drops de fel, para fal

namoro

foi logo na primeira viagem que ela percebeu: aquilo não ia dar certo, de jeito nenhum. aquela história toda de ex-várias-coisas, meias-verdades sobre sua história e um falso (falsíssimo, inclusive, ela descobriu depois) repúdio a tudo o que é fútil cheirava mal. ela, esquecendo deliberadamente as lições de mamãe, ao invés de desinfetar com aquilo foi deixando pro dia seguinte. meses depois o fedor era tanto que ela fugiu de casa, desesperada, com mais de 30 anos nas costas. demorou mais de 2 meses pra conseguir voltar; depois que o fulano saiu, parecia que o cheiro estava impregnado. a verdade é que até hoje, de vez em quando, ela ainda sente uma certa maresia e vai pra janela tomar ar.

noivado

essa história de pedido de casamento, festa de casamento e noivado nunca foi exatamente um sonho dela, não (a verdade é que ela gostava de casar e casava, até, mas não gostava do casamento). mas, apaixonadíssima, caiu na própria armadilha: assim como quem não quer nada, achou bonito dizer que ele era o escolhido, o homem da sua vida e com ele, só com ele, ela realmente tivera vontade de casar. (e era mentira, claro, porque ela tem mania de mentir pra si mesma com certa freqüência e às vezes as mentiras vazam). acontece que ele precisava se sentir especial e ela sabia, usava isso como sua arma secreta. pouco tempo depois, como ela previa, ele a pediu em casamento. era pra ter sido uma surpresa (não foi), ele a leva a um restaurante cafona e com os olhos brilhando, faz o pedido. até hoje ela não sabe direito se foi o susto, o camarão com gosto de isopor ou aquela criatura emocionalmente perturbada ali agarrada na mão dela que a fez continuar mentindo que tudo ia dar certo, mas o fato é que disse sim. até porque desconhecia o não, com aquela idade, coitada.

casamento

isso ninguém pode negar: ele era um homem que priorizava seus compromissos objetivamente. o casamento marcado para a sexta-feira à noite, tudo combinadinho, ela pergunta “amor, a gente não vai poder sair em lua-de-mel por muito tempo por causa do trabalho, mas podíamos passar o fim-de-semana logo depois da festa em algum lugar legal, né?” e ele responde “ah, querida, não vai dar… sábado é o dia que fico com minha filha, lembra?”. ela, achando que era pegadinha do faustão, argumenta “mas, querido… será que nesse sábado específico da nossa lua-de-mel não é possível mudar o dia?” e ele, calmíssimo, “acho que é, mas eu não quero”.

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um oferecimento singelo deste blog à fal, a dona dos drops mais legais do universo!

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