Delícias Cremosas

Ah, as mulheres...

Sexta-feira, Fevereiro 14

da série posts eróticos

você me olha de soslaio, eu não sei desviar olhares. não conheço meias-medidas, minha casa não tem portas, tem cortinas, como um harém. você não diz nada mas me observa faminto, seus olhos e seu corpo falam comigo. sinto na pele seu desejo, arrepio e amoleço; como fruta no sol, fico cheirosa e tenra, peço pra ser mordida. você sorri de leve, de leve me afaga como quem diz "espera. vai ser como eu quiser" e eu espero, ah, eu espero. você me toca e eu transbordo, quero só fechar os olhos e deixar coisas acontecerem dentro de mim, fico sensível a cada toque leve e sutil dos seus dedos, sua boca que se abre só de leve e promete um beijo e sua língua macia. fecho os olhos e adivinho onde você vai me tocar, se sua boca vai se aproximar do meu pescoço (será que você vai me afagar ou me prender?) ou se meus seios vão se encostar mais no seu peito? meu sexo parece o centro de mim, pulsa-pulsa. quando você olha nos meus olhos e diz em silêncio "quieta", eu já sei. me deixo estar, ficar, e você procura tranquilo um caminho até meus lábios mais escondidos, melados de tanto esperar. tremo e não sei se olho ou se me dedico ao escuro dos meus olhos fechados, que vêem cores e imagens de corredores, de quadros numa galeria, de tetos espelhados e mosaicos enquanto você respira meu cheiro e subitamente mistura sua umidade com a minha, sinto escorregar sua língua e não sei se sou eu ou se é ela que deslizam, que brincam, não sei se me movo ou se suspiro e grito, sei que é um caleidoscópio sensorial, montanha-russa. me confundo e não sei se quero mais ou menos, se gozo ou se desfruto mais, paro e continuo, me concentro e me distraio na sensação, rio e quero chorar, brinco de balanço. sinto suas mãos, seu suor me fazendo escorregar, mais fluida que água, salgada e doce, sou enguia, peixe, menina com medo, tenho medo de tanta entrega, de ser sua pra sempre, se ser sua naquele instante e me perder de mim. seus dedos brincam comigo como se eu fosse marionete, e eu estico fios, resisto, deixo, relaxo, fico tensa, sei-não-sei, quero mais e menos e quero sua boca, seu pau, seus braços, seus cabelos e olhos e sua voz no meu ouvido, um ponto cego, uma estrela, um carro, gotas, sons e pêlos e fogos de artifício e... torrentes. de prazer, de gozo, de grito, torneira aberta, cachoeira, canal de suez, mediterrâneo, rio, goteira, ping, ping, ping. pong.

*

me vê, pede, provoca, deseja, mete (por favor!) e me manda ficar quieta. me segura, enfia os dedos na minha boca, lambuza meu rosto, puxa meus cabelos, me morde e me fode, muito, forte, pára e espera, faz o que quiser, não me ouça, não, sim, não-não-não, mais e (ah) mais, sim, mais, assim, por favor, por favor. deixa eu me esfregar e me mexer, mas sorri pra mim e pergunta "o que foi, menina?" com esse ar doce e safado, enquanto se diverte me vendo desfalecer, sorrir boba e entregue como uma flor recém-colhida.

Quinta-feira, Fevereiro 13

e por falar em opinião masculina sobre "mulheres", o bukowski tem um texto que é pra refletir. tirando a generalização tosca dele, quem na vida nunca passou pela dependência de outro?

"... essa é uma velha tática profi. sempre fingir que você está compreendendo, mesmo quando você não está. as mulheres nunca querem sensibilidade, tudo que elas querem é uma espécie de vingança emocional em relação a alguém por quem elas tem uma afeição muito grande. as mulheres são basicamente animais estúpidos mas elas se concentram tanto e completamente sobre o macho que geralmente o acabam frustrando quando ele está pensando em outras coisas."

Terça-feira, Fevereiro 11

eu não gosto do arnaldo jabor, acho um chato de galocha. mas esse texto dele tem muita coisa legal. fico aqui pensando, de fato, que somos todas escravas, nós mulheres, escravas de nós mesmas; que os homens são também escravos e já não se contentam com absolutamente nada. não nos contentamos, nenhum de nós, com menos do que a perfeição. e eu, aqui comigo, penso em mais do que essa perfeição do corpo a que se refere o jabor.

nesse caminho da eterna procura, qual é o espaço pra viver e ser feliz, mesmo?

