendo carinho e companhia. apesar da condição péssima ela ainda comeu muito bem e nos deu muitas lambidas (ela era a única dos nossos que gostava de “beijos”. o pixel só dava “beijos” muito raramente…).

ela se foi na terça-feira de manhã, dia 20, com 5 anos e meio, de repente, enquanto era alimentada pela veterinária. parada respiratória, rápida e fatal. pedimos exames, para entender o que aconteceu, e ela tinha tumor ósseo avançado em várias vértebras e o pulmão já comprometido pelo câncer. ela nunca manifestou nenhum sintoma, tudo aconteceu em 7 dias. rápido, como sempre pedimos a são francisco.

estamos ainda espantados, é difícil acostumar com a ausência desses pequenos diabinhos, eles deixam sempre um grande vazio. ainda mais quando se vão assim, rápido, sequer conseguimos nos preparar.

são agora dois somente: a preta com 5 anos e meio (catarata em um dos olhos, e só por enquanto) e o bob com 6 anos (uma pata na cova e as outras três na casca de banana :)).

sabemos que assim é a vida, e que eles até vivem bastante com a gente, graças aos cuidados todos. mas é triste, é sim.

didi, 23/set/2000 – 25/out/2008

forever may you run

pequena, que saudade vamos ter de você… confesso que nunca admiti a idéia da sua partida, você sempre pareceu mais forte que a vida e a morte.

acompanhei 7 dos seus 8 anos de vida, e jamais conheci um serzinho tão independente ou corajoso. você não tinha medo de nada, era uma ogrinha de 650g. você só parecia um furãozinho indefeso quando dormia, enroladinha como uma bola, branquinha feito algodão. minha ursinha polar, princesinha de nariz preto, meu avatar em forma de furão.

sonhei com você durante estes 7 anos com freqüência, e você era sempre eu. quando eu temia por você e queria protegê-la, era eu mesma que precisava de ajuda. sua personalidade brincalhona e mandona ao mesmo tempo foi uma piada do destino – eu merecia mesmo um sósia mustelídeo me mostrando o quanto eu precisava aprender a aceitar carinho e cuidado.

você aprendeu devagar, junto comigo. andamos de mão e patinha dadas nestes 7 anos, aprendendo a ser independente e brincalhona sem ser um porco-espinho. nestes útimos anos você se deixou amar e acarinhar, e nos seus útimos dias foi quase uma criatura fofa 😉

aprendi a amar você e suas manias ao mesmo tempo que aprendi a me amar, petitica. sei que há pessoas que só dedicam amor àqueles da mesma espécie, mas não é meu caso. amei sempre e muito sua carinha de urso, suas mordidas e seu gosto pela organização. amei suas brincadeiras 100% conduzidas por você mesma, sempre no seu ritmo e no seu tempo. amei os últimos anos da sua velhice e tranquilidade forçada. amei também cada pequena tentativa sua de organizar os bichinhos.

seu último descanso vai ser ao lado dos montes de bichinhos amigos da thais, mas vão com você também sua po e a rena de nariz vermelho, suas preferidas.

não sei dizer o quanto sinto sua falta, o quanto essa casa é vazia sem sua presença minúscula. mas eu sei como são as coisas da vida: todos precisamos ir um dia e é fato que estes nossos meninos safados e sem-vergonha precisavam mesmo de uma mocinha pra organizar a bagunça que deve ser uma morada só de furões machos…

nos encontramos um dia, querida. fique bem e espere por mim!

didi

(foto da denize, numa visita à nossa casa)

carta para o groo

gumercindo,

eu sei que você não acha graça nenhuma desse apelido, mas você sabe como são os seus pais, cheios de graça. e tem mais graça ainda porque você tem essa carinha de constante mau humor (você bem que podia fazer parte do disapproving rabbits na versão furão! tá, sem idéias engraçadinhas, eu sei).

