ponto-e-vírgula

eu gosto do fato da internet ter dado possibilidade pra todo mundo dizer o que quer, quando quer e como quer. gosto também de poder encontrar informação sobre quase qualquer assunto – menos sobre poços de alcatrão, tem muito pouco sobre isso disponível, vou ter que consultar uma biblioteca! 🙂

mas tem uma parte dessa enorme possibilidade que é sacal – o monte de zé mané que acha que entende de todos os assuntos e escreve como se fosse especialista. o mundo dos livros também tem seus zé manés, mas o volume é menor e é preciso gastar dinheiro pra lê-los, tornando o processo de consumo mais criterioso. o volume de “especialistas” dando opinião aparentemente profissional na internet é incrível. há que se ter cuidado pra não cair nessa armadilha e sair repetindo bobagem que sai dos dedos nervosos dos tolos-cibernéticos.

mais que nunca aplico as dicas de como ler bem que fui colecionando com o tempo.

e não pensem que não gosto de opinião pura e simples – eu adoro! o que não gosto é de opinião disfarçada de teoria ou de fato. isso irrita a pesquisadora dentro de mim profundamente.

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acho, significando essa é minha opinião baseada em percepção, que as pessoas não lêem mais com o intuito de pesquisar, entender teorias e criar perspectiva. o google se transformou em fonte única de conhecimento, no formato de textos curtos e mal escritos ou posts de blogs. misturado, é claro, a textos realmente úteis e com conteúdo confiável. como diferenciar é que são elas, assunto antigo no mundo das teorias de informação.

procurando sobre como a internet influencia os estudos, achei um mini-artigo legal sobre pesquisa na internet x pesquisa em livros – não é profundo mas serve para pensar.

há uma horda de pessoas escrevendo por aí sobre assuntos, digamos, sérios, sem nenhum tipo de pesquisa por trás, sem base de apoio (sem a qual não existe reflexão de fato), é pura e simplesmente “eu acho” disfarçado de teoria. e o pior de tudo, pra mim, é que não é por preguiça ou falta de informação que as idéias são lançadas na rede sem qualquer tipo de lastro, é por arrogância pura. porque os “autores” acham que a informação superficial e em pílulas encontrada nos mecanismos de busca é suficiente para sair discutindo quaisquer assuntos, tais gênios acham que são fontes de idéias e teorias que brotam milagrosamente graças às profundas leituras de reader’s digest (ou equivalente) no banheiro.

a leitura (le-n-ta!) de breve história de quase tudo tem me feito pensar muito nisso – no quanto todas as grandes revoluções científicas são, sempre, resultado de tudo o que os pensadores e cientistas das gerações anteriores deixaram de legado. não há invenção ou descoberta que não seja resultante de passos dados por outros. isso é, aliás, a essência da evolução humana – somos capazes de transmitir conhecimento e subir degraus, ao invés de começar sempre do zero.

penso, e não é de hoje, que o acesso a tal quantidade de informação (geralmente rasa) nos torna arrogantes demais, a ponto de entornar o caldo. graças às facilidades da internet, não é mais preciso pesquisar, ler em profundidade, analisar, criticar e concluir. ficamos preguiçosos e metidos. tou cansada de ver marmanjos fazendo leitura dinâmica de textos vabagundos, concluindo porcamente e usando links pra confirmar suas “geniais” conclusões. e os infelizes que ainda se preocupam com algum rigor científico e intelectual são taxados de “atrasados” ou pedantes. diante desse cenário, sinceramente me preocupa como nosso legado científico e intelectual vai ser perpetuado.

a “nova geração” pode ser mais esperta e conseguir fazer algumas coisas mais rapidamente graças ao domínio das ferramentas, mas não é necessariamente mais inteligente. talvez se virem bem pra ganhar dinheiro e manter funcionando a máquina de consumo, mas tenho cá minhas dúvidas se continuaremos a evoluir do ponto de vista científico. quantos humanos da nova geração se interessam pelas ciências, puras ou aplicadas? me parece que o mundo se transformou num mar de administradores e marketeiros, com uma porção de geeks úteis, pra manter os servidores no ar.

o darwin da nossa era é, sei lá, bill gates?! tenho medo.

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tenho estado introspectiva e pensativa nos últimos meses, procurando entender o que de fato tem valor pra mim, o que me interessa. segundo o meu trânsito do personare, é assim que será meu ano, regido por touro.

os astros me ajudam a confirmar o que eu já tinha percebido, então deixo um aviso aos navegantes – talvez esse não seja um ano de muita diversão e festividade neste blog. quem caminhar comigo vai ficar às vezes de saco cheio de tanto questionamento (sobre mim mesma, sobre a vida, sobre os outros); quem gosta do oba-oba que sempre me foi tão característico… sorry. fica pro ano que vem 🙂

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é possível que eu diminua o ritmo dos posts. mas o email tá sempre aberto, pra quem quiser bater papo sobre qualquer assunto. opiniões me interessam.

0 comments to “ponto-e-vírgula”
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  1. Zel, eu concordo com vc, em partes.

    Eu mesma sou a própria “sei de tudo um pouco, mas não sei muito sobre nada” , eheheh. Mas levo isso na boa. Qdo leio um blog, sei lá, eu leio mais por simpatizar ou me identificar de algum modo com o autor…não presto muita atenção na exatidão dos termos, nem tomo nada como verddae, só como opinião. Isso, claro, quando estou zapeando pela net pra me divertir. Qdo faço trabalhos (de serviço ou cursos) acho temerário pegar informação na net, sem uma pesquisa criteriosa…justamente pelo que vc disse…as informações são rasas…

    beijos!

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