**

Os homens desejam as mulheres que não existem
(Arnaldo Jabor)

Está na moda? Muitas mulheres ficam em acrobáticas posições ginecológicas para raspar os pêlos pubianos nos salões de beleza. Ficam penduradas em paus-de-arara e, depois, saem felizes com apenas um canteirinho de cabelos, como um jardinzinho estreito, a vereda indicativa de um desejo inofensivo e não mais as agressivas florestas que podem nos assustar. Parecem uns bigodinhos verticais que (oh, céus!...) me fazem pensar em... Hitler. Silicone, pêlos dourados, bumbuns malhados, tudo para agradar aos consumidores do mercado sexual. Olho as revistas povoadas de mulheres lindas... sinto uma leve depressão, me sinto mais só, diante de tanta oferta impossível.

Vejo que no Brasil o feminismo se vulgarizou numa liberdade de "objetos", produziu mulheres livres como coisas, livres como produtos perfeitos para o prazer. A concorrência é grande para um mercado com poucos consumidores, pois há muito mais mulher que homens na praça (e-mails indignados virão...). Talvez esse artigo seja moralista, talvez as uvas da inveja estejam verdes, mas eu olho as revistas de mulher nua e só vejo paisagens; não vejo pessoas com defeitos, medos. Só vejo meninas oferecendo a doçura total, todas competindo no mercado, em contorções eróticas desesperadas porque não têm mais o que mostrar. Nunca as mulheres foram tão nuas no Brasil: já expuseram o corpo todo, mucosas, vagina, ânus. O que falta? Órgãos internos? Que querem essas mulheres? Querem acabar com nossos lares? Querem nos humilhar com sua beleza inconquistável? Muitas têm boquinhas tímidas, algumas sugerem um susto de virgens, outras fazem cara de zangadas, ferozes gatas, mas todas nos olham dentro dos olhos como se dissessem:"Venham...eu estou sempre pronta, sempre alegre, sempre excitada, eu independo de carícias, de romance!..."

Sugerem uma mistura de menina com vampira, de doçura com loucura e todas ostentam uma falsa tesão devoradora. Elas querem dinheiro, claro, marido, lugar social, respeito, mas posam como imaginam que os homens as querem. Ostentam um desejo que não têm e posam como se fossem apenas corpos sem vida interior, de modo a não incomodar com chateações os homens que as consomem. A pessoa delas não tem mais um corpo; o corpo é que tem uma pessoa, frágil, tênue, morando dentro dele. Mas o que nos prometem essas mulheres virtuais? Um orgasmo infinito? Elas figuram ser odaliscas de um paraíso de mercado, último andar de uma torre que os homens atingiriam depois de suas ferraris, armanis, ouros e sucesso; elas são o coroamento de um narcisismo yuppie, são as 11 mil virgens de um paraíso para executivos. E o problema continua: como abordar mulheres que parecem paisagens?

Outro dia vi a modelo Daniela Cicarelli na TV. Vocês já viram essa moça? É a coisa mais linda do mundo, tem uma esfuziante simpatia, risonha, democrática, perfeita, a imensa boca rósea, os "olhos de esmeralda nadando em leite" (quem escreveu isso?), cabelos de ouro seco, seios bíblicos, como uma imensa flor de prazeres. Olho-a de minha solidão e me pergunto: "Onde está a Daniela no meio desses tesouros perfeitos? Onde está ela?". Ela deve ficar perplexa diante da própria beleza, aprisionada em seu destino de sedutora, talvez até com um vago ciúme de seu próprio corpo. Daniela é tão linda que tenho vontade de dizer: "Seja feia...". Queremos percorrer as mulheres virtuais, visitá-las, mas como conversar com elas? Com quem? Onde estão elas? Tanta oferta sexual me angustia, me dá a certeza de que nosso sexo é programado por outros, por indústrias masturbatórias, nos provocando desejo para me vender satisfação.

