hiato

que ninguém me entenda mal, não vou parar de escrever pra sempre, mas é que não dá. simplesmente não dá.

eu não derramei milhares de lágrimas e nem me joguei no chão de dor. aliás, não sei exatamente como se chama o que estou sentindo, acho que não tem nome. até a não concretização de todo meu potencial dramático-latino, no fundo, tem a ver com ele, com o amigo que perdi.

há tanto em mim que é dele que muitas coisas deixaram de fazer sentido. nunca tinha percebido o quanto do meu (mau) humor é dele, o quanto as minhas piadas são um pouco dele, o quanto eu sempre penso coisas escrotas imaginando o quanto ele vai rir quando compartilhar com ele no MSN. como eu nunca tinha reparado que um pedação de mim foi “formado” por ele?

e agora, como fica essa parte de mim agora que ele já não está aqui? como fazer pra esquecer que esse pensamento que eu certamente ia compartilhar com ele agora vai se perder na não-existência?

vocês podem dizer que de certa forma ele está vivo em mim, pois parte do que ele foi ficou aqui, comigo. mas todos sabemos que isso não dá conforto nenhum. não vou enganar vocês.

pensei hoje nesse poema aqui: i carry your heart (i carry it in my heart)

ele odiaria esse poema, é claro, o que aliás era parte do que eu amava nele: a mania de odiar tudo o que parece legal demais. ele faria graça com a estrutura do poema e as letras minúsculas. coisa de frango, ele diria.

mas sim, eu carrego uma parte dele em mim, e essa parte sem dono está pesada como uma bigorna nesse momento. rir, hoje, não me parece adequado, vejam vocês, logo eu que sempre estou rindo de tudo.

há pouquíssimas pessoas nessa vida que tomei pra mim, como parte da minha personalidade, como um auto-presente. ele era uma delas. acho que exatamente por isso me sinto um pouco sem voz.

perdoem o silêncio, mas não vai dar pra falar de quase nada por um tempo. enquanto isso espero, de coração, que essa sensação de ter perdido um pouco de mim mesma passe.

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  1. Oi, Zel. Eu leio você e a Fal há um tempão, mas nunca deixei um comentário. Mas depois de quarta-feira, daquela notícia que eu que não conhecia o Alexandre demorei a aceitar e entender, depois de passar um tempão com um nó na garganta e um peso no coração, senti a necessidade de dizer alguma coisa. O problema é que qualquer coisa que se fale numa hora dessas não servirá de consolo. Eu queria mesmo poder pegar a Fal, você, a Denize e todos os amigos do Alexandre no colo e dar bastante carinho, mas nem isso eu posso. Então estou mandando energia e amor para vocês aqui de longe. E espero sinceramente que fiquem bem. Um abraço.

  2. Zel,

    leio seu blog desde o delicia cremosa.

    Só quero dizer que se você fez parte da vida dele, não foi por acaso, se tem tanto dele em você, significa que deve dar sequência no que teve inicio a 15 anos atrás.

    FSantos

  3. Ivanise, minha flor,

    o tempo leva as pessoas das nossas vidas mesmo, tenho passado por essa experiência com alguma constância nos 5 últimos anos e digo que é uma barra.

    Sou solidário a ti e aos que sofreram a perda.

    Amor do Gabriel.

  4. Zel, tentei te ligar na terça mas imagino que vc estava sem seu telefone. Como disse pra Fal, força e paciência. Força pra suportar a dor e paciência para aguardar a passagem do tempo, que não cura, mas cicatriza. E sim, não é consolo saber que ele ainda vive em você, mas tenha certeza que tudo passa e você vai conseguir rir e escrever e conjecturar sobre o que ele iria dizer sobre isso ou aquilo. Mas só o tempo vai permitir. Precisando de colo, ombro, etc, pode contar comigo. Estou longe fisicamente, mas sempre perto, em pensamento e orações. Bisous!

  5. Uma das mais belas declarações de amor a um amigo que já li.

    Mas ele merecia. Cada palavra. Que pessoa especial ele era!

    Eu o conhecia tão pouco e o amava tanto. Meu amor por ele era extensão do meu amor pela Fal, afinal eles eram dois em um.

    Um abraço bem apertado pra você.

  6. Zel, em toda a minha vida tive uma única perda, a pior de todas. Entendo quando diz que sente que falta um pedaço de vc. Sempre digo que sinto saudades de mim! Egoísmo? não sei, talvez! Nessas horas não há consolo que realmente console! Mas, passa, juro pra vc a saudade doída ameniza. Já devem ter te falado isso, pode crer: é verdade!

    Ainda sinto saudades de mim (e dele), só que consigo rir, pois o rir de tudo sempre fez parte da minha personalidade também. É bom e natural que fiquemos fora do ar por um tempo, mas a tomada se liga (sozinha) de novo! Tenha certeza! Dicas: Se afogue nos livros, filmes, nos amigos e amores e, por favor, não pare de escrever!!!!! Um beijo e se cuida!

  7. zel, paciência e serenidade…. infelizmente é a única coisa que resolve nessas horas.

    tenho pensando muito em você, na fal…

    tô torcendo muito para que ela consiga ter fé nessa hora.

    muito amor pra vocês.

  8. Zel, li os posts sobre seu amigo que havia falecido mas por nem um minuto me passou pela cabe;ca que poderia ser o Alexandre da Fal. Fiquei tão chocada ao ler no Sindrome, da Denise…

    Mandei um email pra Fal e peço-lhe que dê a ela muito conforto, carinho, ombro e tudo mais que ela precisar. O meu é virtual e vai com carinho pra vcs duas.

    Vcs duas são pessoas fantásticas que tem o incrível dom de pegar as pessoas com suas palavras e envolvê-las.

    Que tudo fique bem logo.

    Isabella

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