cadê o bebê?

essa semana faz 1 ano que meu pequenino pixel foi embora. eu sinto falta dele quase todo dia, foi a criatura que mais amei nessa vida. ele me ensinou muito sobre ferrets, sobre ter animais de estimação (ele foi o primeiro animal de estimação meu) e principalmente sobre amor puro e fé.

meu pai me disse, quando eu era ainda criança, pra nunca confiar em quem não gosta de animais — eu não confio. por pior que uma pessoa possa ser ou parecer, se houver uma parte dela que é capaz de amar um ser que não verbaliza seu amor, há esperança, há alguma parte que se salva nela.

essas criaturas adoráveis que são os ferrets nos ensinam mais uma coisa que a convivência com outros animais nem sempre ensina: como é fácil ser feliz de forma simples e sem estabelecer uma relação de amor baseada na dependência. eles são, por natureza, seres felizes e afetivamente independentes de nós. pra alguns isso pode ser incômodo (como ele pode ser feliz independente de mim?), mas eu aprendi a dar e receber amor sem necessariamente haver dependência, isso é libertador. eu os amo mesmo que eles não saibam ou não percebam, não tem problema. e eles me amam do seu jeito furão de ser (que significa às vezes uma mordida bem doída no dedão do pé 🙂

o bebê tá em algum lugar gostoso, com o outro pequeno que se foi há mais tempo. tenho certeza que estão felizes, brincando de cocodrilo e roubando pés de meia (é pra terra dos furões que elas vão quando somem, fal :))

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  1. Lindo o ferret e entendo a dor. No entanto não consigo parar de pensar no quanto talvez vc sublime o seu amor, afinal vc matou o seu próprio filho. Se alguém matasse um ferret ou um bicho com a justificativa de que ele incomoda ou é “apenas um bicho”, vc ficaria revoltada. Mas a justificativa de “não quero e vai atrapalhar a minha vida” parece ser suficiente para matar o próprio filho. Pense nisso… Ou não pense, continue a acreditar q está tudo bem.

  2. caro anônimo/a:

    em primeiro lugar eu sequer devia estar respondendo a uma “entidade”, pois você não dá seu nome nem email, só dá um pitaco sem contexto. mas resolvi responder porque os 2 assuntos citados me interessam e fica um registro aqui pra quem quiser ler.

    sobre o amor aos animais: que caminho torto foi esse que você fez entre a perda de um animal de estimação e um aborto? as duas coisas não têm absolutamente nada a ver, pelo amor de deus, que lógica distorcida! só mesmo alguém que nunca amou um animal de estimação pode confundir as coisas dessa forma. você não devia falar sobre o que não conhece.

    quanto à questão do aborto: sua opinião poderia fazer sentido se partíssemos da premissa que um feto é a mesma coisa que um filho, e isso é questão de opinião, crença e outras coisas mais. eu tenho várias opiniões sobre esse assunto, mas não vou discuti-las com alguém que sequer tem coragem de assinar o próprio nome quando dá uma opinião tão leviana.

    deixe aí seu nome e seu contato e falemos sobre o assunto como adultos, ele me interessa.

    abraço!

  3. Zel,

    Peço perdão pela anonimidade, mas sendo uma leitora “anônima” do seu blog q nunca se manifesta – vc não me conhece – eu não pensei que vc fosse desconsiderar a opinião por causa disso.

    Meu nome é Cecília, tenho 42 anos e uma filha de 19. Minha filha foi o motivo por eu ter escrito o comentário e lhe peço desculpas pelo mesmo. Nessa semana tivemos uma pequena tragédia: ela perdeu o bebê depois de três semanas de gravidez. Ela casou há um ano, é uma moça inteligente, independente, bonita… enfim… sou mãe coruja rs… Ela sempre foi muito maternal e queria mto esse filho. Estava tão mal por ela, vim desanuviar no seu blog q adoro aliás… e deu no que deu. Peço desculpas pelo comentário desconjuntado…

    Isso dito e meu pedido de desculpas feito, falo um pouco sobre o assunto: eu também amo animais, temos três cachorros lindos!!! Entendo a dor de quem perde um bichinho querido que dá amor do jeito que ele pode, é mto tocante. Eu disse, meio transtornada, q acho q vc “sublima” pq é uma pessoa mto amorosa, q ama os animais, mas q não viu nada de errado ao fazer o aborto. E eu tinha lido o seu post sobre aborto por acaso há duas semanas, poucos dias antes do aborto espontâneo da minha filha, e fiquei pensando… Vou falar de mim, tá?

    Antes de ter minha filha, eu engravidei de um namorado. Eu era nova, não queria, ele também não, e eu abortei. Não me senti mal nem nada no entanto fiquei com essa sensação esquisita… mas deixei pra lá, fui levando minha vida. Conheci meu marido, me apaixonei, casamos, tive minha filha. Nunca me senti mal sobre o aborto, mesmo depois de ter minha filha.

    Mas de repente o que aconteceu com ela fez voltar tudo, e por isso fiquei pensando no seguinte: não faz sentido para mim agora, pensar q é uma questão de “crença” no que é o feto, se é um bebê ou não, se pode ser considerado gente ou não…. Quando abortei, eu não considerava q estava abortando meu filho, claro – era só um feto, uma ‘coisinha’ se formando ali dentro q eu não queria. Minha filha perdeu o filho dela q ela amava desde sempre, desde antes de saber q estava grávida (ela queria muito engravidar) e ele tinha menos semanas de vida do que o que eu abortei.