A dificuldade de realizar esse sonho masculino é que essas moças existem, realmente. Elas existem, para além do limbo gráfico das revistas. O contato com elas revela meninas inseguras, ou doces, espertas ou bobas mas, se elas pudessem expressar seus reais desejos, não estariam nas revistas sexy, pois não há mercado para mulheres amando maridos, cozinhando felizes, aspirando por namoros ternos. Nas revistas, são tão perfeitas que parecem dispensar parceiros, estão tão nuas que parecem namoradas de si mesmas. Mas, na verdade, elas querem amar e ser amadas, embora tenham de ralar nos haréns virtuais inventados pelos machos. Elas têm de fingir que não são reais,pois ninguém quer ser real hoje em dia ? foi uma decepção quando a Tiazinha se revelou ótima dona de casa na "Casa dos Artistas", limpando tudo numa faxina compulsiva. Infelizmente, é impossível tê-las, porque, na tecnologia da gostosura, elas se artificializam cada vez mais, como carros de luxo se aperfeiçoando a cada ano. A cada mutação erótica, elas ficam mais inatingíveis no mundo real. Por isso, com a crise econômica, o grande sucesso são as meninas belas e saradas, enchendo os sites eróticos da internet ou nas saunas "relax for men", essa réplica moderna dos haréns árabes. Essas lindas mulheres são pagas para não existir, pagas para serem um sonho impalpável, pagas para serem uma ilusão. Vi um anúncio de boneca inflável que sintetizava o desejo impossível do homem de mercado: ter mulheres que não existam... O anúncio tinha o slogan embaixo: "She needs no food nor stupid conversation". Esta é a utopia masculina: satisfação plena sem sofrimento ou realidade. A democracia de massas, mesclada ao subdesenvolvimento cultural, parece "libertar" as mulheres. Ilusão à toa. A "libertação da mulher" numa sociedade ignorante como a nossa deu nisso: superobjetos se pensando livres, mas aprisionados numa exterioridade corporal que apenas esconde pobres meninas famintas de amor e dinheiro. A liberdade de mercado produziu um estranho e falso "mercado da liberdade". É isso aí. E ao fechar este texto, me assalta a dúvida: estou sendo hipócrita e com inveja do erotismo do século XXI? Será que fui apenas barrado do baile?

Segunda-feira, Fevereiro 10

Rê,
E ouvi isso do meu namorado:
"Se eu não te amasse de verdade, eu adoraria ver você transando com outros caras. Sentiria muito tesão.
Mas como eu te amo de verdade, não quero ver ninguém encostando em você"

Será que esse pensamento é comum a todos os homens?
Será que os homens, quando amam, não sabem diferenciar tesão de sentimento?

Eu acredito que eles não conseguem diferenciar sentimento de tesão.

Domingo, Fevereiro 9

saímos no jornal, matéria no caderno família do grobo e do diário de s.paulo. a matéria (de capa) falou com a gente, com o htp, o elasporelas e o kit básico. a repórter simpática colocou todo mundo no mesmo saco e não concluiu nada. não sei se no globo saíram os links, mas o diário não publicou endereço de ninguém (???), com fotos em P&B (o que acabou com meu cabelo laranja) e mote psicologuês-dona-de-casa. tem também aqui, sem foto nenhuma. aliás, em momento narciso descontrol gostaria de saber o que aconteceu com as várias fotos micadas (e legais) que tiramos...

Sexta-feira, Fevereiro 7

bem, a zel não quer falar dos homens, mas eu quero. não só falar, mas saber a opinião deles a respeito. esse lance de relacionamento aberto, com confiança e amor é muito legal. é difícil um homem que não fantasie essa liberdade, que não queira comer nossas amigas. mas e o inverso, acontece? esse "macho" que admiramos tem firmeza pra dividir os "amigos" também? essa liberdade funciona da mesma forma na cabeça deles? porque a impressão que tenho (me corrijam se estiver forçando) é que, socialmente, esse papel libertário gera um monte de preconceitos, eles não gostam da idéia de dividir a mulher com outro(s) homen(s), se ressentem da opinião dos outros "machos" a respeito, e o compartilhar, de forma igualitária, acaba não acontecendo. e aí, meninos, existe o "corno consentido"? dá pra tentar sem ressentimentos?

A cornitude é um estado de espírito. (por zé de abreu)

(atenção: esta é uma opinião estritamente pessoal, não entendam como uma generalização!)

muito bem... assunto desgraçado, esse de ser corno. falemos de mulheres, já que de homens eles mesmos podem falar. existe mulher corna? eu acho sintomático que a palavra nem exista no dicionário. sei que corro um risco absurdo em escrever isso aqui, mas acho que esse conceito de ser corno realmente não existe para uma mulher. ela pode se sentir traída, sim, mas não corneada. o que sentimos é um medo de perder, de ser trocada. a idéia de que nosso homem deixa de nos comer para comer outra ou que ele não se interessa mais por nós mas se interessa por outra é muito dolorosa.

já pensei muito nisso, pois vivo um drama pessoal: sou ciumenta visceralmente mas não acredito na fidelidade e na monogamia. acho a monogamia absurda, e propor fidelidade absoluta é hipocrisia. os desejos existem, e se eles existem, negá-los é um exercício de limitação. eu não quero ser limitada e não quero limitar meu parceiro, então, como fazer?!

