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jardim da infância, ano 1

October 29, 2013 · Leave a Comment

já faz 1 ano que o otto começou na escola, nem acredito. pra nós ainda é tudo novidade, e nem sempre ir e ficar lá são tranquilos, mas tenho certeza que essa atividade é importante pra ele.

hoje fomos à reunião periódica com a professora da turma, e foi muito legal aprender um pouco como sobre ele se comporta quando não estamos junto. algumas coisas são exatamente iguais — a tendência de observar muito antes de tentar qualquer atividade, preferência por brincadeiras com poucas crianças e sem muito barulho, a tranquilidade e educação ao falar com as pessoas e explicar o que quer e não quer, todo o jeitão analítico bem caraterístico dele.

mas nos surpreendemos com coisas que ele só faz na escola, como por exemplo perguntar se pode levantar da mesa, se pode começar a comer, se pode pegar coisas que não são dele (nunca fez isso em casa, quem me dera!). soubemos que ele gosta de contar histórias para os amiguinhos, mas que conta com suspense, entonação, do início até o fim, perfeitamente, ao ponto de causar espanto. e que uma das brincadeiras que ele mais gosta é cuidar das bonecas e dos amigos menores, com a maior atenção. nunca imaginamos!

a professora fez piada chamando ele de “pequeno imperador”, dizendo que ele sabe muito bem o que quer e o que não quer, e expressa isso verbalmente sem o menor problema. e que DIRIGE os outros, inclusive os adultos, pra fazer as coisas do jeito dele. a minha irmã diz que o menino já nasceu gerente, e ela tem toda razão 🙂

mas a coisa que mais gostamos de ouvir é que ele brinca e se diverte com as demais crianças em atividades conjuntas, diferente do que achávamos (ele nos parece sempre muito isolado quando encontramos com outras crianças). só que não é qualquer criança — ele gosta de algumas (sempre as mais calmas), e simplesmente sai da brincadeira quando começa a virar muvuca.

e, claro, o apetite incansável e disposição para experimentar comidas e bebidas novas é sempre assunto. disseram que atualmente o problema das crianças no almoço é a famigerada beterraba, que todos querem trocar por outra coisa. menos o otto, claro, que além de comer tudo ainda faz questão de afirmar na mesa “eu ADORO beterraba!”

<3

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diário do otto: 2 anos e 3 meses

December 5, 2012 · 4 Comments

otto,

tem sido mais difícil pra mim escrever mês a mês, porque agora tudo se mistura e já não lembro mais direito exatamente o que pertence a este mês. você nos surpreende diariamente com tiradas engraçadas, frases cada vez mais complexas e ideias curiosas vindas 100% da sua cabecinha 😀

todo dia tenho coisinhas novas pra contar sobre você. desconfio que essa sua fase de criança deve ser uma das mais divertidas. essa semana você cismou que se fala OTTO-borogodó (e morre de rir quando repete isso). também conheceu um amigo da mamãe que se chama hugo, como seu monstrinho de pano preferido, e ficou muito espantado com o nome, e repetia com olhos arregalados “ele chama HUGO, mamãe!”.

e você fala tão direitinho que dá gosto. “abre a rede pra eu balançar, vovó?” e 30seg depois “abre pra mim, vovó!”. (mas o ÍBULON eu não consigo corrigir, porque é fofo demais <3).

na escola está tudo bem, você gosta muito de ir e pergunta das tias e dos amigos E AMIGAS (aparentemente você não gostou dessa história de gênero masculino ser neutro no coletivo), embora às vezes fique grudento na hora de eu ir embora. na maior parte das vezes você fica bem, e até fala “TRABALHA, mamãe!”, me mandando embora 🙂 e você foi mordido pela 1a (e 2a…) vez na escola, o que nos deixou muito chateados, mas passou.

uma coisa que nos deixa muito felizes é que você é um menino carinhoso, que gosta de beijar, abraçar e ficar juntinho. nós adoramos! e por mais que eu reclame de ter que fazer você dormir todo dia (1 hora, 1 hora e meia…) e dormir com você na cama com muita frequência, tenho certeza que vou sentir falta quando você ficar independente e dormir na sua caminha. é gostoso abraçar você ou mesmo me ajeitar quando você resolve dormir EM CIMA de mim. o contato físico é uma das coisas que mais tenho gostado dessa história toda de ser mãe.

