(sem título)

dragão

gosto de dizer tenho um dragão que mora comigo, embora não seja verdade. como eu dizia, um dragão jamais pertence a, nem mora com alguém. seja uma pessoa banal igual a mim, seja unicórnio, salamandra, harpia, elfo, hamadríade, sereia ou ogro. duvido que um dragão conviva melhor com esses seres mitológicos, mais semelhantes à natureza dele, do que com um ser humano. não que sejam insociáveis. pelo contrário, às vezes um dragão sabe ser gentil e submisso como uma gueixa. apenas, eles não dividem seus hábitos.

ninguém é capaz de compreender um dragão. eles jamais revelam o que sentem. quem poderia compreender, por exemplo, que logo ao despertar (e isso pode acontecer em qualquer horário, às três ou às onze da noite, já que o dia e a noite deles acontecem para dentro, mas é mais previsível entre sete e nove da manhã, pois essa é a hora dos dragões) sempre batem a cauda três vezes, como se tivessem furiosos, soltando fogo pelas ventas e carbonizando qualquer coisa próxima num raio de mais de cinco metros? hoje, pondero: talvez seja essa a sua maneira desajeitada de dizer, como costumo dizer agora, ao despertar – que seja doce.

*

muito doce, baby! 🙂

Deixe um comentário