a arte do diálogo

dou bastante valor ao diálogo ou, mais precisamente, à troca de idéias. é verdade que nem sempre consigo estabelecer essa via de duas mãos, não é incomum o atropelamento. principalmente quando falo cara a cara: sempre acontece de não conseguir conter minha ansiedade e atropelar o interlocutor. não é por mal, juro, é pura ansiedade, um desejo incontrolável de colocar em palavras o que passa na minha cabeça à velocidade da luz.

não me incomodo muito com interrupções no meio de uma conversa descompromissada, não dou tanta importância assim para a continuidade, afinal sempre se pode retomar o assunto depois se for mesmo importante. mas sei que há quem se incomode a ponto de calar, deixar de conversar, e procuro respeitar. mas confesso: é difícil manter a regra de ouvir-e-depois-falar.

já quando o assunto é sério, acho importante tentar manter a regra de ouvir-primeiro-pensar-falar-depois. não é mais fácil, não, mas como é mais importante eu me empenho. e luto ferozmente contra a tendência de achar que já sei o que as pessoas vão dizer ou de concluir raciocínios alheios antes de finalizadas as sentenças. me pego fazendo isso mentalmente quase sempre, o que é quase tão ruim quanto interromper e concluir pelos outros de fato, em voz alta. cada vez que deixo de prestar atenção ao que o outro diz e assumo que sei, perdi tempo, desperdicei uma oportunidade de receber informação preciosa.

esse processo de ouvir-pensar e só então começar a tentar replicar é difícil demais. não sei se é pra todos, mas pra mim é um desafio enorme e constante. certamente é mais difícil de administrar quando a conversa se dá pessoalmente e em tempo real, mas o exercício escrito e assíncrono não é muito mais fácil.

uma vantagem clara é a de poder ler e reler várias vezes antes de replicar; e ler e reler outras tantas vezes a sua própria réplica antes de publicar ou enviar. mas quem consegue conter a ansiedade ou os humores, principalmente quando estamos “falando” com uma tela de computador e não com um rosto e um corpo aqui na frente? demorei a aprender que apesar de fantástico, esse meio de comunicação (eletrônico) é cheio de perigos e tentações. responder mensagens com raiva ou triste é o pior que se pode fazer. confiar na falsa proteção da tela do computador é como usar armadura de papel. letras escritas podem incomodar tanto quanto palavras pronunciadas pela nossa boca, às vezes até mais.

aprendi a não responder emails ou mensagens quando estou com raiva, ou pelo menos evitar o momento de explosão. procuro deixar passar, amenizar, e depois respondo. ainda assim, releio muitas vezes e quase sempre desisto. pena que ainda tem o “quase”.

mesmo quando não sinto raiva ou tristeza, evito bater boca por meio eletrônico. podem reparar que é raro eu responder comentários, gosto mais de complementar alguma coisa do que já tinha dito ou agraceder uma ou outra mensagem mais carinhosa. não é falta de atenção ou de interesse, é que gosto de deixar os comentários para os visitantes ao invés de ocupar todos os espaços, se é que me entendem.

e foi por isso que esse post começou: estava navegando por aí e vi um desses blogs cujos donos respondem a todos os comentários e comecei a prestar atenção na dinâmica. são poucos que funcionam como a fal, que sempre tem uma palavra doce pros comentários, sem a preocupação de discutir. tem os que praticamente não respondem aos comentários, mais ou menos como eu. tem os que batem papo nos comentários e comentam a si mesmos, como o alexandre. e tem os que respondem a todos, psicoticamente, reforçando seu próprio argumento a partir do comentário ou explicando para o visitante que ele não entendeu nada.

esse último tipo me irrita profundamente. não sei se é porque tenho dificuldade em dizer não e essa categoria de pessoas costuma ser super invasiva e sem tato, ou se é simplesmente porque com esse tipo de pessoa não é possível dialogar. eles não entendem que nem tudo precisa de réplica ou explicação, que às vezes a gente só comenta alguma coisa como adição à questão apresentada, seja pra concordar ou discordar.

em suma, é aquele tipo que sempre tem que ter a última palavra, que quer dominar todos os ambientes e participar de todas as conversas. e que sempre tem uma história melhor que a sua, que sabe exatamente do que você está falando e acha tudo “óbvio”. são cheios de opinião, certezas e geralmente são teimosos como o diabo. uns chatos.

às vezes me sinto mal por não responder comentários um a um, mas hoje decidi que não tem motivo: responderei quando alguma coisa me for perguntada. fora isso, vou procurar sempre ouvir mais que falar, por mais difícil que seja pra uma tagarela como eu 🙂

8 comments to “a arte do diálogo”
8 comments to “a arte do diálogo”
  1. O que eu acho mais legal de ter blog é poder tratá-lo como um feudo, o meu feudo, no qual estabeleço as regras, as exceções, as convenções, tudo tudo tudo. Brincar de dono do boteco, entende?

    Lá no meu blog os comentários servem de msn-alternativo, que usamos [eu e os amigos-visitantes] pra dar risadas, pra nos aproximarmos, pra papear mesmo. E na maioria das vezes é muito legal, de verdade.

    Cada blog/feudo tem um só senhor. Vc é a senhora deste feudo, então as coisas tem que funcionar como vc quiser, oras! Eu, como camponês-leitor, vou continuar visitando porque adoro o teu jeito de racionalizar as coisas 🙂

    Beijo!

  2. Zel, como vc descobri que a palavra escrita é mais suscetível à interpretações erradas. Como sou dessas pessoas cheias de opiniões e geralmente quero fazer gracinhas espertas caio muito nessa armadilha. Também tento não escrever com raiva, nem triste, mas às vezes o problema é que o outro não entende a minha gracinha e se ofende, entende errado, acha que discordar é agredir.