groo é seu nome, escolhido quando você já tinha 4 anos e veio morar com a gente. nunca vou esquecer como nos conhecemos: primeiro através de um telefonema do seu pai, cujo encantamento por você chegava pelo telefone claro como cristal. ele se apaixonou desde o primeiro olhar, no dia em que você ficou quicando pela casa do seu antigo dono – diz que você parecia uma criatura possuída e pulava feito doido.

naquela ocasião achavam que você era uma menina (eu sei o quanto é ridículo alguém confundir você com uma menina, mas a história é essa) e seu ex-dono chegou ao ponto de chamar você de didi! absurdo. quando pus os olhos em você percebi que se fosse mesmo uma fêmea, seria no mínimo uma fêmea diferente. como você era lindo e enorme! foi bem depois que percebi sua semelhança com o furão do quadro do da vinci, mas me apaixonei imediatamente, apesar do seu mau humor.

sendo fêmea, eu queria chamar você de alice, aquela personagem que era a melhor amiga da olívia palito (ninguém lembra dela, só eu). mas minha suspeita foi confirmada pelo veterináro, que revelou que você era bem macho, e batizamos você de groo. o nome apareceu como milagre, e nenhum animal jamais teve tanta cara de GROO!

você ficou com a gente só quatro anos, metade da sua vida, mas pra nós é como se fosse a vida toda. e nossa paixão só aumentou com o tempo, conforme você foi perdendo o jeitão tosco e aos poucos (bem poucos…) se tornou mais carinhoso. você nunca se tornaria um furão meloso e carente (até porque essa é a antítese do furão), mas você aceitava o nosso carinho e até parecia gostar da nossa companhia. e da comida, é claro, parte importante do seu apreço por nós 🙂

tenho muitas lembranças lindas e divertidas de você, mas a minha preferida é você dando um tapão no gollum, mostrando quem mandava na casa. e isso era outra coisa maluca – você achava que era um gato, às vezes. seu ex-dono nos contou que você foi criado com gatos, que aliás detestavam sua presença mustelídea (certamente porque você não deixava os pobres em paz um só minuto). você aprendeu com eles como usar as patas, e a gente adorava ver você imitando felinos.

outra coisa gostosa de ver era você comendo – você sempre foi um comilão sem-vergonha. era uma delícia ver você sentadinho na frente do potinho e comendo com tanto gosto. esses últimos 6 meses foram tristes, porque você já não dava mais tanta bola pra comida. foi difícil ver você deixando a vida de lado, aos poucos, enquanto a doença tomava conta do seu corpinho.

nós o amamos em todos os momentos que você esteve conosco por aqui, e saiba que continuamos amando. amamos você ainda mais nas horas mais difíceis, quando você ficava mal ou quando estava quietinho no nosso colo, nos últimos minutos, resistindo pra ir embora. você sempre foi o mais forte, até o último suspiro. bem mais forte que nós, que ficamos aqui com o coração em pedaços quando tivemos que nos despedir.

sei que você viveu tudo o que havia pra viver e que são poucos furões que chegam à sua idade, você foi um vencedor. não foi fácil ver você partir, mas pra nós era essencial estar lá nesse momento, segurando sua patinha. mas você merecia não só nosso amor, mas principalmente nossa presença, garantindo que sempre olharemos por você.

sentiremos sua falta. mas eu, diferente do seu pai, creio que nos encontraremos um dia, assim como sei que você está agora com o pastel, o pixel e o gollum (a boy’s party!). não importa qual crença está correta – nos encontraremos na minha versão do paraíso (um lugar cheio de furões e todos os outros bichos) ou na união das partículas todas que formam o universo.

você, de certa forma, vive em nós, e enquanto estivermos aqui, você também está.

um afofo dos seus pais, gorducho, descanse.

* 16/4/2000, +12/04/2008

a verdade sobre os ferrets

(post publicado originalmente aqui em 15/ago/2006)

primeiro eu vou copiar e colar o que o fer escreveu pra rosa sobre o assunto, com alguns links bem úteis:

O melhor lugar para informações sobre ferrets é o www.ilovemyferret.com.br Se eu pudesse dar 3 conselhos antes de você comprar, os conselhos seriam:

1. Compre dois. Um só fica sozinho demais, eles têm um ritmo todo próprio que não podemos suprir;

2. Não os deixe em gaiola. Eles merecem pelo menos um cômodo só deles;

3. Leia isso e isso (Item “Quer adotar?”, no menu à esquerda)

Beijo e boa sorte!

