me apego muito ao significado das palavras, o significado profundo e/ou original. as pessoas usam palavras com leviandade, outras com intenção. e tem quem use as palavras de forma inconsciente.
gosto de observar a escolha de palavras que as pessoas fazem (e observo as minhas também, com a mesma atenção). pra mim é como interpretar sonhos. há quem ache que sonhos são presságios ou premonições, sobrenaturais. já eu acredito na psicanálise: acho que sonhos são recados de nós pra nós mesmos, e exatamente por isso somente o “sonhador” pode entender o sonho. mas para entender o sonho é preciso expressá-lo em palavras, pois são elas combinadas com as imagens do sonho que trazem a mensagem.
explico: quando verbalizamos um sonho, escolhemos palavras para descrever para outras pessoas o que vemos, ouvimos, sentimos. estas palavras guardam em si o segredo do sonho. sonhei com uma criança pequena no canto do meu quarto, e embora ela não parecesse ameaçadora, eu morria de medo dela. vejam a quantidade de informação nessa frase! o que significa criança pra mim, que significado crianças têm na minha vida? por que eu tive medo e não raiva ou repulsa? há algo sobre crianças que me causa medo? o quê?
enfim – contar um sonho em detalhes e entender os “elementos” dele nos ajuda a nos entender melhor. o mesmo se dá com as palavras que escolhemos. procure prestar atenção às palavras que você escolhe quando fala de assuntos/pessoas importantes na sua vida; atenção às palavras que você usa quando se refere a si mesmo. estas palavras não são quaisquer, elas carregam julgamento, sentimento, frustração, projeções, desejos e também mentiras.
eu consulto muito o dicionário, gosto de investigar palavras tanto quanto gosto de entender porque eu as escolhi. mais de uma vez me peguei surpresa com revelações através das minhas escolhas.
e me espanta ver/ler pessoas escrevendo (às vezes bonito) sem perceber as mensagens que saltam aos olhos pela simples escolha de palavras. não são sequer entrelinhas – as escolhas, o julgamento e as barreiras são claras.
não é fácil conviver comigo intimamente. eu disseco frases “largadas”, e frequentemente chego a conclusões verdadeiras que surpreendem (ou irritam). e mais frequentemente ainda percebo que algumas pessoas vivem em negação, sem esperança de retorno breve. dessas, eu desisto. acredito nos ciclos da vida, e não me importo mais de encerrá-los quando necessário. se for o caso, voltaremos a nos encontrar quando formos outros, quando a vida for outra.
em 2010, quero ainda mais precisão, transparência e verdade.
e muitos sonhos 🙂
que post mais verdadeiro, ni. é mesmo um exercício interessantíssimo esse de analisar a “escolha de palavras”. e mais interessante ainda às vezes é constatar o quanto as “donas” das frases se surpreendem com o tanto de julgamento que pequenos fragmentos de texto podem carregar. mesmo que escondido… para quem fala…
Esse psot não poderia ser mais perfeito. Entendo o que vc diz pq faço a mesma coisa. Talvez não na mesma intensidade, mas faço.
Agora uma coisa…a escolha das suas palavras nesse post, unida ao fato de que te leio há 9 anos e acompanhei muitas histórias, me sugerem mágoa, uma pontinha de saudade e um desejo escondido. Tudo isso, referente a uma pessoa só. Acertei? : )
Bjo e bom Natal!
renata, lamento desapontar você, mas esse post não tem nada a ver com nenhuma pessoa em particular! ele foi escrito depois que eu li um post de um desconhecido, que escrevia lindamente sobre um assunto, mas deixava escapar alguns preconceitos claros na escolha das palavras. o texto dizia uma coisa, a escolha de palavras dizia outra.
Zel, não vou comentar porque tô com medo de você decifrar o quão chata eu sou hehehehe… Beijos, querida. Feliz 2010!!!! Continuo por aqui, caladinha, mas leitora fiel. Beijão. Fê.