no geral você é uma criança educada, tranquila, obediente e muito divertida. não é montagem minha nas fotos — você está sorrindo sempre, fazendo graça e conversando com a gente. uma delícia de menino, que nos faz muito felizes!

sua alimentação agora é praticamente igual à nossa, que no geral é mesmo muito saudável. comemos em casa durante a semana, comida toda preparada aqui mesmo. muitos legumes, verduras, frutas, carne vermelha e branca, queijos, ovos (muitos ovos!) e peixes. nos fins de semana saímos para almoçar geralmente no domingo, e você se diverte bastante. já aprendeu a pedir comida pro garçom e não se faz de rogado: “moço, qué papá! uma shalada e batata fita!”. juro, é isso que você sempre pede. de vez em quando pede também carninha  ou farofa.

o sono mudou — você dorme agora a noite toda, mas nem sempre na sua cama. cansamos do esquema de fazer você dormir na sua cama, fazemos dormir na nossa cama, levamos pra sua e quando você acorda vem dormir comigo. seu pai foi expulso pro quarto de hóspedes, coitado. esperamos que essa fase não dure muito, mas francamente aceitamos qualquer arranjo que nos deixe finalmente dormir depois de 2 anos insones…

uma coisa que nos chama bastante a atenção é como você desenvolveu bastante nesse último mês a percepção sobre o funcionamento das coisas. aprendeu a abrir e fechar torneira, a embalagem de pomada (e agora alcança o interruptor, SOCORRO). entende o funcionamento das torneiras de água quente e fria (e identifica pelas letras…), diferencia esquerda e direita, entre muitas outras coisas. dia desses você pegou o garfo e falou “mindinho, seu vizinho, pai de todos, fura-bolo… (pausa) ele não tem mata-piolho!” 🙂

essa semana você teve estomatite pela primeira vez, algumas aftas apareceram na boca e você reclamou que “a língua incomoda, mamãe!”. seu pediatra avisou que podia ser vírus, e hoje você empipocou… mas fora isso, sua saúde é de ferro! fora o nariz meio travado quando muda o tempo (herança dos seus pais alérgicos), tudo muito bem.

uma coisa linda que aconteceu esse mês é que você começou a pedir pra que eu conte histórias sobre as pessoas. começou pedindo “conta a história do tio weno e da tia mawá po otto dumí?” e eu contei, claro. conto do meu jeito, com foco nas coisas que você conhece e talvez lembre…

“era uma vez o tio weno e a tia mawá que viraram palhaços! eles chamam frederico e cremilda, e quando se conheceram se adoraram tanto tanto que começaram a namorar…”

e você faz perguntas, e repete partes da história, é uma graça. até que essa semana você pediu “mamãe, conta a história do papai, da mamãe e do otto?” e seu pai (e eu também, ok) ficou todo emocionado.

agora a mamãe conta a nossa história toda noite no escuro antes de dormir, pra que um dia você se pergunte de onde vêm essas lembranças de antes de nascer, e de tão pequeno… e vou te contar, já bem maior, que grande parte das nossas lembranças de infância são memórias re-construídas, por mamães tagarelas e inventivas como eu.

nossos dias têm sido deliciosos, cheios de conversas e surpresas, pequenas coisas boas acontecendo todos os dias. e muito cansativos também, não vou mentir. trabalhar o dia todo + educar e brincar com você é bastante coisa pra uma mamãe quarentona só.

aqui estão as muitas fotos que tenho de você com 2 anos e 3 meses. cada dia mais lindo, e ainda loirão! achamos que você vai ter o cabelo do seu tio kito, que é castanho claro e fica loiro quando cresce.

um beijo cheio de amor da sua “mamãe zel” (e do “papai fer” também :)).

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diário do otto: 2 anos e 1+2 meses

November 5, 2012 · 2 Comments

otto,

bebê, esses 2 meses foram tão intensos e cheios de novidades que a mamãe não conseguiu escrever 2 posts, um para cada mês. tá tudo misturado e acumulado, como acho que será daqui pra diante.

