Pedra que não rola cria limo

Vocês já deviam ter acostumado, vá. Quando foi que minha vida foi tranquila e sem eventos? (Nunca)

Há quase 9 anos decidimos sair de SP e vir morar no interior, levar uma vida diferente; há 7 anos decidimos ser pais; há 4 anos decidimos comprar um terreno e construir nossa casa; há menos de 2 anos construímos essa casa e nos mudamos pra ela. Vocês todos acompanharam o processo, viram as fotos, um sonho e ideias se tornando realidade.
Há 1 ano percebemos que aquela casa linda, que ficou do jeito que sonhamos, não estava sendo uma boa opção de vida pra nós. Por um motivo: pra terminá-la do jeito que queríamos, gastamos muito mais do que o planejado. Nossa renda atual permitiu fazer essa ginástica, e terminamos a casa todinha, linda, mas financiamos mais do que planejávamos.
Podemos pagar? Podemos. Queremos gastar boa parte da nossa renda pra pagar por uma linda casa, abrindo mão de outras coisas? Essa é a pergunta de um milhão.
Teríamos que ficar anos nos empenhando basicamente em pagar por esta casa. Nos deparamos com uma escolha importante: investir um dinheirão numa casa (linda e que vai valer cada ano mais, um investimento pro futuro) ou gastar um dinheirão com o que a gente quiser, aqui e agora?
Queremos viver aqui e agora.
Vendendo essa casa, compramos outra perfeitamente boa e podemos voltar a investir no presente, então a escolha ficou simples: o presente tranquilo é mais importante que qualquer promessa de futuro valorizado.
Pois vendemos nossa casa de sonho. A mudança já está marcada, e nosso último dia aqui na casa azul é sexta-feira. As pitangas estão crescendo, as jabuticabas amadurecendo e as plantas estão felizes com a primavera, alheias às mudanças todas.
Nós estamos felizes: voltamos a ser livres a partir de sexta. Porque investir em propriedades hoje pensando no futuro é uma forma de se aprisionar, e limitar escolhas. Preferimos investir menos do nosso dinheiro em uma casa e mais em nós mesmos, nas nossas experiências de vida. Viajar, conhecer, experimentar. É com isso que queremos gastar nosso dinheiro.
E se o dinheiro acabar (e se pararmos de trabalhar, por querer ou sem querer?) adequamos os gastos. Quem não tem dívida não tem tanto pra se preocupar. Algum dinheiro sempre se ganha.
Nos próximos 3 meses estaremos nômades, até fechar a nova casa — com menos área construída e mais quintal, quiçá. Nômades e leves, soltos, e mais felizes.
Desapego, amigos, é bem mais que se desfazer de bens materiais de que não precisamos ou queremos; é saber que coisas vêm e vão, e a gente permanece. Que não são as coisas que temos que nos definem.
Acho que a próxima casa será melhor, porque terá sido uma escolha no sentido de ser mais leve e mais livre. E com mais espaço pra horta 🙂
Agora é enfrentar a mudança, desejem-nos sorte 😀

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