(sem título)

tatuagem

marcas de amor e tristeza ficam espalhadas pelo corpo, mas as marcas mais fortes ficam na lembrança, no (des)compasso constante do coração que tem saudade, na febre do corpo que conheceu prazer além da medida (e ele quer mais), nas pequenas dores de más lembranças. mais que marcas de unhas e dentes, há desenhos inteiros nos meus caminhos internos, sementes plantadas sendo aguadas com amor, ervas daninhas sendo arrancadas pacientemente. há presentes e sabores, muitos traços bem definidos, ilustrações inteiras cobrindo as antigas marcas, cicatrizes de guerra. cores vivas de descobertas e sonhos vão se insinuando através da pele — pois que as pessoas vêem novas cores nos olhos e na pele, nos cabelos e na fala. há um novo tom de voz, de suspiro e de olhos que se fecham enquanto o sorriso vem fácil, síncrono. o tempo passa, e com ele também passam as dores.

tatuagens são rituais de passagem, demonstrações na pele de que sobrevivemos e somos fortes. estes desenhos que se desdobram dentro de mim se refletem fora, lindamente, me fazem sentir frágil, humana e doce. hoje, só sou eu mesma quando estou nua, com todas as minhas cores estampadas na pele, nos olhos e no sorriso.

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