você começou na escola, e contei aqui um pouco sobre seu primeiro dia. foi lindo e muito fofo, mas não durou. 10 dias depois, seu pai viajou a trabalho e você começou a dar trabalho para ficar na escola. ficou dengoso e muito grudento comigo, e reclamando de ir pra escola — “não góta da ecólinha!” virou seu mote. nos disseram que é normal, pois quando a novidade vira rotina, a maior parte das crianças já não quer mais mesmo ir. mas insistimos, e seu pai recomeçou sua adaptação… até que você pegou uma gripe e ficou bem caidinho. preferimos manter você em casa até melhorar, e foram mais 10 dias de molho (culminando com uma amigdalite bacteriana bem chata). e logo depois que você ficou doente a mamãe também adoeceu e precisou fazer uma cirurgia (retirada da vesícula), o que acabou causando mudanças e incômodos. mas 5 dias depois a mamãe estava ótima e tudo voltou ao normal — você voltou pra escola e a mamãe pro trabalho.

mas houve uma mudança enorme logo após sua gripe — você começou a dormir a noite toda, sem interrupção para mamar ou trocar fralda! graças ao seu nariz entupido, decidimos parar com o leite (que piora a secreção de muco) e ver o que acontecia, até porque você estava recusando leite quando percebia o que era. e funcionou! agora estamos tentando compensar o leite com queijo e iogurte, estamos progredindo.

você continua comendo bem, porém está numa fase muito chata de ser do contra pra tudo (inclusive pra comer), como contei nesse post. agora temos que deixar você fazer as coisas do seu jeito, ou não oferecer muitas opções, prs que você se sinta no controle da situação e decida sempre que possível. chega a ser muito engraçado, mas tem horas que realmente irrita, pois tudo demora mais e dá trabalho. mas vamos seguindo tentando rir e nos divertir com sua independência e ideiazinhas próprias.

seu vocabulário e articulação melhoraram muito! você continua falando pausadamente, e pensando bem antes de falar, mas cada vez melhor e mais certinho. você usa os tempos verbais corretamente na maior parte das vezes, os plurais, e entende bem alguns opostos (em cima/embaixo, quente/frio, fora/dentro, pesado/leve, etc.). já sabe os nomes de todos seus amiguinhos na escola, das professoras e volta falando sobre eles. “o que você fez hoje na escola, otto?” “brinquei com os amigos e as amigas!” 🙂

você agora é fã de gelatina e de pudim de pão, além das coisas que já gostava. ah, e sorvete de SOCOLÁTI também agrada sempre 🙂

agora vemos você mais comprido que gordinho, com os braços e pernas mais proporcionais, já se parece mesmo um menino e não um bebê. cada dia mais lindo, mais engraçado, interagindo com a gente, inventando brincadeiras (sua preferida atualmente é esconde-esconde, embora você só queira ser achado, e não se esconder :)) e falando coisas malucas da sua cabecinha. estamos amando essa fase, mais que todas as outras, e tenho certeza que teremos saudade dessa sua idade.

apesar de você estar se tornando um menino, e se comportar como um mini-adulto, ainda é meu bebê e dorme abraçadinho, pede colo e procura a mamãe quando está com medo, triste ou quer um beijo. é impossível não ficar besta de paixão e amar você mais e mais a cada dia.

por mais que seja difícil e chata essa sua fase de dizer não pra tudo e querer fazer tudo sozinho, é motivo também de muito orgulho e alegria perceber você entendendo que é um indivíduo e procurando seu espaço. tudo o que mais quero é que você seja um menino (e um adulto) feliz, independente, dono do seu nariz. que saiba que pode contar conosco sempre, mas que também saiba que queremos que você encontre seu caminho, sua forma de viver.

aqui tem fotos dos seus 25 meses, e aqui dos 26 meses. divirta-se, meu amor!

te amo muito, um beijo da mamãe.

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o 1o dia na escola

September 24, 2012 · 15 Comments

decidimos desde que o otto nasceu que ele ficaria em casa, com a babá, até completar 2 anos. a decisão foi tomada junto com o pediatra, que nos aconselhou a evitar escola antes dessa idade principalmente porque o sistema imunológico do bebê não está completamente desenvolvido até os 24 meses e a incidência de doenças é muito grande, dando um trabalho danado para os pais (lembre que a maior parte das escolas e creches não aceitam crianças doentes, elas precisam ficar em casa quando estão com febre, por exemplo).

mas só pra esclarecer: nós somos adeptos da filosofia de que a exposição aos germes é importante para a saúde, deixamos o menino lamber o chão, beijar o cachorro, comer terra, enfim. nossa decisão tinha mais a ver com comodidade que qualquer outra coisa.

além disso, a maior parte das crianças toma iniciativas de socialização com outras crianças por volta de 2 anos somente. antes disso, elas brincam fisicamente juntas, mas cada uma no seu próprio mundinho, sem de fato socializar. ou seja — ele não estaria perdendo muita coisa nesse aspecto.

