feliz no seu mundo de cetim

ela não vê que toda gente

já está sofrendo normalmente…

(ela desatinou, chico buarque)

pois eu sofro é antes e durante essa festa fora de proporção, vou dizer. além da chatice de tudo girar em torno do carnaval antes dele acontecer, durante o feriado a TV se torna insuportável – tanto que nem liguei a bendita nos últimos dias.

não consigo achar cabimento na mulherada pelada desfilando na avenida ou rebolando pra TV, sinceramente. eu gosto do brasil e acho que nosso povo tem um monte de qualidades, mas tem uma coisa específica que me incomoda: como as mulheres aqui não se dão valor, credo.

não acho legal a mulherada ter como referência de sucesso e beleza um conjunto peito-e-bunda ambulantes (geralmente construídos com muito dinheiro) rebolando na TV. e pra quem acha que eu tou exagerando, que isso não é referência, preste atenção nas meninas e veja quem elas imitam. elas não querem ser inteligentes, cultas, poderosas ou felizes; elas querem ser uma bunda, um peito, uma boca ou as três coisas juntas.

não acho nada de errado em querer ser bonito, acho válido e bom. acho um horror é querer parecer, se preocupar somente com a aparência e o-que-vão-achar. uma merda. e me incomoda a objetização (afe!) feminina, sim. me incomoda menos os homens demandarem mulheres-objetos, me incomoda muito as mulheres se sujeitarem.

enfim, é o mundo do lado de lá, do qual nunca farei parte. ao invés de gastar meus ricos dinheiros em plástica, personal trainer ou o seja lá o que for necessário pra ser uma bunda, eu gasto em restaurante, cd, dvd, viagem, livro e bobagens. fico contente por ser feliz assim, com ou sem carnaval.

muito embora eu desconfie que financeiramente as que gastam dinheiro colocando peito devem ter mais retorno 🙂

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o carnaval da bahia eu finjo que não existe, porque aquelas imagens na TV são a coisa mais próxima do inferno que eu consigo conceber: música insuportável combinada com milhares de pessoas suadas e bêbadas. o que pode ser pior que isso?

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já passei carnaval em recife/olinda e gostei muito. antes de começar a lotar absurdamente, claro. eu ia logo cedo pra olinda curtir os blocos na rua e comer tapioca, e à noite ia pro centro ouvir maracatu ou ver shows. era bom… mas com as hordas aumentando a cada dia eu não quero mais, não.

essa falta de paciência com aglomerações tem a ver com a idade, com certeza; aceito meu envelhecimento numa boa e entendo a molecada que se joga. pelo menos o entorno é bonito e a música é legal. carnaval de rua é muito divertido, e não é à toa que eles dizem por lá “brincar o carnaval”.

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pois então: feliz 2008, que o ano agora começou de verdade. já não era sem tempo!

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  1. Zel, no Brasil eu nunca fui fa de carnaval, mas esse é o meu segundo na Alemanha e me diverti muito vendo os desfiles. Fui a uma cidadezinha no sul, chamada Villingen-Schwenningen e vi o carnaval mais interessante: tradicao medieval de espantar os demonios do inverno, com bruxas mascaradas e outros personagens, interessantíssimo!

    O que eu achei mais bacana foi ver famílias inteiras participando e assistindo, além da farta distribuicao de doces pras criancas que assistiam (e as velhotas disputando os doces com as criancas a tapa!)

    Espero um dia poder ciceronear vc pela Alemanha!

  2. Minha filha foi a Olinda no sábado, isso mesmo, quando tá todo mundo em Recife no Galo da Madrugada, e disse que adorou! Quando eu falei das multidões bêbadas, e dos jovens que se beijam e só faltam “fazer” em público, ela – 30 anos, sábia, feliz, não bebe nem se droga – disse: “Nem vem, mãe, você se drogava muito mais do que essa galera de hoje…” E eu tenho que reconhecer que é verdade.

    Hoje, só quero “uma paz sólida e respeitável”, e isso para mim significa livros, dvds, cds, viagens, amigos fiéis… Mas a idade, depois de amainar as loucuras da juventude traz isso mesmo, e é bom que seja assim.

    O pior do carnaval é uma festa onde você tem que “se posicionar”. As pessoas perguntam, e se vc disser que não vai brincar, nem vai para a praia ou a fazenda, vai simplesmente ficar em casa, à toa, de bobeira, ninguém entende…

    Felizmente acabou.

    Mas acho Natal e Ano Novo muito pior. Essas sim, são festas que me deixam emocionalmente destroçada.

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