como é difícil!

percebi uma coisa: o blog de certa forma servia como um “dump” da minha cabeça. eu escrevo sobre as mil idéias que vivem na minha cabeça e elas param de me atormentar. eu não sei vocês, mas minhas idéias me atormentam até que eu faça alguma coisa delas, nem que seja escrever aqui e dizer o que acho a respeito. gosto daquela metáfora da idéia fixa no trapézio, do machado de assis, lembram?

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eu ganhei o pacotinho completo e estou usando a versão beta do office que é MARAVILHOSA! o único problema é que é beta (ou seja: dá pau às vezes) e que deixou tudo l.e.n.t.o. e, para a diversão particular da nerd que vos fala, o visual deste office é parecidíssimo com quem? macOS 😀

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assistimos finalmente o jardineiro fiel. que filme! nem digo nada da rachel weisz, que eu acho maravilhosa inclusive como bibliotecária da múmia, mas digo que o filme me surpreendeu positivamente por ser bonito, provocante (não exatamente no sentido sexual, apesar das cenas no casal serem sensacionais), incômodo. eu nem sempre — ok, quase nunca — tenho a sensação de estar diante de uma obra de arte quando vejo filmes. fica faltando o que alguns especialistas chamam de “aura” da obra, mas esse filme me tocou e não foi pela pobreza da áfrica ou pela ganância humana, mas porque tocou o sininho de obra de arte pra mim. foi um bom momento.

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minha amiga querida nospheratt (se ela soubesse como me dá trabalho escrever esse nick, escolhia outro tipo ZOÉ :D) vem com a pergunta “por que você bloga?”. sem querer tirar a graça da brincadeira, eu fiz esta pergunta neste blog em 2001 e várias pessoas responderam, inclusive eu mesma. fui lá nos meus arquivos procurar as respostas e desisti: li tanta porcaria que eu escrevi na época que fiquei constrangida e deixei pra lá.

eu quero mudar a pergunta pra responder, porque detesto “blogar” e “blogueiros”. não me considero blogueira apesar de ter blog há 6 anos e eu não blogo, eu escrevo. blog é meio e não fim, e não há blogueiros mas pessoas que querem se expressar de alguma forma, que, por acaso, chamaram de blog. em 1997 (ou foi 1995?) criei meu primeiro site e escrevi mil coisas: desde um resuminho da minha vida até minhas preferências e links pra sites que eu gostava. tipo um blog? tipo, só que não tinha a ferramenta e quando eu queria mudar era na mão.

eu sou faladeira, contadora de histórias e dona da verdade. adoro dar opinião, provocar discussão e mexer com a cabeça (e outras partes do corpo :D) das pessoas. sempre fiz isso, sempre farei, o blog só dá uma ajudinha hoje em dia porque está ao alcance de bastante gente. mas eu faço essas coisas aí todas em todos os ambientes que frequento: eu falo muito, dou palpite, arranjo encrenca, faço charme e ganho amigos e inimigos (aqueles mais que estes, felizmente).

eu escrevo aqui porque se eu não me comunicar acho que morro. escrever aqui é um pouco como socializar em festas ou encontros de amigos sem estar fisicamente junto, o que tem seus prós e contras. mas é isso: blog é MEIO, se comunicar é FIM. e não, eu não acho que é necessário ficar colocando links pra tudo que é canto e pra tudo o que é gente, depende do estilo da pessoa. eu já fui muito mais generosa com compartilhamento de links aqui. hoje eu tenho o delicious e o stumble, onde eu guardo os links que me chamam a atenção. são ferramentas que se prestam a isso, acho que temos que aprender a usá-las. da mesma forma, já não publico mais fotos aqui, coloco no flickr, se você quiser vê-las é só aparecer por lá.

diferente da minha amiga que me provocou a responder 🙂 eu não acho que exista nenhum tipo de pré-requisito ou regra para escrever (a coerência foi pra disney, ok? me deixem com minhas rabugices ocasionais), seria mais ou menos como exigir que todas as casas tivessem arquiteturas e cores bonitas e agradáveis, que todas as cidades fossem de um jeito que agradassem a todos os desejos. assim como há os bonitos e os feios, há os talentosos e os estúpidos, e todos eles têm seus pares, seus fãs e seus nêmesis. não é diferente nos blogs, não haveria porque sê-lo! o que eu acho o máximo na internet é a diversidade absurda, a riqueza de conteúdo e principalmente aquele “X” que tem ali do lado direito superior da minha janela — e eu uso pra caramba 🙂

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mas, por outro lado, muito me incomoda o mercado editorial desse país: um bando de escritores medíocres (pra dizer o mínimo) consegue publicar porque é amigo do amigo do amigo. ridículo, asqueroso. além disso os livros são caríssimos. eu ando comprando só livros de edição papel jornal importados, que custam de 16 a 20 reais (livros de mais de 400 páginas!).