**

agora vou complementar e aproveitar pra responder também à roberta sobre o assunto.

concordo com os conselhos e sites do fer, mas quero também dar um depoimento sobre o que é ter ferrets, pois é BEM diferente de ter cachorros (sempre tive, a vida toda, em casa) e imagino que seja bem diferente também de ter gatos (que nunca tive mas sempre convivi indiretamente com eles).

pra começar, ferrets são animais extremamente frágeis. eles têm metabolismo rápido e portanto adoecem (e se recuperam, pelo lado bom) num ritmo que a gente não acredita. um ferret que fica um dia sem comer ou beber água ou com diarréia forte pode morrer. é muito mais frágil que uma criança, mesmo um bebê muito pequeno, portanto você tem que se acostumar a prestar muita atenção a todos os sinais básicos do animal: comportamento, olhos, nariz, xixi e cocô, pelagem, apetite. qualquer mudança pode significar um problema (geralmente significa).

meu primeiro ferret foi o pixel, eu peguei ele bebezinho em maio de 2000, cabia na minha mão. o pixel foi a criatura que mais amei nessa vida, e mesmo depois dele ter ido embora, no primeiro dia da primavera do ano passado, eu sinto que sempre estará aqui comigo. ele me ensinou muita coisa sobre mim mesma, mas isso tudo eu já disse aqui. me ensinou muito também sobre o cuidado com ferrets e suas conseqüências: ele morreu de úlcera perfurada, sem a menor necessidade. nós o levamos ao veterinário por semanas, e ele não soube diagnosticar que o animal tinha gastrite, uma doença muito simples de curar. quando finalmente o levamos à única clínica veterinária de são paulo (talvez do brasil) que é especializada em ferrets, a pet place, ele chegou lá já sem esperança e só pudemos deixá-lo ir embora em paz.

o pastel chegou 2 meses depois do pixel, e já chegou com pneumonia, bebezinho. eu não tinha muita noção na época do quanto era preciso estar atenta a pequenos sinais, acho que podia ter feito mais por ele. o fato é que, a despeito de todo cuidado que eu tive (incluindo aí passar 4 noites em claro dando comida e água a cada 2 horas) ele morreu com um ano e meio e eu não sei direito até hoje do que foi. dizem que foi pneumonia mesmo, mas tenho minhas dúvidas hoje em dia: acho que ele tinha aquela doença de coração que dá em cachorros e que o tórax fica cheio de água.

quando o pastel morreu, decidi que não queria pegar nenhum ferret bebê, eu queria adotar algum animal já adulto que alguém não quisesse, algo como salvar o bichinho de uma vida sem amor. adotei a didi, que era ferret de estimação de um pet shop e só tinha vivido em gaiola por 1 ano e meio, no meio da loja. foi a melhor coisa que aconteceu na vida do pixel e na minha também. ela é incrivelmente inteligente e independente, está com quase 6 aninhos e muito bem. nunca tive trabalho com ela, parece de ferro!

casei com o fer em 2003, e ele se apaixonou pelos pequenos monstros. resolvemos adotar mais um e em 2004 adotamos o groo, nosso monstro criado com gatos (ele se comporta como um) cujo dono achava que ele era uma menina (é menino) e tinha 2 anos (tinha 4). ele tem mais de 6 anos atualmente e está uma baleia preguiçosa (como a dona). continua com um humor péssimo, ele meramente suporta nossa presença na casa.

a pretinha chegou logo depois e é o ferret mais perfeito que já vi. ela é linda, manhosa, charmosa, tem o pêlo mais maravilhoso que já vi na vida e ainda por cima tem aquela máscara nos olhinhos. ela parece irmã do pixel no temperamento e para nosso espanto, realmente ama humanos. o dono dela a vendeu porque queria comprar um DVD player. ela está com 3 aninhos.

