fabricando

o poder do verbo

July 11, 2012 · 2 Comments

o menino já se comunicava com a gente antes de falar, é verdade. mas é muito mágico expressar-se verbalmente, além de ser muito interessante observar como revelamos nossa personalidade através da fala. estou lendo um livro muito interessante sobre o desenvolvimento neural de bebês e crianças (coloco link depois) que explica como a linguagem estruturada é uma característica da nossa espécie e que, salvo exceções, todos nós dominamos a linguagem em algum momento, pois nosso cérebro já vem preparado pra isso.

depois de mais ou menos 1 mês de iniciar o processo de falar, o otto ensaia conexões entre as palavras e o uso de palavras fora do contexto óbvio. essa mudança é espantosa, apesar de sutil.

pra quem nunca acompanhou o desenvolvimento da fala de um humano, eu explico o quanto é interessante esse processo:  tudo começa com uso de palavras soltas, repetições de palavras que outras pessoas falam ou objetos/pessoas tangíveis, ou seja — tudo muito primitivo. mamã, água, au-au, pé. aos poucos se percebe a inserção de elementos mais subjetivos na fala, e a apropriação de verbos, mesmo que sem conexão com outras palavras. esse salto é incrível, pois a criança deixa de simplesmente repetir palavras ou verbalizar algo tangível e passa a expressar ideias próprias (“aúma” a bagunça), memórias (ouve uma música e lembra da “vovó vera”) e conceitos abstratos (“fuzí”, ameaçando sair correndo pra fugir da hora de dormir).

suponho que o próximo passo seja conectar o que é concreto com verbos, ideias, pessoas, e começar a formar frases complexas. ele começou a formar microfrases, em geral dando ordens (o imperativo definitivamente é o tempo verbal preferido dos bebês!): “aía, fêm!” (chamando com as mãozinhas)

já não consigo mais contar todas as palavras que ele fala, e nem me interessa a quantidade, pois agora finalmente é possível entender — através da expressão verbal, mesmo que truncada — os caminhos sinápticos do menino. agora é simplesmente uma questão de exercício fonético, estabelecimento de conexões e repertório.

o que me espanta neste momento é, diante da limitação do aprendizado tão ainda incipiente, a capacidade de flexionar verbos corretamente. ele ordena “apaga”, e quando apagamos, diz “apagou”; mas quando é ele quem apaga, diz “apaguei”. chega ao cúmulo de usar corretamente o verbo fazer. “otto, fez cocô?” e ele responde “fiz!”. outro dia vui a tia saindo de fininho (fugindo dele) e falou “fuzindo!”

não é que ele não erre as palavras, e confunda tudo (como achar que “eu” designa o outro, já que todos se referem a si mesmos como “eu”), mas muito frequentemente ele usa os verbos corretamente. mas confunde letras, e às vezes me parece que modifica certas palavras simplesmente porque acha legal — piábo, bocóli (ele já falou direitinho “quiabo” e “brócoli”).

a verdade é que é tão bonitinho ver as palavras sendo ditas do jeito todo especial daquele bebê que acabamos incentivando o erro, eu sei.

ele agora conta direitinho até quinze (mas sempre pula o DOZE), e está ensaiando mostrar os dedos quando conta. aprendeu algumas cores, mas não sabe o que é COR. ele pega o giz vermelho e diz “vemêlho”, “amarelo”, mas se perguntamos “que cor é essa?”, nos olha espantado com cara de ué, e pede o “maôm” pra rabiscar alguma coisa.

ele identifica as figuras geométricas mais simples (e que fazem parte dos brinquedos dele de encaixar), “tiângulo”, “qadádo” e “bola”. pede pra desenhar tudo: as figuras, “úa” e “estêla, estelinhaaaa”, vários bichos, e manda a gente fazer tudo. “aúma”, “ímpa”, “ábi”, “fecha”, “fêm”, “anda”, “cóe” (corre), etc.

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contando sozinho!

