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preta, * 23/jul/2003 + 01/out/2011

Big sister Pretinha & Otto

querida pretinha,

se eu de verdade acreditasse num céu ou paraíso de animais (ou qualquer tipo de paraíso, diga-se) você estaria nele, com certeza. nunca houve um ferret tão doce, macio, suave e querido quanto você. sua doçura era sua marca registrada, seu maior charme e o que sentiremos mais falta.

mas nem por isso você tinha menos personalidade, que fique claro. como todos os ferrets, você era obstinada, curiosa e muito brincalhona. uma capetinha! enquanto seus irmãos estiveram conosco, você fez questão de infernizar bastante a vida deles, com convém a todo furão que se preze.

adotar você foi a melhor coisa que fizemos, seu pai sempre dizia. lembro com perfeição do dia em que conhecemos você, e levamos pra casa. era um apartamento na av jabaquara, e você morava numa gaiola, na área de serviço. uma senhora bem velhinha cuidava de você, e pegava você no colo pra fazer carinho 1 vez por dia. (talvez venha daí sua doçura, sua carência eterna por afeição e afofos?)

você sempre foi linda, nos apaixonamos quando vimos e pegamos. nunca tínhamos visto uma pelagem de ferret tão linda quanto a sua, parecia um casaco de pele bem macio e comprido, lindo demais. e achávamos que você seria essa lady educada e doce sempre… mas bastou chegar em casa e soltarmos você, e o espírito do ferret se libertou 🙂 lembramos (e rimos muito) sempre do seu primeiro encontro com seus irmãos, no caso, com a didi.

enquanto andava, serelepe pela casa, não se deu conta que havia a DONA da casa, ali do lado. de repente você se virou, viu a minúscula e deu um salto, imenso, assustado, como se fosse desenho animado! rimos tanto de você (e da cara de “nem te ligo” da didi) neste dia. e rimos, amamos e nos divertimos todos os dias da sua vida.

sempre te amei, pequena. mas quem te amou MESMO, tanto quanto é possível alguém amar um ferret, foi seu pai. você sempre foi a preferida dele, e claramente era ele que você sempre amou mais. você dormia no colo dele, ou simplesmente ficava ao lado dele enquanto ele trabalhava. a sombrinha dele, dia e noite. e mesmo no fim, quando você estava fraquinha e já indo embora, era com ele que você se sentia mais feliz.

ele cuidou de você como se cuida de um bebê (verdade seja dita, cuidou de TODOS vocês), especialmente neste último ano em que eu estive tão ausente, tentando cuidar de mim mesma e do seu irmão humano. sinto culpa por não ter estado mais próxima, cuidando de você e dando tudo o que você sempre mereceu. mas a vida é assim, pequena, e felizmente seu pai foi mais de um por você.

depois de 8 anos muito felizes de vida, seu coraçãozinho desistiu de bater, cansou de pular e manter você saltitante por aqui. e decidimos, ao invés de observar você apagando como uma vela, dizer adeus e deixar você descansar. você foi embora numa madrugada de outubro, mas nunca vamos esquecer você, querida.

você vai viver na nossa memória e nas muitas fotos que mostraremos para seu irmão humano nos próximos anos. guardaremos você bem guardadinha nos nossos corações, e o amor, dessa forma, é mesmo eterno.

descanse, princesinha.

fênix, 17/6/2003-20/01/2009

internamos a fênix na sexta-feira, ainda pela manhã, depois de perceber que ela estava com dificuldade de andar. tudo de uma hora pra outra, sem nenhum sinal anterior.

na sexta ela já não andava mais e parecia ter bastante dor. no sábado passamos 2 horas com ela, acompanhando a sessão de acupuntura e fazendo carinho e companhia. apesar da condição péssima ela ainda comeu muito bem e nos deu muitas lambidas (ela era a única dos nossos que gostava de “beijos”. o pixel só dava “beijos” muito raramente…).

ela se foi na terça-feira de manhã, dia 20, com 5 anos e meio, de repente, enquanto era alimentada pela veterinária. parada respiratória, rápida e fatal. pedimos exames, para entender o que aconteceu, e ela tinha tumor ósseo avançado em várias vértebras e o pulmão já comprometido pelo câncer. ela nunca manifestou nenhum sintoma, tudo aconteceu em 7 dias. rápido, como sempre pedimos a são francisco.

estamos ainda espantados, é difícil acostumar com a ausência desses pequenos diabinhos, eles deixam sempre um grande vazio. ainda mais quando se vão assim, rápido, sequer conseguimos nos preparar.

