dia da mulher é uma coisa esquisita

fazer aniversário no tal dia da mulher é uma coisa legal por dois motivos: (1) as amigas sempre lembram 😀 e (2) é legal quando as pessoas dizem “parabéns pelo dia das mulheres!” e eu posso dizer “eu quero 2 parabéns, que hoje é meu aniversário”.

é gostoso receber parabéns, mesmo quando a gente sabe que tem gente que fala da boca pra fora 🙂

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mas falando sério: acho uma bobeira o evento marketeiro dia das mulheres. o significado da comemoração se diluiu e neste dia, em que podíamos pensar um pouco sobre o que é ser mulher ou como o mundo nos trata, fazemos cara de contente quando recebemos lembrancinhas ridículas ou ouvimos de algum babaca coisas como “esse é o dia de vocês porque os outros são todos nossos, HA HA HA”.

na minha profissão os homens ganham mais e chegam mais longe. há as mulheres que chegam longe também, embora sejam poucas, mas nenhuma delas “chega lá” sem pagar um preço alto: tornaram-se homens no comportamento, senão na sexualidade ou na aparência. tudo aquilo que é mais característico do nosso sexo é deixado de lado pra poder competir de “igual pra igual”.

igual nada: temos sempre que ser MUITO melhores que os nossos concorrentes homens pra conseguir alguma coisa. nenhuma mulher alcança altos postos sem abrir mão da sua feminilidade (e não falo de roupas e nem de cabelo, pelo amor de deus).

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há alguns anos (com 28, na verdade) percebi que, prestando atenção ao meu comportamento, pra ser homem eu só precisava ter nascido XY. eu incorporei um personagem que era a negação de tudo o que é feminino, doce e generoso. mas era tudo casca: por dentro eu continuei tão mulherzinha quanto sempre fui desde que nasci. a travestida do lado de fora causava dores horrorosas pra mulherzinha do lado de dentro, era uma vida difícil.

percebi quase sem querer que eu não precisava ser travestida, que não seria pior e nem “fraca” por isso. cavei bem fundo e descobri em mim uma mulher que demorou 28 anos pra nascer e que ainda tem muitos anos de crescimento e aprendizado pela frente. perdi a vergonha de ser mulher e de tudo o que isso traz como conseqüência. e sabem o que mais? o mundo me respeita mais depois que eu aprendi a me respeitar. sou uma mulher mais bem-sucedida e feliz depois que descartei todas as lições de feminismo mal-interpretado que recebi da minha mãe e outras mulheres adultas na década de 70. sei que elas não tinham más intenções, vejam, é que elas entenderam tudo errado: nós não precisamos ser IGUAIS aos homens, nós precisamos é de respeito.

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semana passada recebi da minha irmã um texto legal — para mulheres — sobre como é importante valorizar as mulheres da sua vida pois são elas que estão e estarão lá, ao seu lado, durante os anos mais difíceis da sua vida.

eu gosto da idéia de ter, durante a vida, outras mulheres ao meu redor. algo como uma rede feminina de apoio para os momentos difíceis 🙂 e sinceramente não entendo mulheres que compraram a idéia machista e distorcida de que mulheres são vingativas, competitivas, que nunca são amigas “de verdade”.

odeio esse discurso de “homens são amigos melhores”. pra mim isso é que nem o papo de “homem não presta”: desculpa esfarrapada de quem não sabe escolher relacionamentos.

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eu gosto de ser mulher

que mostra mais o que sente

o lado quente do ser

e canta mais docemente.

(o lado quente do ser, marina lima)