    Acho você uma mulher do caralho (ai, desculpa o palavrão, mas é um elogio no meu vocabulário cada vez mais pobre), mesmo quando não concordo inteiramente contigo. O caso é que geralmente eu concordo inteiramente, por isso venho aqui sempre. Acho que você é inteligente e gosto muito do seus escritos. Acho que sua medida é muito bem pensada e me assusta pensar que se você que é ponderada termina o pensamento dos outros eu devo ser uma espécie de monstro, porque eu não sou nem um pouco comedida. Acho que eu começo o pensamento dos outros. Ai, ai.

    Tento não responder comentários mas às vezes rola de responder um ou outro e quase sempre me arrependo. Meu nome do meio é Impulso, sabe como é? E lendo esse post fiquei pensando se um dia vou conseguir controlar minha mania de dar opinião. Só à guisa de exemplo eu “briguei” com dois donos de blog. Das duas vezes discordando, mas muito mais querendo fazer graça que qualquer outra coisa por que eu gostava muito dos dois. Nunca dá certo. Deixei de ler um, o outro, um pouco mais escolada alguns anos depois, deixei de comentar. Mas me deixa muito triste de pensar que perdi a oportunidade de ficar calada, ou de ficar parada.

    Esse comentário enorme é só pra elogiar e concordar e, claro desabafar. Ao contrário de muitos blogueiros, meus amigos da vida real não entendem os dramas virtuais;/

    Se você não se importar não publique esse comentário não, é só um desabafo pros seus olhos porque de alguma maneira achei que você ia entender. Nem precisa responder também, que eu sei muito bem que você tem mais o que fazer. Pode deletar

    Um beijo.

  3. Zel, eu tenho um sério problema em deixar comentários, porque eu sou muito brincalhona, e as vezes quando voce escreve algo fica maldoso, porque você não me conhece, não sabe que tipo de pessoa eu sou na verdade então um palavra que pra mim era pra deixar o comentário engraçado, pode virar uma bomba. Eu leio todos os dias alguns blogs que tenho carinho como o seu, mais raramente comento. As vezez chego a abrir a caixa de comentários e desisto(dessa vez não), rs

    Beijos

  4. concordo. acho que os comentários servem pros visitantes poderem concordar, dar a sua palavra melhorando nosso texto, criticar…tenho que agradecer porque nunca tive problema com comentários bobos ou comentaristas idem. basicamente é um espaço para os amigos. vez ou outra rola um spam, mas é coisa simples de resolver. ah, meu namorado tem a mesma opinião que você sobre ouvir as músicas do CD fora de ordem e pelo mesmíssimo argumento.

    beijo,

    ju

  5. Oi, Zel!

    O comentário não tem nada a ver com o post…é que lembro de ter lido esses dias que vc vai p/ Cuiabá e qria dicas de restaurantes.

    Posso indicar o Serra, que é um dos mais tradicionais aqui, tem no Shopping Pantanal e Três Américas, é buffet, muuuuuito bom.Lá vc pode provar alguns prtaos típicos daqui, principalmente os peixes (matrincham, baiacu e outros , que são feitos de várias formas), farofa de banana…Acho ótimo pq daí vc pode provar um pouco de cada!

    A Churrascaria Gaúcha é ótima tbém, não sei se vc curte carne, mas se comer não passe aqui no MT sem comer um churras, né…é muito melhor que o do Sul (eu sou do Sul, moro aqui não faz um ano, por isso posso falar)

    Na Praça Popular tem vários botecos legais, tem um chamado Azeitona que tem um negócio muito bom…kkk(não lembro o nome, agora) que é assim, tipo umas almondegas que vem dentro de um pão (igual aqueles pães que vem com sopa dentro). Parece estranho mas é muito gostoso…mas o nome fugiu agora.

    Vc vai ver uqe o povo aqui adora quiabo…em qq restaurante tem.

    Não deixe de provar os peixes, são ótimos…e se for pra comer pizza, vá na Pizza na Pedra.

    E vá tbém na Pamonharia, uma delícia.

    Ah, comi esses dias jacaré (de cativeiro, fiscalizado, bem entendido)…já comeu? Caraca, muito bom…é assim, carne branca como peixe, mas com uma consistência mais firme. Mas tem um sabor suave, não tem o cheiro nem o gosto do peixe, lembra frango de leve…Mas, kkk, tbém nào lembro o nome do lugar onde comi (minha memória está péssima esses dias), é um lugar bem legal, com uma vista linda, música e tudo (e nào é caro, não!).Prometo que vou ligar pro meu amigo perguntando daí te falo…Aliás, se vc curte crane, é legal pq aqui vc pode provar essas carnes de caça. Eu não gosto muito, só a de jacaré que gostei, mas provo pra experimentar, né…

    Pena que estarei viajando a trabalho agora em maio.Ainda tem várias coisas que não conheço aqui, mas espero que goste das dicas!

    Bjos e seu blog é muito legal!

  6. Como é bom sermos uns diferentes dos outros! Termos opiniões e jeitos diferentes de lidarmos com o dia a dia. Isso da vida a vida.

    Se compartilhamos nossos pensamentos é porque queremos ouvir a opinião dos outros. Serão criticas ou não.

    Gostei muito da parte do que Zel disse sobre aqueles que querem sempre ter a ultima palavra e serem donos da verdade. Vou me policiar mais em minhas inquietações e questionamentos que muitas vezes me levam quase sempre a polemica (vem lá de dentro, difícil de segurar).

    Muitas vezes já pedi pra Papai do Céu pra me ensinar mais a ouvir do que falar mas Ele ainda não me atendeu. Tenho que me esforçar mais.

    Que Deus nos abençoe.

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