chegando perto dos 2 anos, percebemos que o otto começou a se interessar mais por outras crianças, e principalmente que estava ficando mimado demais (tudo é dele, não aceita ser contrariado, etc,.). sabemos que faz parte da idade, e sendo filho único fica complicado não dar atenção excessiva e mimar. mas ficar o dia todo com uma babá que é praticamente avó dele (faz tudo que ele quer e mais um pouco) estava nos preocupando. somos bastante rígidos com ele (ou pelo menos tentamos!) e temos horror de crianças mimadas. colocá-lo na escola logo que completasse 2 anos era essencial pra nós.

depois de uma pequena pesquisa na cidade (moramos em vinhedo), optamos por uma escola waldorf. vimos opções construtivistas também, que achamos interessantes, mas além da abordagem pedagógica (da qual falo daqui a pouco), o que mais nos encantou na escola que escolhemos foi o espaço físico, com poucas crianças e o menu de almoço. a escola é uma pequena chácara, com 2 turmas somente (maternal e jardim) e 1/2 período. muito espaço verde, todos os brinquedos de madeira e pano (materiais naturais) e um cardápio orgânico muito próximo da forma como alimentamos o otto em casa até o momento: nada industrializado no dia a dia, sem temperos excessivos, sem açúcar e doces. muitas frutas, comidas preparadas em casa.

novamente, não somos radicais-odara. o otto come pipoca, feijoada, bolo, chocolate, já comeu salsicha e linguiça, mortadela, enfim. mas nada disso é regra, é sempre exceção. no dia a dia, ele come arroz, feijão, proteínas variadas na semana (frango e ovo só orgânico), verduras e legumes orgânicos na sua maoria (quando não tem também não estressamos, come o que tem), sem sal e sem açúcar, pouco tempero, muitas frutas e de vez em quando bolo simples feito em casa. ele não come “sobremesa”, somente frutas depois das refeições, não come frituras e nem embutidos. suco só damos de laranja natural (feito na hora) e de uva orgânico (ele nem gosta tanto assim de suco, na verdade). mas quando comemos fora damos batata frita, bolo. o que nunca demos e não pretendemos dar antes que ele seja bem maior é refrigerante (tratamos como bebida alcoólica — é de adulto e ponto final) e balas/pirulitos. de resto, é isso: fazemos o melhor no dia a dia, e concedemos exceções sem problema.

voltando à escola: a alimentação segue os mesmos princípios que nós seguimos, com a vantagem de colocá-lo pra comer na mesa, junto aos coleguinhas (seja o que zeus quiser quando ele começar a almoçar lá… a bagunça vai ser épica). uma das coisas que nos animou quanto ao sistema waldorf foi que eles não têm “aulas” para crianças até os 6 anos completos. eles não ensinam letras, números, absolutamente nada que se pareça com alfabetização ou coisa assim. as crianças aprendem atividades manuais e criativas somente, são livres para brincar e desenvolver outras habilidades tais como pintar, cantar, tocar instrumentos, desenhar e até cozinhar.

quem tem a expectativa de ver seu prodígio fazendo contas e lendo antes dos 7 anos não deve ficar muito contente com a abordagem, mas pra nós ela pareceu perfeita. somos muito mentais, eu e o fer. fomos alfabetizados muito cedo, somos ambos excelentes em matemática e sempre estivemos entre os primeiros das nossas turmas. valorizamos bastante o intelecto, e exatamente por isso achamos que precisamos balancear de alguma forma esse nosso modus operandi inconsciente para com nosso filho. é natural que o otto aos 2 anos conte até 40 (e aumentando a cada semana…) e já saiba todas as letras do alfabeto. isso aconteceu sem que a gente percebesse, mas certamente tem influência nossa, mesmo que inconsciente.

sabemos que nosso filho não é um gênio (esses são gênios, vejam os números 8 e 9. o número 8 aos 2 anos fazia operações algébricas…), ele simplesmente responde ao ambiente em que vive. queremos que ele tenha oportunidade também de ser exposto e experimentar coisas que nós não oferecemos de forma natural (aquarela, e outras atividades criativas) simplesmente porque somos quem somos. nós vamos querer ensinar o otto a andar de bicicleta, plantar, cozinhar, ver filmes, ler livros e gibis, fazer contas e jogar jogos. são as coisas que nós gostamos de fazer, nossa zona de conforto.

não sabemos ainda se essa pedagogia vai nos deixar confortáveis depois dos 6 anos. pretendemos visitar as opções de escolas waldorf na região para crianças maiores, e então decidir. mas por enquanto estamos confiantes que essa é a melhor opção pra ele, que já se mostra um menino bastante organizado e um tanto perfeccionista (impressionante como isso já se manifesta aos 2 anos!).