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e a TV? meu jesus amado… como tem gente retardada na TV. os que escrevem, os que atuam, é uma coisa deprimente. e a TV aberta especificamente é o fim da picada. quando vejo novela, faustão e coisas assim fico extremamente deprimida pensando que há milhares de pessoas que só têm acesso a isso. aquela celeuma a respeito da senhora que contou como foi seu primeiro orgasmo me deixou pensando: a hipocrisia não tem limites, minha gente. diversos programas da TV aberta mostram coisas imorais, nojentas, violentas, constrangedoras e ninguém se incomoda, inclusive acha legal. por que aquelas mulheres no faustão e no caldeirão do huck esfregando a bunda na câmera são OK e a mulher contar que gozou é indecente? e o programa da gimenez, o que é aquilo? e as imagens de guerra, montes de criancinhas mortas? ninguém fica indignado, isso é só “fato”. vão tudo pra puta que o pariu esse bando de hipócritas, viu.

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e tem gente dizendo que o lance lá da mulher é “complicado” porque tem criança assistindo novela. vocês aí que deixam seus filhos pequenos verem novela que me desculpem, mas vocês têm sérios problemas. a gente que é adulto ver novela eu até entendo, tipo “entretenimento pré-digerido”; mas crianças, seres EM FORMAÇÃO, vendo aquela merda cheia de mentiras e coisas completamente fora da realidade? não, não mesmo. ainda acho que certa estava minha mãe: criança não ouve e nem se mete em assunto de adulto e consome conteúdo feito para crianças, de preferência que seja educativo.

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vejam bem: a fluoxetina voltou a fazer parte da minha vida e eu sou uma mulher mais tolerante. como assim, não deu pra perceber? 🙂

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tem tanta coisa que eu queria comentar que já nem sei mais, essa história de escrever só de vez em quando tem dessas: eu esqueço o que queria dizer. mas se esqueci, já não é mais tão importante, afinal, e vamos em frente.

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neste momento tem na TV uns retardados colocando a mão na boca de um tubarão branco saltador africano. me expliquem, pelo amor de deus, o que leva uma pessoa a isso? e quem escala montanhas geladas? e quem salta de penhascos? tenha dó, viu, tudo doido… e eu tou velha, né? é isso: é a velhice.

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sem mais, despeço-me atenciosamente. fui!

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  1. “… vocês aí que deixam seus filhos pequenos verem novela que me desculpem, mas vocês têm sérios problemas … ”

    A coisa mais sensata, de tudo o que lí, sobre a tal polêmica do “Côncavo e Convexo” !

    Achei seu site via Polzonoff.

    Gostei muito, parabéns !

  2. Lindim, sobre essa coisa de “autores” e etc, tenho uma sugestão divertida (pelo menos tomando como parâmetro meu humor ácido): uma edição de bolso da Ed. LP&M, que eu comprei nessa semana (a pequena história de como eu o comprei e meus comentários sobre a leitura eu -talvez- publique lá no meu brogue). É uma compilação do Schopenhauer, e chama “A arte de escrever”, e basicamente reclama sobre a mediocridade e essa coisa de mercado editorial tosco. O único detalhe é que foi escrito no século XIX, basicamente. Custa 12 real, e vou ver se acho outro pra te dar. 🙂

    Bjs,

    Nor

    PS: Saudaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaade de todos.

  3. Zel, minha amiga querida, eu não esperava menos de você! Post inteligente, cheio de coisas que me fazem pensar, discordando com classe… e muitas idéias em comum.

    Não vou agradecer por ter aceitado meu convite, vou é mandar um abraço e um beijo. Eu adoro você, mesmo sem conhecê-la pessoalmente, e lembro de você todos os dias, viu?

    Não vou escrever a carta/comentário que gostaria, azucrinando sua paciência – afinal, agora eu tenho minha própria “caixinha-de-comunicar-idéias-que-nos-perseguem-pedindo-pra-sair”, né? Mas vou falar sobre o que você me fez pensar, lá no meu bloguinho. Tks!

    PS – Quanto ao nick, pode abreviar como quiser, minha santa! Nosph, Nos, N, qualquer coisa que lhe agrade. 😛

  4. TV aberta não é concessão do governo? Pois o governo deveria forçar as emissoras a transmitirem conteúdos educativos em todos os horários e para todas as idades!

    Por que só pode passar porcaria caça grana de anunciante na TV? Pode passar coisa de lazer, claro que pode, mas deveria ser obrigatório conteúdo educativo, afinal eles trabalham com concessão pública.

  5. zel, eu acho você ótima quando você é fofa, simpática, fala de seus ferrets ou de cozinha, ou do seu amado, mas quando você fica mau-humorada e rabugenta reclamando dos estúpidos e da estupidez eu acho você muito melhor.

    Rindo aqui, ganhei um dia ruim…

  6. zentes, a fluoxetina é uma química ESSENCIAL para uma pessoa como eu, que tem a constante impressão que o mundo está em slow-motion enquanto eu estou em velocidade “normal” 😀 essa santa droga me deixa menos frenética, o que por conseqüência deixa todos ao meu redor menos sujeitos a tempestades 🙂 UMA BÊNÇÃO, ALELUIA!

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