eu quero uma casa no campo

ah, uma casinha no campo… quero muito! por vários motivos, e o principal deles é o silêncio. há poucos anos percebi o quanto o silêncio me faz e fez falta. o dia em que isso ficou claro como água foi no mínimo curioso:

depois de um daqueles vôos chatíssimos que vêm de porto alegre (turbulência é apelido!) eu desci da aeronave surda. ok, quase surda, o suficiente pra não ouvir o que as pessoas ao meu redor falavam. com muita atenção escutava murmúrios. tudo abafado, como se estivesse com algodão. me incomodei no início, mas logo acostumei e percebi que estava calma como nem sabia que era capaz. percebi que o silêncio melhorou minha constante ansiedade, minha pressa, foi delicioso. ri sozinha no banco de trás do táxi, passando no meio de carros buzinando (nem aí) e o rádio ligado (tocando sei lá o quê). a orelha precisava de pálpebras.

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ia dizer que não entendo essas pessoas que escrevem ou dizem coisas com convicção mas que nas entrelinhas desdizem tudo o que tentam dizer. são tão certas, fortes, firmes, cheias de opinião e etecéteras e tais e ali, onde é fácil de ler quando se sabe, são solitárias, inseguras e querem mesmo é aprovação.

mas eu, infelizmente, entendo bastante bem como é isso. é facinho entrar no modo “nada está acontecendo, *lalalala*” e, pra compensar, falar-falar-falar de como tudo-está-bem-não-pergunte.

é que nem largar drogas, saibam: cada dia, todo dia.

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aliás, chuta que é macumba!

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se somar a ansiedade minha e do marido por conta das mudanças todas, a voltagem resultante sustenta uma cidade de médio porte. se nessas horas a gente não se separa, não separa nunca mais, ave maria 😀

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estamos pensando em alugar nosso ap ao invés de vender. alguém interessado? 🙂

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não é preconceito nem impressão: as pessoas são mais educadas e solícitas no interior. em compensação, não têm pressa, o que me dá ganas de estrangular alguém. essa mudança vai ser mesmo definitiva: ou eu aprendo a ser uma pessoa melhor e mais calma ou vou ter internada com crise de nelvos.

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  1. ahahah

    Sou paulistana e me mudei para cá (Campinas) há mais de vinte anos. Vivia dizendo: “deveria ser obrigatório todo mundo fazer seis meses de estágio em SP para aprender eficiência”. Brincadeira, viu, pessoal. Coisa de paulistana apressadinha. O fato é que até hoje ainda me pego espantada com o ritmo diferentre, digamos assim.Mas, porém, contudo, todavia… também me tornei um tanto lerdinha e, claro, muito mais tranquila. Mudei-me porque quis e sou muito feliz aqui nos rincões de Barão Geraldo. Minha filha cresceu respirando ar e brincando na rua.Zel, me diverti lendo esse seu post, me identifiquei, ohoh. Super boa sorte para vocês.

  2. “estamos pensando em alugar nosso ap ao invés de vender. alguém interessado? :)”

    Ah, se essa pergunta fosse daqui um ano…

    Seu apartamento é um sonho. E é tão a cara de vocês. Me deu um dó de pensar que seria vendido.

    Desejo calma. Pra vocês dois. 🙂

    E boa sorte, claro.

  3. Sempre morei no interior mas, como diz a minha mãe, tenho pressa de paulistano. Morei por bons 5 anos em Ribeirão Preto, que de interior só tem o sotaque do povo e a localização geográfica no mapa do estado – mera falta de sorte, poderia estar no litoral 😀

    Enfim, lá me sentia à vontade. O trânsito meio doido, meio rápido demais, as pessoas eficientemente eficientes, a solução fácil de problemas por telefone e internet… coisas do mundo moderno.

    Há 2 anos tive que me mudar para uma cidade próxima, mas com 1/3 do número de habitantes e estilo de vida mineiro: devagar, quase parando. Uma típica cidade do interior paulista, com aquela tranquilidade irritante (pra mim, ao menos). Td aqui é de uma lerdeza sem tamanho: os motoristas, as pessoas na fila do restaurante, o caixa do supermercado… às vezes acho que vou ter um úlcera nervosa de tão irritada que fico.

    Definitivamente não é o meu lugar. Mesmo depois de 2 anos, não consegui me ambientar. Estou a anos-luz da velocidade calma e pacata dos nativos.

  4. Nós não vamos nos mudar para tão longe – será aqui do ladinho, Santana do Parnaíba – mas já não vejo a hora de finalmente nos mudarmos para lá. Cada vez que viajo para outras cidades penso que a paulistanada aqui fica dizendo para si mesmo que Sampa é o melhor lugar do mundo, quando na verdade os outros é que sabem mesmo viver. Amo São Paulo, e por isso não quero ficar muito longe, mas só de curtir um outro ritmo quando se está em casa, e poder ter filhotes crescendo com o espaço de uma casa, já vale a pena a distância dessa nuvem poluída aqui.. 😉

    Ah, e sobre silêncio, já viu lá meu post, né? O Edson fala que são coisas assim que vão nos fazer acelerar a construção de nossa casinha! Ele diz isso cada vez que um caminhão passa e quase derruba nosso quarto! ahahahah

  5. Eu mudei tem pouco tempo, não de cidade, mas de bairro, saí de uma apartamento no centro de uma cidade da região metropolitana de Poa para uma casa em um bairro. Com direito a varanda, rede, hortinha, gramado, flores, árvores frutiferas, e tudo mais que eu tenho direito. Eu não dormia com o barulho infernal de carros, buzinas e pessoas saindo de festas embriagadas ou com aquela felicidade irritante de pré adolescentes (e alguns pós adolescentes) mal educados… Assistir um filme em finais de semana de verão nos era impossível, porque, pelo menos nesta cidade, temos um bando de escrotos que nos impõe as músicas dos carros deles, que ficam estacionados no centro com o porta malas aberto… Se o inferno existe, é morar no centro de São Leopoldo/RS, pode acreditar!

    Até nosso cachorro está mais feliz, em dias de chuva ele corre no gramado e mergulha feliz da vida em toda poça de água que encontra, sai com a carinha preta, molhada, mas olhinhos brilhantes de felicidade!

    Amo o silêncio da casa nova e torço que vocês sejam muito felizes nesta nova vida, que tem tudo pra ser melhor, pode acreditar 😉

    beijoca

    *desculpe o “livro”, empolguei 😉

  6. Não vou imediatamente, mas um dos planos lá em casa é nos mudarmos do Rio para Curitiba. Temos amigos e uma certa base por lá, o que tornaria a mudança menos traumática.

    Fico pensando é nas pequenas coisas em que nos amarramos e que deixam estas transformações muito mais difíceis: proximidade da família e dos amigos, por exemplo, é uma desculpa clássica para postergar a decisão.

    Mas acho que seria legal. Apesar de cidade “grande”, CTBA só chega nos problemas atuais do Rio daqui a uns 30 anos, se chegar.

    E ainda dá pra pensar em morar numa casinha tranqüila… 😉

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