são agora dois somente: a preta com 5 anos e meio (catarata em um dos olhos, e só por enquanto) e o bob com 6 anos (uma pata na cova e as outras três na casca de banana :)).

sabemos que assim é a vida, e que eles até vivem bastante com a gente, graças aos cuidados todos. mas é triste, é sim.

carta para o groo

gumercindo,

eu sei que você não acha graça nenhuma desse apelido, mas você sabe como são os seus pais, cheios de graça. e tem mais graça ainda porque você tem essa carinha de constante mau humor (você bem que podia fazer parte do disapproving rabbits na versão furão! tá, sem idéias engraçadinhas, eu sei).

groo é seu nome, escolhido quando você já tinha 4 anos e veio morar com a gente. nunca vou esquecer como nos conhecemos: primeiro através de um telefonema do seu pai, cujo encantamento por você chegava pelo telefone claro como cristal. ele se apaixonou desde o primeiro olhar, no dia em que você ficou quicando pela casa do seu antigo dono – diz que você parecia uma criatura possuída e pulava feito doido.

naquela ocasião achavam que você era uma menina (eu sei o quanto é ridículo alguém confundir você com uma menina, mas a história é essa) e seu ex-dono chegou ao ponto de chamar você de didi! absurdo. quando pus os olhos em você percebi que se fosse mesmo uma fêmea, seria no mínimo uma fêmea diferente. como você era lindo e enorme! foi bem depois que percebi sua semelhança com o furão do quadro do da vinci, mas me apaixonei imediatamente, apesar do seu mau humor.

sendo fêmea, eu queria chamar você de alice, aquela personagem que era a melhor amiga da olívia palito (ninguém lembra dela, só eu). mas minha suspeita foi confirmada pelo veterináro, que revelou que você era bem macho, e batizamos você de groo. o nome apareceu como milagre, e nenhum animal jamais teve tanta cara de GROO!

você ficou com a gente só quatro anos, metade da sua vida, mas pra nós é como se fosse a vida toda. e nossa paixão só aumentou com o tempo, conforme você foi perdendo o jeitão tosco e aos poucos (bem poucos…) se tornou mais carinhoso. você nunca se tornaria um furão meloso e carente (até porque essa é a antítese do furão), mas você aceitava o nosso carinho e até parecia gostar da nossa companhia. e da comida, é claro, parte importante do seu apreço por nós 🙂

tenho muitas lembranças lindas e divertidas de você, mas a minha preferida é você dando um tapão no gollum, mostrando quem mandava na casa. e isso era outra coisa maluca – você achava que era um gato, às vezes. seu ex-dono nos contou que você foi criado com gatos, que aliás detestavam sua presença mustelídea (certamente porque você não deixava os pobres em paz um só minuto). você aprendeu com eles como usar as patas, e a gente adorava ver você imitando felinos.

outra coisa gostosa de ver era você comendo – você sempre foi um comilão sem-vergonha. era uma delícia ver você sentadinho na frente do potinho e comendo com tanto gosto. esses últimos 6 meses foram tristes, porque você já não dava mais tanta bola pra comida. foi difícil ver você deixando a vida de lado, aos poucos, enquanto a doença tomava conta do seu corpinho.

nós o amamos em todos os momentos que você esteve conosco por aqui, e saiba que continuamos amando. amamos você ainda mais nas horas mais difíceis, quando você ficava mal ou quando estava quietinho no nosso colo, nos últimos minutos, resistindo pra ir embora. você sempre foi o mais forte, até o último suspiro. bem mais forte que nós, que ficamos aqui com o coração em pedaços quando tivemos que nos despedir.

sei que você viveu tudo o que havia pra viver e que são poucos furões que chegam à sua idade, você foi um vencedor. não foi fácil ver você partir, mas pra nós era essencial estar lá nesse momento, segurando sua patinha. mas você merecia não só nosso amor, mas principalmente nossa presença, garantindo que sempre olharemos por você.

sentiremos sua falta. mas eu, diferente do seu pai, creio que nos encontraremos um dia, assim como sei que você está agora com o pastel, o pixel e o gollum (a boy’s party!). não importa qual crença está correta – nos encontraremos na minha versão do paraíso (um lugar cheio de furões e todos os outros bichos) ou na união das partículas todas que formam o universo.

você, de certa forma, vive em nós, e enquanto estivermos aqui, você também está.

um afofo dos seus pais, gorducho, descanse.

* 16/4/2000, +12/04/2008