    Então eu fiquei pensando: não faz sentido pensar q o que a mãe acredita apenas é o que determina ser certo ou errado, ou se é bebê ou se não é. Porque se for assim, o feto da minha filha é um bebê, pq ela acredita, e o meu não era, pq eu não acreditava… E isso não faz sentido, faz? Decidir algo dessa importância baseado em crença? É o que penso agora… Então decidi q para mim não faz sentido basear a decisão no que a mulher “acredita”, pq em 50% dos casos ela vai estar errada e pode estar matando sim um bebê, um ser humano, uma vida humana, algo q ninguém sabe precisar direito o que é ainda!!!

    Enfim, é o q penso hoje, depois do que aconteceu – eu nunca tinha pensado no assunto com profundidade antes.

    Desculpe qualquer coisa, eu realmente estava muito triste e transtornada qdo li seu post sobre o seu aborto e deu no q deu… fiquei pensando q o q aconteceu comigo todo o tempo depois é q eu sublimava o meu próprio aborto pensando q eu não tinha feito nada de errado…

    Saiba q adoro o seu blog.

    Um grande abraço,

    Cecília

  4. cecília, estou feliz que você voltou e colocou seu nome, de verdade. achei bem legal sua opinião, e acho que vale então falar mais um pouco sobre o que acho sobre esse assunto (aborto e sublimação).

    bem, eu sou 100% a favor de aborto provocado, porque parto da premissa que enquanto o ser não se forma como um ser humanozinho ele não é exatamente o que eu chamaria de humano, ele é ainda PARTE da mãe. é verdade que depois de uns meses fica difícil sustentar essa tese, mas sinceramente, até o fim do primeiro mês eu não considero aquilo um bebê (base científica zero, ok?). não acredito também em alma, acredito em células que se transformam em um ser e que depois de algum momento se transforma numa criatura consciente em algum nível e “independente” da mãe. como eu te disse: isso é sim questão de opinião (ou sentimento, se preferir); há pessoas que acreditam que não devemos sequer fazer controle de natalidade pois isso já é impedir os planos de deus para o nascimento de alguém. eu respeito, mas acho que ninguém melhor do que a dona do corpo para tomar essa decisão, isso não cabe a ninguém senão a ela.

    eu já abortei por minha conta e já abortei espontaneamente. nenhuma das duas coisas me incomodou, apesar de eu desejar ter filhos. não me senti matando ninguém e nem perdendo um bebê quando abortei sem querer. até pelos motivos que expliquei: pra mim só é um bebê depois de um certo tempo, e aproveito então pra falar um pouco de sublimação.

    desculpe a franqueza, mas acho que sua filha (como várias outras mulheres) é que sublimou esse desejo enorme de ser mãe quando ficou criando tamanhas expectativas com uma gestação que nem chegou aos 3 meses. é possível que eu esteja chutando errado, mas até onde sei, cerca de metade das gestações antes dos 3 meses não se concretiza, isso é normal. já bem dizia minha mãe, com sua experiência de mãe de 3 (e teve pelo menos 1 aborto, que eu saiba): espere pelo menos até o terceiro mês antes de sair alardeando e fazendo planos pra um bebê que ainda não fez nem 3 meses na barriga.

    já disse isso por aqui antes: me preocupa essa neurose em ser mãe, essa necessidade que se transforma em obsessão. a gravidez e a criação de um filho são coisas absolutamente desmistificadas pra mim, talvez porque tenha sido criada num ambiente onde o ciclo trepar, ficar grávida, parir, amamentar, criar filhos e deixá-los ir embora é simplesmente natural. nenhum glamour nisso tudo. tive uma gravidez interrompida? ok, normal, tentemos de novo.

    quanto aos animais, não digo que não há quem sublime carência ou desejo de ter filhos em animais de estimação, mas garanto pra você que não é meu caso, por vários motivos: eu sou bastante fértil (até demais. é genético), saudável, posso ter filhos mas preferi ainda não tê-los, é uma escolha. e tem mais: se eu demorar pra decidir e não puder mais ficar grávida, eu adoto. não tenho a menor necessidade de ter um filho “das minhas entranhas” (hehehehe), embora ache que a experiência seria interessante. e o amor que sinto por animais é bem diferente do amor que sinto por humanos, isso por si só já é argumento suficiente.

    de qualquer forma, desejo que sua filha fique grávida logo e que possa ter 1 ou mais filhos o quanto antes, se isso é importante pra ela. desejo também que ela possa relaxar e deixar a natureza seguir seu rumo. eu acredito que a natureza é sábia e sabe quando a gravidez deve ou não seguir adiante. assim como acredito que cada grávida sabe o que é melhor para si e para seu potencial filho.

    um beijo!

  5. Uia, um anônimo que volta, deixa o nome e discute de verdade definitivamente é diferente do padrão.

    Obrigado, Cecília, e desculpe as palavras brutas*, você não se encaixa mais no perfil para quem eu as dirigi.

    O mundo não está perdido, afinal! 😀

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