logo depois da morte do pixel a paula machado nos doou duas criaturas lindas: fênix (3 anos) e gollum (4 anos no fim do ano). esses dois sempre foram amados e são duas coisas fofas e pestes. o gollum, pouco tempo depois que chegou, desenvolveu uma doença chamada insulinoma, que é relativamente comum em ferrets (é uma disfunção pancreática que causa produção excessiva de insulina). ele foi operado em março, retirou boa parte do pâncreas e também uma adrenal (equivalente à nossa suprarenal). a adrenal estava OK, o pâncreas tinha um tumor maligno. ele desenvolveu diabetes na seqüência da cirurgia, ficou internado por 20 dias na clínica para adaptação da dose de insulina. ficamos tratando dele como diabético por quase 3 meses (aplicação subcutânea de insulina várias vezes ao dia) e na semana passada ele finalmente voltou ao normal: seu pâncreas voltou a funcionar normalmente, pra nossa felicidade. ele está muito bem, gordo e feliz e virou estudo de caso da clínica veterinária.

nossa experiência de adoção de ferrets com idades e sexos diferentes é ótima: nunca tivemos problemas quanto a isso, eles se deram todos muito bem em poucos dias. aliás, ficaram amigos de infância, essa é a verdade. ferrets gostam de viver em grupo, portanto é importante não deixá-los sozinhos, isso é um pecado. eles são mais felizes em grupo e você certamente será mais feliz se tiver pelo menos 2 deles pra ver brincando.

eu sempre falo da maravilha que é ter ferrets, mas quero deixar claro que algumas coisas são realmente difíceis e quem quer adotá-los precisa estar ciente de alguns fatos:

1) ferrets não são tão amorosos quanto cachorros e alguns gatos. eles têm muita personalidade e alguns inclusive detestam que a gente pegue, aperte, afofe. se você quer um ferret pensando que ele será como um cachorro que está sempre feliz pela sua simples existência, esqueça. eles têm uma vida bem independente da nossa e só consentem em dividir a casa com você porque você os alimenta

2) eles são teimosos. se ele cismar que alguma coisa é dele, vai insistir o resto da vida em pegá-la. eles sabem resolver problemas (é verdade, isso não é forma de dizer) e encontram os meios mais criativos de chegar onde querem, abrir portas, janelas, entrar nos lugares mais absurdos e aprontar coisas incríveis (nem sempre divertidas pra nós)

3) sua casa vai ter que mudar para ter um ferret. eles não saltam como os gatos, mas escalam praticamente qualquer coisa que se possa agarrar com as unhas (enormes), e como eu disse, eles são realmente inteligentes. cortinas na janela, que eles possam escalar? esqueça. móveis perto de janela escaláveis? esqueça. estantes fáceis de subir? eles vão subir e derrubar suas coisas, seus livros, seus bibelôs. eles derrubam coisas pelo prazer de vê-las cair. esqueça a graciosidade natural dos gatos: ferrets são destrambelhados e GOSTAM de fazer bagunça.

4) não é recomendável deixar ferrets perto de máquinas de lavar ou qualquer coisa com motor. eles se enfiam dentro dos motores e buracos pequenos simplesmente porque querem ver o que tem lá dentro e é instinto deles entrar em buracos. esse inconveniente pode ser tão simples quanto passar 1 hora tentando convencê-lo a sair do buraco ou tão trágico quanto ligar uma máquina de lavar e matar o bicho lá dentro

5) algumas pessoas reclamam que seus ferrets mordem fios. os nossos não mordem, nenhum deles, mas acho que é porque eles não vêem muita graça em fios, com tantas coisas divertidas pra morder por aqui. alguns ferrets mordem a gente, de verdade, porque é o jeito de brincar entre eles. a mordida deles não é de brincadeira, eles têm caninos enormes. o pastel mordia de tirar sangue e não adiantava brigar. os demais mordem de brincadeira, mas dói, então crianças pequenas e ferrets não combinam muito bem (é perigoso para ambos)