tenho cá pra mim que o fato de nosso homem comer outras mulheres devia transmitir a nós, suas mulheres, uma impressão de virilidade. algo assim: ele me come bem, eu estou feliz; ainda assim, ele tem energia pra comer outras. olha que macho ótimo que eu arranjei! eu acredito (de verdade, posso estar errada, mas sou otimista) que num relacionamento ideal, o meu homem me come, me faz feliz sexual e afetivamente e por isso o fato dele comer outras mulheres não me faz sentir traída, só faz com que eu admire ainda mais o meu macho. deu pra entender?

qual é o problema disso? em primeiro lugar, o ciúme. existe sim uma parcela de mim que é possessiva e insegura, que simplesmente não acredita que o fato de meu homem comer outra não significa que ele não me ame. em segundo lugar, existe a incompetência do macho em me manter plenamente satisfeita, ou seja: se eu não estou feliz, se ele não me satisfaz completamente, como ele vai comer outra? isso não faz sentido. isso sim dá uma sensação de traição, de ser trocada porque ele prefere outra. eu consigo entender que ele deseje outra, sim, mas desde que ele também me deseje e me faça sentir a mulher mais especial do mundo. as outras seriam somente "as outras".

será utopia demais? eu gostaria de poder exercitar esse modelo de não-monogamia, mas com respeito e amor, numa relação tal de cumplicidade que não houvesse sensação de traição e nem de ser corno.

será que dá? eu pretendo exercitar isso, sim. pode até ser que eu esteja errada e que não seja possível, mas pra mim parece um caminho mais natural do que a monogamia pura e simples ou a hipocrisia de desejos afogados ou traições escondidas. fica a idéia pra pensar :)

Quarta-feira, Fevereiro 5

O ânus da prova

"RECURSO: APELAÇÃO CÍVEL
NUMERO: 595116724
RELATOR: ANTÔNIO CARLOS STANGLER PEREIRA

EMENTA: LIMITES DO DEBITO CONJUGAL. ONUS DA PROVA.

O COITO ANAL, EMBORA INSERIDO DENTRO DA MECANICA SEXUAL, NAO INTEGRA O DEBITO CONJUGAL, PORQUE ESTE SE DESTINA A PROCRIACAO. A MULHER SOMENTE ESTA SUJEITA A COPULA VAGINICA E NAO A OUTRAS FORMAS DE SATISFACAO SEXUAL, QUE VIOLENTEM SUA INTEGRIDADE FISICA E SEUS PRINCIPIOS MORAIS.

A MULHER QUE ACUSOU O MARIDO DE ASSEDIO SEXUAL NO SENTIDO DE QUE CEDESSE A PRATICA DA SODOMIA, E NAO DEMONSTROU O ALEGADO, RECONHECIDAMENTE DE DIFICIL COMPROVACAO, ASSUME OS ONUS DA ACUSACAO QUE FEZ SEM NADA PROVAR. A PROVA, NOS TERMOS DO ARTIGO 333, INC-I, DO CPC, INCUMBE A QUEM ALEGA. PROCEDENCIA DA RECONVENCAO OFERECIDA PELO VARAO".

(Minha ética não permite invenções tão escalafobéticas - se duvida da veracidade do processo, procure no site do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul).

Traduzindo...
A mocinha em questão processou o marido por assédio sexual porque ele queria que ela fizesse sexo anal - e sexo anal não faz parte das obrigações conjugais. Gente, 2003, terceiro milênio, Columbia explodindo, clonagem de ovelhas e de Kelly Keys e ainda tem isso, obrigação conjugal! Com este tipo de pensamento, é incrível que ainda deixem as mulheres votarem sem permissão dos maridos. Não era mais fácil ela falar "não quero, não dou" e pronto?

Voltando ao assunto da apelação, o juiz não aceitou pois quem tem que apresentar a prova é quem acusa - só que é um pouco complicado apresentar esse coisa em um tribunal, eu mesma não consigo imaginar a cena. Fico pensando, como é que a mocinha provaria que o marido a assediou para a pratica da sodomia? O que vocês acham, leitores?

A outra questão é: como seria o resultado desse julgamento se Dri Spaca fosse a juíza? Coloquem suas opiniões (com jeitinho) aí embaixo.

Terça-feira, Fevereiro 4

juro que eu achava que isso era mentira: dependentes de amor e sexo anônimos.

uau!

Domingo, Fevereiro 2

"- como você quer me comer?
- bem, e gostoso."


(precisa mais?)