**

é claro que estávamos tensos com sua primeira experiência na escola. ele sempre foi muito mimado e protegido, não só por ser filho único mas porque nasceu numa circunstância muito preocupante. ainda há o fantasma de possíveis seqüelas do parto (por mais que os pediatras que consultamos tenham nos assegurado que tudo está indo muito bem), qualquer bobagem que todo mundo diz que é normal, como ele começar a falar somente aos 20 meses, nos preocupa.

e existem as outras crianças do mundo, aquelas que podem morder, bater ou simplesmente chatear nosso filhinho querido. ele vai chorar? vai sofrer? como podemos poupá-lo, afinal?

não sou uma mãe diferente das outras, é claro que me preocupo com meu filho. mataria e morreria por ele. mas quando me comparo ao pai dele, percebo que não sou superprotetora, e que desejo com certa ansiedade que ele comece a enfrentar dificuldades típicas de tornar-se um ser humano: confrontar diferenças, lidar com a frustração, aprender a dividir, aprender a defender-se, entender que o mundo não gira em torno dele, aprender a negociar e lidar com o outro.

por mais que eu vá sofrer quando ele sofrer (é inevitável. não é possível ser mãe e não se doer pela dor do seu filho), estou absolutamente certa que enfrentar frustrações e dificuldades o quanto antes fará dele um adulto melhor, vai ajudá-lo a lidar melhor com as adversidades para o resto da vida. minha missão como mãe é prepará-lo para ser um adulto independente, que sabe ultrapassar obstáculos porque tem confiança em si mesmo e sabe que é sempre possível tentar de novo, mudar, adaptar-se. se conseguir isso, considero minha missão como mãe e educadora cumprida.

e parte dessa missão é deixá-lo responder do jeito dele às barreiras e desafios. orientando e acolhendo, sempre, mas sem sufocá-lo ou protegê-lo da realidade.

e foi com esse espírito que no 5o dia da adaptação na escolinha eu coloquei ele no chão, ajeitei a mochilinha nas suas costinhas pequenas e deixei andar SHOJINHO (sozinho, como ele pediu, e eu respeitei) até sua professora. lá dentro, eu o convenci a guardar a mochila e entrar na sala (ele queria ir para o quintal, claro), avisei que iria trabalhar e que ele ficaria lá com os amiguinhos e as professoras. e ele me deu um beijo contrariado (não por eu ir embora, mas por ele não poder ir para onde queria) e saiu andando, sem nem olhar pra trás.

tive tanto orgulho dele! e tive orgulho também de mim, porque não sofri nem um pouco e fui muito feliz naqueles instantes de demonstração da independência dele. tive toda a certeza de que sou e serei uma boa mãe, que não sufocarei meu filho e nem terei crises de depressão no dia em que ele for viver sua vida independente da minha.

foi só um instante, um beijo e um tchau, mas foi também a projeção de um futuro possível e totalmente coerente com tudo que acredito. que ser mãe não é padecer no paraíso, nem sofrer. ser mãe é contribuir para um mundo melhor através da criação de pessoas cada vez melhores, mais felizes, confiantes e independentes.

vá ser feliz, chorar, sofrer e descobrir as maravilhas do mundo, meu filho querido. não estarei sempre do seu lado fisicamente, mas estarei sempre junto cada vez que você virar as costas e andar sem mim, pois minha missão foi muito bem cumprida se você simplesmente souber que é capaz de tudo que quiser.

PS 1: a propósito, hoje cedo deixei ele de novo na escolinha e fui embora (desta vez ele fica a manhã toda). novamente ele fez questão de usar a mochila ele mesmo, mas me deu a mão para entrar. entrou sozinho, me deixou ajudar com a mochila e me deu um beijão e um sorriso de tchau, antes de ir cuidar da sua vidinha.

PS 2: ele agora não pode entrar no carro que quer ir para a “ecolinha”. voltou ontem da escola sorrindo e repetindo o caminho todo “tá feliz! tá feliz!”. como não ser feliz junto?

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