6) ferrets gostam de liberdade, espaço, brinquedos, tocas, paninhos. eles precisam de diversão pra serem felizes, não basta comida, água e carinho. eles são como filhotes o resto da vida, eles PRECISAM de brincadeiras constantes. não adote um ferret se você não gosta de animais brincalhões e pentelhos, que mordem seu pé, roubam suas coisas e cavam os seus vasos. eles são assim e serão sempre assim até morrer

7) não mantenha um ferret trancado numa gaiola, isso é a pior coisa que eu posso pensar em fazer com um animal desses. eu sei que na loja eles ficam nas gaiolas bonitinhas com brinquedos, eu sei que tem gente que deixa preso e solta algumas vezes ao dia. acredite em mim: é uma judiação. só quem já viu os ferrets vivendo soltos pode entender como eles são plenamente felizes com liberdade e espaço

8) se você não tem dinheiro para comprar a ração especial para ferrets e levá-lo ao veterinário com certa freqüência, não adote um. eles são, como eu disse, frágeis e realmente dão trabalho quando estão doentes. houve épocas de ficarmos dando remédio de 6 em 6 horas (e NÃO dá pra deixar pra depois, eles morrem mesmo); estamos há 3 meses indo ao veterinário toda semana pra acompanhar a recuperação do gollum e há meses não viajamos porque não podemos deixá-los sozinhos. vou passar dados reais, do meu controle financeiro, pra dar uma idéia: no ano passado gastamos em média 314 reais por mês com os furões. este ano, por enquanto, já foram 540 reais por mês. é verdade que temos 5, mas uma cirurgia custa 1000 reais, a internação de 20 dias custou 1600 reais. não dá pra ignorar isso, certo?

9) ferrets têm cheiro de bicho selvagem, apesar das glândulas de cheiro serem retiradas (eles também são castrados ainda bebês, é exigência do IBAMA para entrarem no brasil), então tenha certeza que você não se importa com o cheiro deles, porque não adianta dar banho, é o cheiro deles!

10) eles fazem muito cocô e xixi, graças ao metabolismo rápido. é um tico de nada, mas tem cheiro, claro, e nem todos aprendem (ou querem) usar caixinhas de areia (como os gatos) ou jornais. nós temos todos os tipos de temperamento aqui em casa: o groo usa muito a caixinha (90% das vezes), senão usa o jornal. a didi, por outro lado, tem revolta contra portas fechadas e, havendo uma, ela nos faz a gentileza de fazer cocô/xixi na FRENTE da porta, como protesto. eu não me importo, limpo numa boa. eles não fazem sujeira em roupas, sofás ou coisas assim, são bem limpos e procuram cantinhos longe de onde dormem, sempre. ah, carpetes não são uma boa idéia com ferrets. nossa casa é toda de taco de madeira com uma camada de poliuretano pra evitar estragar a madeira por conta dos xixis ocasionais.

11) a expectativa de vida dos ferrets é curta. muitos não vivem mais que cinco anos, alguns chegam a 8 anos, ouvimos dizem que uma moça aqui em SP tem um de 12 anos. eles costumam morrer de acidente também, é bem freqüente, graças à sua natureza curiosa. eles se enfiam em roupas, dentro dos mecanismos de máquinas e sofás, entram em ralos e acabam morrendo porque a gente não prestou a devida atenção aos perigos.

a despeito de todas as complicações, eles são animais incríveis, que me fazem lembrar todo dia que a vida é um milagre, que a natureza é perfeita. jamais serei grata o suficiente por ter a oportunidade de conviver com essas criaturas malucas, criativas e divertidas. eles fazem minha vida mais feliz e me lembram a todo instante que a vida é breve e exatamente por isso precisa ser muito bem vivida.

o leão que se cuide…

um vídeo divertido de um leão e um ferret. o ferret sem medo de nada — como todos os ferrets — e o leão tentando capturar o folgadão.

lindo 🙂 veja aqui.

pra quem pensa que ferrets só dormem

nossa ladra de plantão, faniquita, especialista em arrumação de sapatos 🙂