July 11, 2012 · Leave a Comment

o vocabulário do otto vem se expandindo, semana a semana, e com 1 ano e 9 meses ele ainda não formava frases mas já explorava bastante as palavras.

coruja e caramujo são UUÚ; gá-tô; au-au; am-bá (saruê); o morcego é IR, graças ao morcego moacir de pelúcia; rato-pato (que é um personagem da história de dormir) é ATO-PÁ; pa-tô; co-có; ovelhinha é BÉ-É-É; o único animal ele fala PERFEITO é águia.

muitas das explorações de vocabulário dele têm a ver com pessoas, e — FINALMENTE! — neste mês ele começou a falar direitinho mamãe, mãe e MAMI! <3

além de aía, que é a maria, a babá, e pau que é a tia paula, ele fala artá (marta, que ajuda com a limpeza da casa), vovó véa, vovó lu, tia, pé-go (prego, o jardineiro que ele ama) e kito (tio). os verbos aparecem aqui e ali, mas sempre e principalmente qué (quer), ábi (abre), papá (comer ou comida), naná (dormir), mamá (mamar). e tem chulé, janjão (o camaleão de brincar no banho), ága (água), aqui (sempre apontando, pra dizer exatamente ONDE), úa (rua) e uá (lua), EU (que muitas vezes significa outra pessoa :D ), ábo (rabo, seja de bicho seja de cabelo).

a fofura maior é ele chamando a si mesmo de otto, apontando pra barriguinha! “quem tá fazendo bagunça?” “OTTO!”, aponta.

não sei se isso é comum nesta idade, não convivemos muito com crianças, mas ficamos impressionados porque ele aprendeu a contar e falar os números, “sozinho” (sabemos que ele aprendeu com alguém, mas não teve intenção da nossa parte tipo “vamos ensinar o menino a contar”). ele mostra os dedinhos quando conta (uuum — 1 dedinho; dôsh — 2 dedinhos com o maior esforço). o tês e cáto ele fala e não faz dedinhos. mas conta “uuum, dôsh IIIII XÁ!” (1, 2 e já), e se joga, enfim, faz alguma ação depois do JÁ 😉

no meio das brincadeiras ele viu 2 gatinhos no livro e disse: “ga-tô. uuum, dôsh!” e mostrou 2 dedinhos! e logo depois mostrou a mãozinha (“uuum”), a outra mão (“ooô” — outra) e mostrou 2 dedinhos (“dôsh!”). mesmo sem nossa intenção de ensinar a contar, ele entendeu como funciona e achou legal :)

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torneirinha de asneiras

July 11, 2012 · Leave a Comment

depois de meses de apreensão e aquela sensação de “será que tem algo de errado com meu filho”? o otto começou a falar. relendo os diários mensais dele, acho que ele começou bem antes, mas graças às nossas expectativas irreais sempre achamos que ele ainda não falava.

independente de quando foi a primeira palavra de verdade, foi com 1 ano e 7 meses e 3 semanas que ele finalmente ofereceu 1 palavra voluntariamente, “pé”, e daí passou a tentar realmente se comunicar com palavras. vamos daí.

criei essa categoria tagarela na tentativa de registrar a fofura que é essa fase da descoberta da linguagem. sei que essa fala ainda vai ficar muito mais divertida e complexa, mas essas primeiras semanas de palavras e experimentos verbais são incríveis, além de muito divertidos.

é possível que haja momentos mais fofos, mas confesso que por enquanto essa é a fase que achei mais linda do otto!

**

suas primeiras palavrinhas na fase tagarela: pé (é pé mesmo e ipad também), mão (o ã é super engraçado!), chão (muito frequente, quando quer que a gente deixe ele solto andando), có (colo), tetê (chupeta), pão, papai, tia, pau (paula), aía (maria), qué, não, roXão (rojão), dirigí (adora sentar no banco do motorista no colo do papai quando estacionamos na frente de casa!), xixi, cocô, pum, pepé (papel), iX (lixo), papá, fofô (vovô), ogr (ogro).

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