antes que eu me esqueça

sou contra discussão de relação, qualquer que seja o relacionamento. há alguns anos eu só entro em uma discussão desse tipo se realmente for caso de vida ou morte.

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eu já considerei amigos tipos que falam o que querem sem dar importância ao quanto isso poderia me machucar, mas defenestrei (simbolicamente, pelo menos). eu mesma já fui assim (dizia o que achava que tinha que dizer, foda-se quem está ouvindo) e percebi o quanto essa atitude é horrorosa, procuro mudar a cada dia (nem sempre com sucesso, é bem verdade).

mas gente assim faz mal, não fique por perto. e se a pessoa em questão achar que “faz isso para o seu bem” ou que “a verdade precisa ser dita”, afe, corra muito.

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nada contra sinceridade, é que aprendi que quem se importa com você de verdade procura entregar sinceridade embalada sempre em muita gentileza. e é assim que eu quero ser, é de pessoas assim que eu preciso na vida.

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alguém mais tem às vezes a sensação desagradável de como eu pude? essa semana fui ler o blog de um ex-amigo e a cada linha que eu lia o meu nojo aumentava. eca, eca, eca! como eu pude um dia sentar à mesma mesa que essa… criatura?

fui lavar as mãos, simbolicamente, após ler o blog.

(podem rir, é porque não é com vocês :))

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por motivos pessoais 😉 não gosto de usar muito o mito da caverna, mas nenhuma metáfora se aplica tão bem ao que observo por aí. as maior parte das pessoas realmente acredita nas sombras e vive uma realidade toda particular e, é claro, equivocada.

outro dia alguém me disse uma grande verdade – depois que você passa por um processo psicanalítico, enxerga o mundo – e as pessoas – de outra forma. não significa que seus problemas estão resolvidos nem que você é uma pessoa ótima, mas significa que você teve coragem de sair da caverna. quando você vê os outros lá, falando com as sombras, é muito esquisito, dá vontade de chacoalhar!

entendo quem abandona tratamentos psicológicos no meio ou se trata com terapeutas de mentirinha, de verdade. o processo real de sair deste lugar conhecido (nem sempre confortável, porém conhecido) é difícil e doloroso. e o mundo lá fora, pra dizer a verdade, nem sempre é bonito de ver.

ainda assim, control freak que sou, prefiro lidar com o mundo real. dói às vezes, mas é bem mais bonito.

(mas e se o mundo for como nesse filme? esse assunto é melhor esquecer :))

0 comments to “antes que eu me esqueça”
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  1. OI Zel,

    Bom, eu sou um Alien, vivo sendo odiada…e algumas vezes com razão..nunca tive muito tato.

    Mais olhando pra trás, eu fico apenas surpresa como as pessoas não evoluem, como elas se agarram a verdades absolutas e imutavéis.

    E vejo que elas passaram na minha vida e não deixaram nada e tirando a solidão que me assombra eu só sinto que elas vivem em outro universo.

  2. Zel,

    Fazer análise é um processo solitário que, de certa forma, te leva a solidão. Mas, não a solidão dolorosa e do isolamento, mas uma solidão de auto-confiança, de poucas e boas certezas, de um certo distanciamento do outro. Vc tem toda a razão! Após anos fazendo análise (e na faculdade de Psicologia), fazer terapia é escolher um caminho mais individual porém mais amoroso. Dói sim e muito, mas nos tornamos capaz de desembrulhar do resto. De termos mais consideração conosco. De nos tratarmos melhor. A seleção é consequência natural dos anos de análise. E viva a isso! Assim, sem esses, a vida fica mais leve. Pq como a gente carrega tralha, né? Ficamos carregando outros que não tem nada a ver conosco, que violentam nossos valores, mas como estamos atadas, continuamos a carregá-los na mochila. A análise permite abrir esse pacote e falar: “vai amigo, vai pros seus!”

    Siga, Zel!

    Tô te longe, trilhando o mesmo caminho e torcendo por nós!

    bjão!!

  3. eu! algumas vezes tenho essa sensação de “como eu pude”.

    e cada vez mais venho querendo menos algumas coisas na minha vida, entende? acho que tô ficando velha… ;^)

    a gente não se vê e nem se fala a séculos… volta e meia sinto saudade de vc, sabia querida?

    beijos!

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